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Produtos ainda existem no mercado, mas os preços estão altos

Divulgação

O medo deflagrado pela pandemia do Covid-19 gerou uma corrida aos supermercados de Manaus, nas últimas semanas. O impulso de comprar itens básicos para enfrentar uma crise que ninguém arrisca dizer quando vai durar, trouxe também o fantasma do desabastecimento e da escalada inflacionária, especialmente no Amazonas, que importa a maior parte dos alimentos que consome.

Para o superintendente regional da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Serafim Taveira, o risco de desabastecimento depende do grau da interferência das ações adotadas em cada Estado nas atividades e, principalmente, do desenvolvimento da própria pandemia e seu impacta no grau das ações de isolamento adotadas. 

O dirigente pondera que, a despeito das limitações no transporte de passageiros, as cargas mantêm seu fluxo, mas o Amazonas deve estar atento às medidas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre possíveis restrições, já que recebe alguns produtos pelo modal aéreo. O Estado é abastecido também via modal fluvial, por Pará e Rondônia, onde as atividades seguem em ritmo normal até o momento, conforme Taveira. 

Isso não impediu, no entanto, que determinados alimentos muito demandados pelos amazonenses, a exemplo de ovos e hortifrutigranjeiros não típicos da região, estejam entre os itens com maior potencial para registrar algum tipo de desequilíbrio entre oferta e demanda – e com escalada de preços que já se faz sentir. 

“Até o momento, não há desabastecimento, e isso decorre pelo fato dos nossos estoques de segurança locais já terem uma situação diferenciada em virtude do próprio afastamento geográfico. Porém, oscilações de preço tendem a ocorrer no futuro, uma vez que a demanda também tem se intensificado. Mas, serão pontuais e a tendência é que se resolvam, assim que o problema do coronavírus esteja sob controle”, ressaltou, ao Jornal do Commercio.

Preço da ração

O superintendente da Conab-AM destaca que, além da tendência de aumento do estoque domiciliar, é preciso levar em consideração que houve reajustes em produtos utilizados na ração animal, entre eles milho e soja, o que contribuiu para o encarecimento de produtos frigorificados de proteína animal, dado que o abastecimento de frango e carne no Amazonas é dependente da produção de outros Estados.

“Esses fatores combinados, podem levar a um desabastecimento momentâneo de determinado produto, ou aumento nos preços comercializados, que também será sazonal. Neste período, ovos, álcool líquido, álcool em gel, máscaras figuram entre os principais itens consumidos pela população. Os hotifrutis, em especial aqueles que não são produzidos no estado, podem apresentar algum impacto ao consumidor local. 

Os números mais recentes do IBGE mostram que a quantidade de galinhas poedeiras (1.842 milhão) no Amazonas encolheu 2,3% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2019, o que não impediu que a produção de ovos (11.600 dúzias) avançasse 1,7% – embora tenha empatado na variação anual. Na virada trimestral, houve redução de 0,8% na produção de carne bovina (41.913 cabeças de gado) e de 1,1% no abate de suínos (1.990).

Milho e soja, por outro lado, estão entre os grãos com produção crescente no Amazonas, conforme a própria Conab, a despeito de boa parte da produção não ficar por aqui. Em sua revisão de março, a estimativa da estatal para a única safra amazonense de milho é de alta de 3,3%, com 28,4 mil toneladas. No que se refere à soja, a projeção é que a produção repita a performance de 2018/2019 (5.300 toneladas).

Estoque reforçado

Serafim Taveira ressalta que as Centrais de Abastecimentos do país continuam em funcionamento, respeitando as orientações do Ministério da Saúde e adotando medidas para garantir a segurança de fornecedores e consumidores no combate ao coronavírus. Acrescenta ainda que o trabalho segue a diretriz do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parcerias com empresas vinculadas à Conab, entre outras, no sentido de garantir o abastecimento a partir do acompanhamento diário das diversas situações encontradas no país.

“No caso específico da Conab, há um estoque próximo de 2.000 toneladas no Amazonas e, a desde quinta [8] estão sendo desembarcadas outras 500 toneladas do cereal na unidade armazenadora da Companhia em Manaus. Com isso, o estoque para o Estado deve ficar próximo a 2.500 toneladas do grão para atendimento a pequenos criadores amazonenses”, tranquilizou.

As operações do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), prossegue Taveira, não foram suspensas e as doações ao Banco de Alimentos do Programa Mesa Brasil do Sesc (Serviço Social do Comércio) seguem normalmente, assim como as entregas às unidades do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e mecanismos ligados à rede socioassistencial do Estado e municípios. “No âmbito da Conab, foi estabelecida a prorrogação dos projetos do PAA, que venceram a partir de dezembro e psossuem saldo, até os que irão vencer em junho”, completou.

Pacote estadual

O representante da Conab lembra também que o governo do Amazonas anunciou um pacote de ações de R$ 25 milhões para o período que se inicia com a Semana Santa. As ações de crédito, fomento a comercialização, ao abastecimento e assistência técnica rural envolvem ao menos três secretarias, além de órgãos e empresas públicas, em uma ação emergencial que envolve os setores primário e socioassistencial.

“O alcance é amplo e pode gerar um alívio ao produtor rural e a algumas famílias impactadas pelo contexto de Covid-19. Uma das ações anunciadas pela Afeam está voltada para a questão parcelamento de débitos, incidência de juros e o apoio ao crédito rural, que poderá estar mais facilitado após a revogação da portaria nº 087/2018 do Ipaam. Todavia, o alcance e efetividade destas medidas dependerá, inicialmente, do desempenho do produtor em empreender, a partir destas ações anunciadas pela Afeam”, ponderou.

Taveira destaca também o apoio à comercialização de peixes da piscicultura e de associações e cooperativas de pescadores, com a capacidade imediata de fornecimento em Manaus. No entendimento do dirigente, a ação garante renda mínima ao pescador e piscicultor, além de apoiar as ações de combate à fome e a redução da insegurança alimentar e nutricional.

“E a alteração autorizada pelo Legislativo estadual, que desvinculou o uso dos recursos do Programa de Regionalização da Merenda Escolar, possibilitará a doação dos alimentos às famílias de alunos que estão em casa desde a suspensão das aulas. Também é uma ação importante, que propicia a segurança alimentar às famílias envolvidas”, concluiu.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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