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Procura por seguro-desemprego volta a crescer em junho

Procura por seguro-desemprego volta a crescer em junho

A procura por seguro-desemprego no Amazonas voltou a aquecer em junho, após o repique de abril – auge da pandemia no Estado – e do refluxo de maio, quando os números de casos e mortes começaram a declinar, a despeito da extensão do período de quarentena no atendimento presencial em empresas dos setores de comércio e serviços não essenciais. Os números o Estado seguiram na contramão da média nacional. 

Dados do Sine-AM (Sistema Nacional de Emprego no Amazonas), repassados pela Setemp (Secretaria Executiva do Trabalho e Empreendedorismo) – órgão vinculado à Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação) –, informam que junho registrou 1.547 requisições (sendo 917 pelos canais digitais e 630 pelo modo presencial) pelo benefício em todo o Estado. 

Houve aumento de 90,28% sobre a procura apresentada em maio (813) e decréscimo de 70,19% em relação ao número de requerimentos de abril (5.190) – auge dos números de novos casos e mortes por covid-19, no Amazonas. A demanda também ficou 70,06% aquém da registrada em junho do ano passado (5.538), muito antes da crise da covid-19, e quando o foco dos problemas da economia nacional era a demora da aprovação da Reforma da Previdência. 

O Estado apresentou descolamento em relação à média nacional, tanto na variação mensa, quanto na anual. A quantidade de pedidos em todo o país chegou a 653.160, encolhendo 32% na comparação com maio (960.309), mas houve aumento de 28,4% sobre junho de 2019 (508.886). Os três Estados com maior número de requerimentos foram São Paulo (199.066), Minas Gerais (70.333) e Rio de Janeiro (52.163). 

O setor de serviços (41,7%) concentrou a maior parte da procura no Brasil, seguido por comércio (25,4%), indústria (18,7%), construção (10,1%) e agropecuária (4,1%). Quanto ao perfil dos solicitantes, 39,6% eram mulheres e 60,4% homens. A faixa etária que concentrava a maior proporção de requerentes é de 30 anos a 39 anos de idade (32,1%). A maioria absoluta (59,9%) tem ensino médio completo. Os números regionais não foram divulgados.

Capital de giro

O presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, lembra que abril foi o período em que o baque da crise da covid-19 foi mais sentido na economia regional, com a quarentena em segmentos não essenciais de comércio e serviços, o encerramento de atividades de muitas empresas e consequentes demissões em massa, daí ser natural que o número de pedidos de seguro-desemprego se concentrasse mais naquele mês. 

“A partir de maio, apesar das medidas de isolamento social continuarem fechando o atendimento presencial nas lojas de Manaus e da maioria das capitais brasileiras, temos o começo da vigência das medidas do governo federal que suspendem contratos de trabalho e reduzem salários e jornadas, o que acabou inibindo bastante essa procura”, explicou.  

O economista estranhou, contudo, o repique dos números da demanda, entre maio e junho. Por um lado, atribui o movimento a diferenciais regionais do modelo Zona Franca de Manaus, que coloca o crescimento do Estado e sua consequente geração de postos de trabalho em dependência da demanda do mercado domestico por bens de consumo e de uma taxa de câmbio menos volátil – o que não ocorreu. E, segundo o dirigente, as expectativas de curto prazo também não são boas.

“Pode ter faltado confiança das empresas. Muitas também já deveriam estar sem capital de giro para conseguir manter funcionários, aproveitando a possibilidade de suspender contratos ou reduzir salários. As dificuldades de conseguir financiamento bancário já são conhecidas. Creio que a tendência é que a procura se mantenha em alta, até porque os custos são mais altos e a demanda mais incerta, nesse ‘novo normal’ que se seguiu à pandemia”, ponderou.

“Ano atípico”

Em sintonia, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, também vê dificuldades no mercado de trabalho para este ano, em razão das dificuldades de retomada dos setores, em um período marcado por incertezas e dificuldades das empresas recontratarem – ou mesmo manterem o atual nível de mão de obra.

“Como não temos perspectivas de curto prazo, possivelmente teremos um aumento nos requerimentos de seguro-desemprego. Acompanhando os indicadores, vemos um pequeno aquecimento no comércio, que pode se desdobrar em mais pedidos para as indústrias e maior oferta de vagas. Há um incremento esperado na sazonalidade de fim de ano, mas 2020 é um ano atípico. Como já tivemos antecipações das parcelas do 13º salário, o Natal pode acabar sendo mais magro do que se espera. A melhora deve se dar mesmo apenas no primeiro trimestre de 2021”, analisou. 

Sem aglomerações

De acordo com a titular da Setemp, Neila Azrak, a expectativa do governo estadual é que, tanto o comércio, quanto a indústria, tenham um aquecimento nos próximos meses, gerando maior número de postos de trabalho. Para isso, prossegue a secretária, todas as medidas necessárias serão tomadas para agilizar o encaminhamento do trabalhador amazonense às novas vagas que surgirem. 

“Estamos trabalhando para isso. Nossa meta é prestar esse serviço agilizando o atendimento desse cidadão que precisa dar entrada no seu seguro-desemprego e consequentemente voltar ao mercado de trabalho. Mesmo com a volta do funcionamento da Setemp, o atendimento on-line irá permanecer, pois estamos procurando evitar a aglomeração de pessoas neste primeiro momento. O horário das 9h, também facilitará a locomoção e o atendimento ao cidadão”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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