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Ponte aquece mercado de Iranduba

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A pouco mais de um mês para a inauguração da ponte que ligará Manaus aos municípios vizinhos, muitas pessoas já estão correndo para adquirir terras do outro lado do Rio Negro. É o caso de Iranduba, distante a 25 km da capital em linha reta. O detalhe é que algumas dessas aquisições estão sendo feitas de forma irregular e, segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Hernandes Rocha, já foram embargados 14 loteamentos inadequados.
“O grande problema do Amazonas é a questão fundiária. Há casos em que o mesmo terreno foi vendido duas vezes”, lamentou Rocha. A prática não é nova, conforme profissionais da área imobiliária, pois na década de 1990 era muito comum ocorrerem situações semelhantes. Passados 20 anos, a alta procura por áreas no município leva pessoas a comprarem terrenos de 250 metros quadrados por R$ 1.000, acreditando que estão fazendo um ótimo negócio, já que o preço de mercado é R$ 5.000.
“Isso é uma operação ilícita. Atualmente, essa é nossa principal preocupação. Os terrenos ofertados por ‘falsos’ corretores não possuem registro e as pessoas, indo de boa fé, acabam descobrindo que está tudo irregular. Quem vende a terra vai embora e deixa a dívida com o comprador”, desabafou o delegado regional do Creci-AM (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado do Amazonas) em Iranduba, Antônio Afonso.
Ele explica que Iranduba está vivendo um momento de oscilação de mercado por conta da expectativa da conclusão da ponte, situação na qual há pessoas comprando áreas grandes por um valor alto e outras por uma pechincha. A prefeitura informa que a única maneira de não cair no golpe é consultar o registro de imóveis junto ao cartório da cidade.
Quem busca regularizar os terrenos, deve entrar com processo no Iteam (Instituto de Terras do Estado do Amazonas). O secretário do órgão, Itamar de Oliveira, enfatiza que o preço cobrado para tornar a área legal é quase que simbólico (R$ 104) e, dependendo da renda do proprietário, a taxa pode diminuir. “Estamos sendo muito procurados pelos posseiros para fazer a regularização de terras nas cidades próximas à ponte, como Iranduba e Novo Airão [a 115 km de Manaus]”, contou Oliveira.

Sem garantia

O problema é que entrar com o processo não significa garantia de posse. E a espera por uma resposta não tem data para chegar. Só para se ter uma ideia, de 2004 a 2010 foram emitidos apenas 256 títulos definitivos e 93 provisórios –estes não podem ser vendidos por um prazo de cinco anos.
Já para os terrenos em situação regular, acontece o inverso. Há lugares que antes eram negociados por R$ 500 mil e hoje os proprietários estimam propostas em valores que podem chegar a até R$ 1 milhão.

Proprietários apostam em supervalorização

Para o corretor de imóveis, Carlos Itamar, que trabalha no município há dois anos, a procura por terrenos e casas localizadas em áreas próximas à ponte tende a aumentar. Porém, quem quiser um lugar depois de Manaus, no km 30 da Estrada Manuel Urbano, por exemplo, pode retirar da carteira até R$ 8 por metro quadrado. Isso porque a tática de alguns donos de terrenos perto de Iranduba é segurar o lote para vender mais caro. “A aposta pode ser arriscada, pois nada garante que realmente haja a supervalorização tão esperada”, alertou.
Itamar revelou que a maior parte de seus clientes vem de projetos como o ‘Minha Casa Minha vida’ e grandes empreendedoras. A maior demanda é para locais com 500 mil e até 1 milhão de metros quadrados.
Outro corretor que tem uma vasta carteira de clientes que desejam conquistar o espaço em Iranduba é Joaquim Caetano. O corretor calcula que a especulação das áreas no entorno da ponte ocorrem há no mínimo seis meses. “Havia terrenos que antes estavam a R$ 1 por metro quadrado e hoje custam de R$ 3 a R$ 4. E tem muita gente pagando por esse preço, como empresários, lojas de imóveis, materiais de construção e grandes construtoras”, ressaltou.

Possível concorrência

Há quem tema forte concorrência dos mercados imobiliários de Manaus e Iranduba. Quem utilizar a ponte levará em média cinco minutos para chegar ao interior. A distância poderá ser atrativa para a população de Manaus, visto que Iranduba ficará até mais perto do que alguns bairros da capital, como o Nova Cidade, na zona norte.
“Espero que com a valorização dos imóveis do interior os preços de Manaus se equilibrem. Há bairros com alta valorização. Muita gente vai procurar por lá e, por isso, os preços poderão ser bem competitivos”, acredita o corretor Nonato Oliveira.
A presidente do Sindimóveis-AM (Sindicato dos Corretores de Imóveis), Jane Picanço, discorda. Segundo ela, o perfil do morador da capital é diferente do que irá para o interior. “Se existir essa possibilidade, é muito remota. A tendência é aumentar as ofertas para a classe C naquela área. Não há como comparar os imóveis de Manaus com Iranduba, pois são mercados opostos. Vai demorar até que os moradores de Manaus se habituem com a ideia de metrópole, de trabalhar na capital e morar em Iranduba. Se houver preços atrativos, quem sabe”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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