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PIB segue em alta no Amazonas no 2º trimestre

O PIB do Amazonas foi de R$ 30,02 bilhões, no segundo trimestre. Embalado pela recuperação pós-segunda onda, o Estado avançou 4,66%, em relação aos três meses iniciais do ano (R$ 28,69 bilhões), e subiu 25,43%, ante o acumulado de abril a junho de 2020 (R$ 23,94 bilhões). Descontado o IPCA, as altas respectivas foram de 2,93% e de 15,77%. Os dados são da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação) e foram calculados a partir das Contas Regionais do PIB Brasil, do IBGE.

Entre os setores analisados no estudo da secretaria estadual, os melhores desempenhos nominais ante o mesmo período de 2020 vieram da minoritária agropecuária (+27,63% e R$ 1,56 bilhão) e do majoritário setor de serviços (+26,30% e R$ 15,46 bilhões) –que engloba também o comércio. Indústria (+24,53% e R$ 8,36 bilhões) e “impostos” (+23,51% e R$ 4,65 bilhões) vieram nas posições seguintes. As variações trimestrais foram de +4,65% (serviços), +4,66% (indústria), +4,66% (imposto) e +4,64% (agropecuária).

“Essas taxas altas de crescimento são devido ao impacto da pandemia sobre a atividade econômica em 2020, que diminuíram drasticamente”, destacou o texto da pesquisa da Sedecti, referindo-se à comparação com o mesmo intervalo do ano passado –período da primeira onda. Vale notar que o mesmo raciocínio pode ser utilizado para a comparação com o primeiro trimestre deste ano, em virtude dos impactos econômicos da segunda onda e de uma nova rodada de medidas de isolamento social.  

O estudo da secretaria estadual aponta um desempenho bem superior para o Amazonas, quando comparado à média nacional. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro se manteve “estável” (-0,1%), entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, totalizando R$ 2,1 trilhões nominais, com recuos na agropecuária (-2,8%) e na indústria (-0,2%), e alta nos serviços (+0,7%). Na variação anual, os crescimentos foram de 10,8%, para serviços, de 17,8%, para indústria, e de 1,3%, para a agropecuária –para uma expansão global de 12,4% na economia brasileira. 

Impacto da cheia 

Embora tenha sido responsável por apenas 5,19% do PIB do Amazonas, a agropecuária foi a atividade econômica que mais avançou (+27,63%) ante o mesmo intervalo do exercício anterior (R$ 1,22 bilhão). Agricultura (+37,88%) e produção florestal/pesca (+17,50%) alavancaram o desempenho, a despeito do novo dado negativo da pecuária (-8,78%). No texto de divulgação da pesquisa, a Sedecti destaca que, mesmo com a queda das demais lavouras no período, ocorreram aumentos nas safras de banana (+36,14%) e de laranja (+22,63%), conforme o IBGE. 

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, atribuiu o desempenho abaixo da média na pecuária amazonense aos impactos da cheia recorde deste ano. Considerou, contudo, que os números globais da atividade foram positivos, ao demonstrar “sinais claros” da retomada da produção rural, após os períodos mais críticos da crise da Covid-19.

“Esse desempenho é muito importante. A liderança percentual de crescimento do setor demonstra nosso grande potencial na produção de alimentos. Não é diferente do contexto nacional, que cada vez mais tem o agronegócio como atividade determinante para o crescimento. A expectativa é que tal trajetória persista, principalmente com a desaceleração da pandemia. Lembrando que o setor rural não parou suas atividades, mesmo nesse período, garantindo o abastecimento de alimentos para a população”, asseverou. 

Flexibilizações e desabastecimento

Responsável por 51,50% do PIB estadual, o setor de serviços teve a segunda maior alta (+26,30%), em relação ao mesmo trimestre de 2020 (R$ 12,24 bilhões), na variação anual. As melhores performances nesse tipo de comparação vieram de artes, cultura e recreação (+31,87% e R$ 351 milhões), educação e saúde privadas (+31,56% e R$ 633 milhões) e transporte (+30,79% e R$ 1,09 bilhão). “Comércio e serviços de manutenção e reparação” cresceu 27,52% e atingiu R$ 2,79 bilhões.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, observou que os serviços vêm ganhando força, em virtude de terem seu funcionamento flexibilizado mais recentemente, pelo governo estadual. O dirigente disse que já ocorre alguma acomodação no caso de problemas de desabastecimento e de falta de navios, mas lembrou que a inflação ainda é um obstáculo significativo. “Mas, devemos ter um crescimento mais estável e menos conturbado, neste segundo semestre, pois há mais empregos e a arrecadação de ICMS demonstra que o comércio está vivo e se recuperando”, amenizou.

Com fatia de 27,84% no PIB amazonense, a indústria cresceu 24,53%, na base anual. Nesse cenário, a atividade foi novamente carreada proporcionalmente pela construção (+35,37% e R$ 570 milhões) e pelas indústrias extrativas (+32,18% e R$ 553 milhões). Serviços industriais de utilidade pública (+27,69% e R$ 667 milhões) e a majoritária indústria de transformação (+22,77% e R$ 6,57 bilhões) vieram em seguida.

O presidente da Fieam, Antonio Silva, assinalou, em entrevistas anteriores ao Jornal do Commercio, que o PIM segue em rota de “retomada contínua” da produção, com expectativa de um segundo semestre de “bons números”, mas ainda sofre com a escassez de insumos, o que pode inibir o crescimento. “Semicondutores, ferro e aço encontram-se em falta, o que tem impactado diretamente no fluxo produtivo. As curvas de oferta e demanda encontram-se em dissonância, em razão da pandemia. É um cenário que ainda deve se arrastar no segundo semestre de 2021”, ponderou. 

Inflação e juros

Respondendo por 15,49% do PIB do Amazonas do período, a rubrica de “imposto” apresentou acréscimo de 23,51% em relação ao segundo trimestre do ano passado (R$ 6,71 bilhões). Foi impulsionada principalmente pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que responde por 90% da arrecadação. O recolhimento do tributo cresceu 14,26% na comparação do primeiro semestre (R$ 6,01 bilhões) com igual período do ano anterior (R$ 5,26 bilhões), em preços correntes, de acordo com dados da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda).  

O economista e conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Júnior, considera que o fato de a segunda onda ter passado antes pelo Amazonas ajudou a economia do Estado a apresentar algum descolamento da média nacional, no segundo trimestre, mas aponta que a vacinação também foi decisiva para alavancar o mercado consumidor do PIM, e se diz otimista para o segundo semestre.

“Nosso setor de serviços também está aquecido. Apesar da inflação e dos juros altos, o programa de imunização está ajudando a atividade econômica retomar alguma normalidade”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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