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Prata da casa

A terceirização ou outsourcing de mão-de-obra no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos. Uma recente pesquisa da Unicamp mostra que, de 1995 a 2005, o número de mão-de-obra terceirizada aumentou de 60,4 mil para 423,9 mil só em São Paulo, uma das cidades com maior concentração de vagas de empregos. Redução de gastos com a Folha de Pagamentos e encargos foi o principal motivo apontado pelas empresas que optaram por esse tipo de modalidade de contratação.
Antigamente as atividades preponderantes à terceirização eram aquelas ligadas aos trabalhos de limpeza ou de segurança patrimonial. Agora, em um novo cenário globalizado, no qual o conceito de empresa enxuta prevalece, já há transferência até de atividades estratégicas, mas que não fazem parte do core-business da empresa, como recursos humanos, comunicação, tecnologia da informação e até de atendimento ao público, e que são vitais para o desenvolvimento no mercado competitivo.
O aumento gradual da terceirização nas áreas estratégicas indica que a modalidade tem trazido vantagens às corporações. Algumas, no entanto, esqueceram que os terceirizados também colaboram para o desenvolvimento da empresa em todos os seus níveis e que trabalham, com comprometimento e seriedade, como qualquer outro colaborador.
Como caiu no esquecimento, hoje, muitos profissionais, por serem terceirizados, são obrigados a conviver com a discriminação, em questões que devem ter primazia para um bom desenvolvimento do trabalho, como as condições físicas e materiais adequados; participação na tomada de decisões, as quais são fundamentais para a gestão da própria área que atuam, alguns sequer podem ser capacitados com treinamentos previstos ao corpo funcional. Esses mesmos, que amanhã servirão para o desenvolvimento de uma atividade em vigor, sofrem com a falta de reconhecimento no trabalho.
A integração e motivação dos recursos humanos são temas que estão sempre em pauta dentro das empresas, pois sabem que só assim poderão alcançar as metas estabelecidas, sejam em vendas, conquista e fidelização de novos clientes ou aumento da produção, mas como realizar tudo isso, se eventualmente, os terceirizados não dispõem do mesmo reconhecimento ou condições oferecidos aos funcionários? Não nos referimos às questões trabalhistas, pois a própria modalidade e lei já implicam isso, mas sim no trato com a pessoa, pois, antes de tudo, temos um indivíduo e não uma máquina a dispor do trabalho.
A grande questão é como motivar alguém que só faz parte da equipe quando alcança resultados, mas não pode receber um bom tratamento porque é terceirizado? Delimitar o acesso ao profissional terceirizado ou distingui-lo pelo destrato só contribui para a deteriorização da imagem da empresa junto ao trabalhador. Sem esquecer nunca que uma imagem positiva é formada, em primeira instância, dentro de casa e só assim repercurtirá positivamente do lado de fora.
Como toda a regra tem a sua exceção, há algumas corporações que investem e capacitam seus terceirizados, tratando-os realmente como parte do corpo funcional, com isso conseguem com que o próprio clima interno seja mais saudável e seus objetivos alcançados com mais facilidade. Fica a lição de casa: o tratamento dedicado ao colaborador, seja ele terceirizado ou não, é o que agregará valor a imagem da empresa.

Miguel Ruiz é bacharel em Administração de Empresas e Processamento de Dados pela PUC (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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