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Parceria leva ajuda para ribeirinhos e indígenas

Parceria leva ajuda para ribeirinhos e indígenas

Mais de 70 comunidades ribeirinhas e populações indígenas de unidades de conservação ambiental estão recebendo assistência nesta época de pandemia no Amazonas. A ajuda vem através de parcerias entre instituições e a Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). E até de mobilizações internacionais.

O auxílio também chega por meio da campanha SOS Amazônia, do movimento Fridays for Future Brasil, liderado pela ativista ambiental sueca Greta Thunberg, que tem apoio de 16 jovens de diversos países.

Até essa terça-feira (7), a mobilização da Sema arrecadou 3,2 mil cestas básicas que serão distribuídas para moradores de 11 áreas protegidas no Estado. As ações solidárias começaram em maio e têm apoio logístico direto da Sema.

Houve distribuição ainda de kits de higiene pessoal, máscaras de tecido, doados por empresas e instituições públicas e privadas. E também testes rápidos para diagnóstico do novo coronavírus. O objetivo é fortalecer as medidas de prevenção à doença e dar mais segurança alimentar a essas populações em situação de vulnerabilidade, segundo ressalta a Sema.

Foram contempladas com as cestas básicas as RDSs (Reservas de Desenvolvimento Sustentável) do Juma, Puranga Conquista, Rio Negro, Rio Madeira, Cujubim e Uacari. As APAs (Áreas de Proteção Ambiental) Rio Negro, Rio Negro Atuariá-Apuazinho, Rio Negro Paduari/Solimões; Resex (Reserva Extrativista) Canutama e as áreas do Mosaico do Apuí, segundo a Sema.

Cartazes informativos também orientam ribeirinhos e índios sobre a importância de adotar medidas preventivas contra a covid-19. “Cada doação faz uma grande diferença na vida das populações tradicionais”, avalia o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira.

Sob a coordenação da FAS (Fundação Amazonas Sustentável), a campanha SOS Amazônia distribuiu cestas básicas, máscaras de proteção facial e kits de higiene a pelo menos 150 famílias das aldeias indígenas Galvão, Inhambé, Sahu-Apé e Tururukari, localizadas próximas de Manaus, além do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi.

Segundo o secretário Eduardo Tavares, existe hoje um esforço concentrado por meio de ações governamentais e privadas para levar mais assistência a essas comunidades, principalmente agora em que a pandemia se direciona para os 62 municípios do interior do Estado. E os índios são os mais afetados.

No interior, os casos de infectados pela covid-19 e o número de mortes já superam as ocorrências registradas em Manaus.  A distância dessas localidades em relação à capital é outra agravante que limita ribeirinhos e índios de terem mais benefícios. “Em razão disso, estamos recorrendo a muitas parcerias para ampliar essa assistência, que vêm aumentando as doações”, acrescenta o secretário.

Acesso à saúde

Estudioso do assunto, o antropólogo Luciano Cardenes salienta que o preconceito sempre foi determinante para agravar a situação dos índios, ainda mais nessa época de pandemia de covid-19.

“Muitos indígenas têm dificuldade de ter acesso à saúde porque a discriminação ainda é muito grande, fato que desestimula as etnias a buscarem ajuda médica. E recorrem geralmente às ervas medicinais tradicionais que resultam de sua cultura”, diz Cardenes. Ele é professor da UEA (Universidade do Estado do Amazonas) e também participa de projetos de extensão na Ufam (Universidade Federal do Amazonas).

Segundo o professor, existem relatos que hospitais da região do Alto Solimões e do Vale do Javari teriam se recusado a atender índios com covid-19 sob a alegação de que não havia uma unidade específica para atendimento a eles. Só os não-índios poderiam ter assistência. “Apenas por questões burocráticas”, disse o antropólogo.

Os casos teriam motivado o governo do Amazonas a montar uma unidade emergencial em Atalaia do Norte para atender especificamente diversas etnias acometidas da doença. A ala foi construída na área do Hospital São Sebastião, no município.

Prefeituras de municípios e organizações indígenas também desenvolvem medidas para o enfrentamento da covid-19, segundo o secretário da Sema, Eduardo Taveira. Participam da mobilização a Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas.

Coordenado pela FAS, o projeto reúne 71 instituições públicas e privadas com o objetivo de distribuir insumos às unidades de conservação ambiental no Amazonas durante a pandemia. Já foram entregues 3,4 mil máscaras de tecidos, afixados 1,7 mil cartazes sobre prevenção, além de milhares de outros itens para as comunidades ribeirinhas e indígenas.

Com apoio da Susam (Secretaria de Estado da Saúde), foram ainda distribuídos 200 kits de testagem rápida para diagnóstico de covid-19 em três UCs (Áreas de Proteção Ambiental), no Amazonas.

Marcelo Peres

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