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Português exato

Português exato

E quem disse que, em algumas situações, nosso idioma não necessita ser exato? Observem como alguns vocábulos têm sido usados de maneira automática; sem a devida precisão; o devido cuidado e adequamento semântico. Esse uso  inapropriado parece até um “cacoete linguístico”, isto é, alguns itens da linguagem vão sendo usados sem se ter controle, no automatismo, sem observar o sentido real que se deve empregar.

SOMBRINHA X GUARDA-CHUVA

Normalmente as pessoas costumam pensar que a diferença entre os substantivos sombrinha e os guarda-chuva está na sua função. Como o próprio nome já diz, as sombrinhas seriam usadas nos dias de sol, para fazer sombra, e os guarda-chuvas seriam usados nos dias de chuva, para proteger da chuva. Isso até tem um fundo de verdade, mas tais definições foram usadas tão somente para dar nome aos dois objetos e devido ao fato de estarem imersos em todo um contexto histórico diferente do atual. Com o tempo as diferenças entre eles ficaram um pouco além do óbvio. A real diferença entre sombrinhas e guarda-chuvas é a seguinte: sombrinhas são femininas e guarda-chuvas são unissex. É por isso que as sombrinhas são feitas de materiais mais coloridos e tem padronagens decoradas, enquanto que os guarda-chuvas raramente têm estampas e geralmente são feitos de tecidos de cores neutras, como cinza e preto. O motivo dessa diferença é que antigamente havia poucas opções de tecidos impermeáveis, então os guarda-chuvas acabavam tendo de ser obrigatoriamente sem estampas, enquanto as sombrinhas, que apenas protegiam do sol, não precisavam ser impermeáveis, e por isso havia muitas opções de estampas e bordados, o que as tornavam a opção favorita das mulheres. Hoje os tecidos impermeáveis são muito comuns e suas opções de estampas são bem variadas e, por isso, as sombrinhas também podem proteger da chuva, e dessa forma não existe uma diferença prática entre ela e o guarda-chuva. Ambos cumprem a mesma função, só que tradicionalmente as sombrinhas se referem aos modelos exclusivamente femininos. Mas e quanto ao automatismo da linguagem? Vejamos. Ex: “Por que você está usando sombrinha nesse solão?” (estranho). 2. “Isso é um guarda-chuva, Gaby? Então, por que você não escolheu uma sombrinha, que é para mulheres?” (mais estranho ainda). Saber o significado real, exato, do vocábulo que se está usando é essencial para uma comunicação acertada.

ENGRAÇADO? TEM CERTEZA?

Quantas vezes você, eu e muita gente já se pegou falando ou escrevendo (o que é  pior) o adjetivo “engraçado” equivocadamente? O engano ocorre quando o sentido empregado não condiz com o contexto da oração. “Engraçado. Adjetivo. 01. Que tem graça ou espírito, espirituoso, jovial. 02. Que denota ou revela graça, divertido.” Ex: 1. “Engraçado aquele rapaz, gagueja toda hora!” (comentário desnecessário, evitem). 2. “Achei muito engraçado o gosto dele por estudar roedores” (curioso, interessante, incomum). 3. “Engraçado esse tênis, cheio de cadarços coloridos” (bacana, legal, estranho, cafona). 4. “Ele se velou no mesmo dia da esposa, engraçado, né?” (que coincidência, que coisa, nossa!). Observem que nos quatro exemplos acima o adjetivo “engraçado” foi semanticamente mal-empregado, parece que se trata de um “pau para toda obra”; um coringa em um jogo de baralho, mas não é bem assim, não! Fica da dica.

Joyce Tino

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