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Indústria eletrônica aumenta contratações

Passada a ressaca da Copa, os bons ventos continuam soprando sobre o polo eletroeletrônico. Em agosto, a indústria contratou 930 funcionários, elevando para 172.270 o número de trabalhadores diretos em todo o território nacional, conforme dados fornecidos pela Abinee (Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica). Desde janeiro, foram abertos 12.450 postos de trabalho no segmento, 7,79% mais que em dezembro 2009 (159.820 vagas).
No PIM (Polo Industrial de Manaus), o panorama é semelhante, segundo permitem concluir as estatísticas mais recentes da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Os fabricantes de eletrônicos instalados na capital amazonense geraram um saldo positivo de postos de trabalho na comparação dos sete meses iniciais de 2010 com igual intervalo do ano passado. Os quadros do segmento aumentaram de 36.495 (2009) para 41.008 (2010), uma diferença de 12,37%. Apesar da alta –frente a uma base ainda dilapidada pelos efeitos da desordem econômica global que se seguiu depois da quebra do banco Lehmann Brothers– o contingente ainda é 13,19% inferior ao percebido nos meses pré-crise de 2008 (47.239).
Mesmo diante de perspectivas positivas para as festas de fim de ano, o subsetor –assim como a indústria em geral– ainda precisa dar passos mais largos para recuperar o vigor subtraído pela crise de 2008/2009. Embora as expectativas em relação ao próximo ano sejam positivas, a dúvida em relação ao médio prazo permanece.
De um lado, há a perspectiva de alargamento da cadeia produtiva do LCD (display de cristal líquido) –que hoje já conta com pelo menos dois projetos aprovados pelo CAS (Conselho de Administração da Suframa)– e uma retomada nas linhas de produção de celulares –graças à expectativa de entrada de outras empresas no segmento. Embora seja o segmento que mais empregue em todo o PIM, pelo menos no chão de fábrica, é fato que o polo eletroeletrônico é o mais passível de demissões por conta da evolução tecnológica. Seja pela substituição de produtos, como é o caso do próprio LCD, seja pela automatização crescente de suas linhas de produção.
O subsetor também é um dos mais vulneráveis a possíveis oscilações na demanda doméstica –sua principal clientela, assim como do restante do PIM–, embora estas não estejam na linha do horizonte, pelo menos por enquanto. Sabe-se que em situações de crise, os produtos supérfluos, são os primeiros a serem cortados da lista de consumo.

Endividamento e demanda de crédito
Outro problema, como já assinalado nesta coluna, é a excessiva dependência de crédito para aquisição de um produto com maior valor agregado, a exemplo dos eletroeletronicos, embora a situação seja menos grave do que no caso do polo de duas rodas. A mais recente pesquisa do BC (Banco Central) aponta para um crescimento abaixo da média para os empréstimos de até R$ 5.000 (12%). A título de comparação, as operações com capital superior a R$ 50 mil expandiram 34% no mesmo período. Outro número preocupante é que 52% do crédito pessoal é destinado aos empréstimos consignados para o funcionalismo público, que são a minoria da população.
Tudo aponta para um pesado endividamento das classes com menor poder aquisitivo, justamente o público que vinha carreando o consumo nacional. Trata-se de um obstáculo à sustentação do crescimento no longo prazo, um problema sobre o qual o próximo presidente da República deve se debruçar, embora nenhum candidato tenha abordado a questão até o momento.

Mudança na Venezuela abre oportunidade para o PIM
Convém ao Amazonas observar a evolução dos fatos na Venezuela. Além de fazer fronteira com o Estado, o país tem se destacado como um dos principais destinos das exportações do PIM, pelo menos nos últimos três anos. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a nação vizinha ocupa o terceiro lugar entre os maiores clientes do polo, com US$ 64.19 milhões em aquisições, um recuo de 3,68% em relação ao mesmo intervalo do ano passado (US$ 66.64 milhões), conforme dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Nos meses pré-crise de 2008, impulsionada por uma política de boa vizinhança e de olho em uma possível vaga no Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), a Venezuela chegou a figurar no primeiro lugar do pódio, à frente do tradicional líder do ranking, a Argentina.
No último domingo, 26, em torno de 66,45% dos eleitores da Venezuela compareceram às votações para o Legislativo, dando à oposição 52% dos votos e pouco mais de um terço dos assentos do Congresso. Embora tenha ficado com menos votos que a oposição, Chávez mantém maioria na Casa. Não tem mais, contudo, o poder de governar sem o Legislativo, fator que impulsionou o ímpeto estatista do governante nos últimos anos, assim como limitou a margem de manobra da iniciativa privada naquele país.
Que a renovação no Congresso venezuelano seja um indicativo de mudança democrática, com maior abertura não apenas política, como também econômica. Sabe-se que hoje, à exceção do petróleo, todos os produtos consumidos pela população vem do exterior, em especial da Colômbia. Talvez a redução do poder e das ambições de Chavez indiquem que este é um momento para estreitar as relações com o país vizinho, deixando as tentações ideológicas de lado.
Mesmo diante do virtual desabastecimento da economia venezuelana e dos números positivos do comércio exterior, sabe-se que algumas empresas do PIM sofreram reações protecionistas quando lá tentaram vender sua produção. Vale lembrar que, cinco anos atrás, a Venezuela flertou com empresas do PIM em torno da possível implantação de uma zona franca industrial em seu território, tendo até recebido uma caravana de dirigentes empresários do polo para conhecer o projeto de perto. A iniciativa acabou sendo engavetada, diante de turbulências políticas e das outras prioridades de Chávez. Se vai voltar, é uma incógnita.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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