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Pirarucu imenso deve ser exposto no Inpa

O pirarucu é sabidamente o gigante dos rios amazônicos, e as fotos com os espécimes imensos pescados em lagos da Amazônia sempre impressionam. Agora, quando pescadores conseguem tirar das águas um indivíduo ainda maior do que seus companheiros do lago, é para fazer ‘cair o queixo’ até mesmo de experientes pescadores.

Foi o que aconteceu em 12 de novembro passado quando um pirarucu de 2m93 foi pescado pelos irmãos José, Raimundo Nonato e Cleto de Castro no lago da Mameloca, localizado no município de Japurá. Os três irmãos moram numa comunidade na ilha da Mameloca.

“Contavam os mais antigos que antes os moradores daquela localidade construíam canoas a partir do tronco de árvores grossas e os cobriam com palhas, ficando parecidos com malocas, de onde se originou o nome Mameloca”, explicou Renilton Solarth, engenheiro de pesca da Sepror (Secretaria de Produção Rural), e quem trouxe à luz o gigante da Mameloca.

Renilton Solarth, “nunca vi um indivíduo tão grande” – Foto: Divulgação

Há muito, pesquisas já mostravam que o pirarucu pode chegar a três metros de comprimento, mas pescar um desse tamanho, e registrar o acontecido, é história de pescador, por isso quando os irmãos Cleto divulgaram seu feito, logo chamaram a atenção de todo mundo.

O lago da Mameloca, segundo Renilton, é um dos maiores do Japurá. Há 20 anos o engenheiro de pesca faz o controle e registro da pesca no Amazonas e nunca havia visto um indivíduo tão grande, em nenhum outro lago do Estado, como este, agora. O manejo anual do pirarucu começou em 2017, no lago da Mameloca, entre 1º de junho e 30 de novembro, e aconteceu pela quarta vez em novembro passado.

Podem ter outros

O lago da Mameloca ainda deve ter outros gigantes submersos – Foto: Divulgação

“O manejo ocorre da seguinte forma. Os pescadores de determinado lago só podem pescar até 30% dos pirarucus contados no ano anterior, e somente indivíduos acima de 1m50. Na comunidade do Mameloca, onde moram cerca de 20 famílias, eles preservam tanto a região, que em todos os manejos só têm pescado no máximo 15%”, falou Renilton.

“Nesses 20 anos que eu acompanho as pescas pelo Amazonas só tinha visto pirarucu de, no máximo 2m50. Também não conheço ninguém que já tenha visto algum maior que isso”, completou.

Renilton contou que um pirarucu ‘bodeco’, é quando o peixe ainda é jovem. Atinge 1m40 e deve ter em torno de cinco anos de idade. A partir de 1m50 já é considerado adulto e, por isso, pode ser pescado no manejo.

“Pela minha experiência, e pelos meus cálculos, acredito que o gigante da Mameloca devia ter uns 30 anos de vida”, revelou.

Mas como um peixe conseguiu viver por tanto tempo num mesmo local sem nunca ter sido pescado? Renilton tem algumas explicações.

“O lago é imenso, a região é habitada por poucas famílias que praticamente não pescam lá. Com certeza devem ter outros indivíduos naquele lago com as mesmas dimensões deste. Esse deu azar e caiu nas redes dos irmãos de Castro”, afirmou.

É comum a pesca do pirarucu ser feita com arpão, mas na Mameloca eles utilizam redes esticadas no lago. O gigante estragou três delas no desespero em se salvar, mas acabou sendo vencido pelo cansaço.

Festa na comunidade

O pirarucu normal fica preso logo na primeira rede, mas o gigante furou a primeira, a segunda e acabou enganchado na terceira.

“Eles pensaram que era um jacaré que estava fazendo aquele estrago todo, mas o jacaré sobe de imediato. O pirarucu não. Quando se vê ameaçado o peixe, que necessita de respiração aérea, é capaz de ficar até 30 minutos submerso. Os irmãos, então, concluíram que deveria ser um pirarucu, embora tivessem estranhado a tremenda força”, disse Renilton.

Quando finalmente o gigante cansou, os três irmãos chamaram mais cinco colegas para puxá-lo para fora d’água e colocá-lo dentro da canoa.

Espantados com a pesca do dia, os irmãos levaram o peixe para pesar, totalizando 240 kg. Tiraram suas vísceras e a comunidade fez a festa com o ‘guererê’, comida típica indígena, preparada a partir das vísceras de peixes. Depois colocaram o peixe no gelo e o mandaram para Manaus.

O animal foi adquirido pela Apeaca (Associação de Pescadores e Agricultores da Comunidade de Altamira).

“Quando eu soube da pesca inusitada, entrei em contato com o pessoal da Apeaca e pedi que doassem o peixe para a Sepror, para que fosse preservado. Desde então ele está conservado num frigorífico, em Manaus. Nos próximos dias será levado para o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), onde passará por um processo de taxidermia para depois ficar exposto lá mesmo no Inpa e ser visitado pelos curiosos”, adiantou.

“Também no Inpa está exposto o maior tambaqui pescado até hoje no Amazonas, em Maraã, em 2010, medindo 1m15 e pesando 44,5 kg. O ‘normal’ mede a metade disso e pesa cerca de 12 kg”, concluiu.           

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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