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Paricatuba atrai turismo rural

O verão começando, a liberdade de ir e vir, de volta, uma boa pedida para o final de semana é um passeio à Vila do Paricatuba, no Iranduba, do outro lado da ponte Rio Negro. O ideal é ir cedo, para tomar um café da manhã nos cafés existentes na Vila, depois almoçar em algum dos restaurantes, estrategicamente construídos com vista para o Negro, e lógico, visitar as ruínas do casarão que deu início à Vila, em 1898, e continua em pé, tão firme como no dia de sua inauguração. Hoje o casarão está cercado por árvores e trepadeiras sobem por suas paredes, mas foi construído com material importado, vindo da Europa. No prédio aconteceram muitas histórias, algumas trágicas.

A ideia original da construção do imenso prédio era transformá-lo numa hospedaria para imigrantes italianos. Desconhece-se de quem foi a ideia de trazer especificamente italianos para a Amazônia, onde eles iriam trabalhar e porque não vieram. O certo é que as obras foram paralisadas. Em 1904 o então governador Constantino Nery (1904/1908) quis dar uma utilidade ao prédio fazendo funcionar nele, uma escola, proposta aceita pelos espiritanos franceses, que desejaram criar no espaço uma escola agrícola profissionalizante, o que também não aconteceu. Virou casa de detenção.

Em 1905 o casarão foi reformado e, no ano seguinte, inaugurado como Instituto Afonso Pena Liceu de Artes e Ofícios, com a presença do homenageado, então presidente da república. Afonso Pena (1906/1909) foi o primeiro presidente do país a visitar Manaus. O Liceu também não prosperou e, em 1924, o governador em exercício, Turiano Chaves Meira (1924) entregou o casarão para a PRA (Profilaxia Rural do Amazonas) para, no local, ser instalado o leprosário Belisário Pena, acabando com o existente em Manaus. É quando começam as tristes histórias do Paricatuba.

Paricá, erva alucinógena

Relatos de freiras, que trabalharam no leprosário, contam que os doentes eram simplesmente abandonados pela família na beira do rio, em canoas, tendo elas que recolhê-los e levá-los para o prédio. Quando estavam em estado avançado da doença, lhes era dado o ‘chá da meia noite’ para que dormissem e não acordassem mais. Essas histórias se sucederam por mais de 30 anos até os hansenianos serem transferidos para a Colônia Antônio Aleixo, em Manaus, em 1962. Alguns resolveram permanecer no Paricatuba e hoje, apenas dois remanescentes permanecem vivos.

A Missão Pistóia, da Igreja Católica, ainda ocupou o prédio, em 1970, e lá permaneceu por mais de dez anos. Desde que foram embora, o casarão ficou desocupado até virar ruínas. O ramal, que liga a AM 070 (Manaus/Manacapuru) até a Vila, a partir do quilômetro 21, foi aberto em 1992 e com a inauguração da ponte Rio Negro, em 2011, ficou bem mais fácil chegar ao local, que também cresceu com mais moradores.

Atualmente, membros da comunidade tomam conta do casarão, limpando e mantendo os corredores livres de vegetação para visitas. É cobrada uma taxa de R$ 2, não obrigatória, para quem quiser andar por suas dependências e ajudar na manutenção.

Paricatuba, do tupi, significa paricá (alucinógeno retirado de uma árvore, utilizado em rituais indígenas) mais tuba (grande quantidade). Deveria existir muito dessa árvore na região. Com cerca de 2.000 habitantes, a Vila abriga uma população humilde, mas empreendimentos gastronômicos estão atraindo cada vez mais visitantes, principalmente manauaras, que podem degustar um delicioso café regional, ou um almoço à base de peixes, olhando o majestoso Negro e, ao fundo, Manaus e a ponte Rio Negro. Na vazante, belas praias surgem nas margens do rio. Outros cafés, restaurantes e pousadas se espalham pela Vila.

Café regional e peixes

Há dois anos, Flaubert Ribeiro tinha um sítio, às margens do Negro, onde passava os finais de semana com a família e amigos, até que, em outubro do ano passado resolveu montar o café Mirante do Negro, numa parte do sítio. Apenas com divulgação nas redes sociais, nem demorou para o café ficar conhecido e lotar de clientes.

“Construí um deck e, um mês depois, foi necessário construir o segundo. Dois meses depois tive que fazer a cobertura junto à residência e, em breve, terei que aumentar o espaço para mais clientes. Hoje temos 80 lugares sentados sob os decks e 20 lugares sob a cobertura”, comemorou Flaubert.

Junto com a esposa, Cassiana Auzier, Flaubert está dando emprego para cerca de dez moradores da Vila.

O Mirante do Gavião funciona aos sábados, domingos e feriados, aos domingos somente pela manhã, das 7h às 12h e das 16h às 19h30, servindo café regional.

O Buteko’s do Mady, com capacidade para 100 pessoas sentadas, foi inaugurado em setembro de 2019, próximo à praia da Bica. Funciona de domingo a domingo, das 10h às 19h, com cardápio de peixes e carnes. Apresenta shows musicais ao menos uma vez por mês. Tanto o Mirante do Negro quanto o Buteko’s do Mady possuem praias particulares, nesse período, sob as águas.

Serviço

Visitas ao casarão:

Alcinaide Avelino: 9 9427-4871

Rosa Cadete: 9 9438-9113

Mirante do Negro: @mirantedonegro – fone: 9 8837-3799

Buteko’s do Mady: @butekosdomady – fone: 9 8855-4829

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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