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Ensinando o manejo de abelhas sem ferrão

Divulgação

Pouca gente sabe, mas as abelhas têm um dia, 20 de maio, Dia Mundial das Abelhas, comemorado desde 2018 em homenagem a Anton Jansa, que nasceu nesta data em 1734, em Carníola, atual Eslovênia, e é considerado o pioneiro da apicultura moderna. Pouca gente também sabe que Iranduba possui, desde 31 de janeiro de 2019, a Dramel (Doce Refúgio Amazônico Meliponário Escola), primeira escola no Amazonas a ensinar sobre a criação racional de abelhas sem ferrão nativas da Amazônia: a jupará (Melipona interrupta) e a jandaíra ou uruçu boca de renda (Melipona seminigra).

Informação complementar: apicultor é quem cria abelhas com ferrão. No caso da Dramel, como as abelhas são sem ferrão, seus alunos saem formados meliponicultores.

A escola começou a ser idealizada e os primeiros passos aconteceram ainda em setembro de 2017. Atualmente conta com apoio financeiro da ONG Nordesta Reforestation & Education, da Suíça.

“O curso inteiro, com várias disciplinas, é inteiramente voltado para a capacitação de qualquer pessoa que tenha interesse na criação de abelhas nativas, seja para fins comerciais, hobby, pesquisas científicas, paisagismo ou qualquer outra área”, falou Gil Viana, técnico agrícola e em meio ambiente, organizador e divulgador dos cursos da Dramel, administrada pelo empreendedor Joaquim Alberto.

A escola está localizada no sítio Doce Refúgio, no km 5 da estrada do Caldeirão, com entrada pela AM 070, km 13 da rodovia Manoel Urbano, no assentamento Nova Esperança – PDS (Plano de Desenvolvimento Sustentável) do Incra.

Segundo Gil Viana, nesse pouco mais de um ano de existência da Dramel, mais de 300 alunos já passaram pela escola e adquiriram conhecimentos sobre meliponicultura.

“Na última sexta-feira do mês realizamos encontros com participantes de diversos municípios do Amazonas. O interesse pela criação de abelhas é muito grande e só tem crescido nesse pouco tempo de existência da escola”, disse.

Futuro empreendimento

Quem pensa que criar abelhas se resume a apenas construir algumas caixas de madeira, colocar abelhas operárias e rainha lá dentro e esperar que elas ‘se virem’ em busca de flores, se engana. O trabalho é bem mais técnico e complexo.

“O curso completo é dividido em dez ou doze módulos, cada módulo com duração de oito horas/aula e cada mês uma matéria diferente”, destacou o instrutor e biólogo João Fernandes.

“Entre os vários assuntos do curso, destaco a legislação ambiental tanto estadual quanto nacional; a biologia das abelhas sem ferrão; manejo da espécie; desafios e perspectivas da meliponicultura no Amazonas; modelos de meliponários; locais para serem instalados; tipos e modelos de caixas (colônias); melhor madeira; legislação e regulamentação da produção e comercialização do mel; e subprodutos como pólen e própolis”, listou.

Os cursos na Dramel buscam ser tão completos, que vão além apenas da produção do mel, mostrando ao aluno como investir de forma segura num futuro empreendimento.

“Destacamos as pesquisas promovidas pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que há anos realiza trabalhos com as abelhas sem ferrão; localizamos onde cada espécie pode se dar melhor; discutimos investimento e retorno num futuro negócio, entre vários outros ensinamentos”, falou Gil.

Os cursos da Dramel são ministrados em três ambientes. Cada turma reúne de 30 a 35 alunos. As aulas teóricas são realizadas pela manhã num mini auditório climatizado. As aulas demonstrativas e práticas acontecem à tarde, em três estações onde os alunos aprendem sobre a colheita do mel, a multiplicação do enxame, o comportamento das abelhas e a estrutura do meliponário.

O terceiro ambiente é um dos setores mais importantes, se não o mais importante do meliponário: o viveiro de mudas com plantas cujas flores são voltadas exclusivamente para o pasto das abelhas.

“O aluno, quando montar seu empreendimento, precisa ter uma área com plantas disponibilizadas somente para as abelhas”, ensinou Gil.

Conscientização ambiental   

“Antes de querer empreender, o aluno precisa adquirir a conscientização ambiental acerca da importância das abelhas nativas e como saber explorá-las de forma racional e sustentável. Uma coisa que deixamos bem claro para os alunos, logo no começo, é que cada caixa de abelhas representa quatro árvores que deixaram de ser derrubadas na floresta amazônica, lembrando que as abelhas são grandes dispersoras de sementes pela floresta”, lembrou.

Gil revelou que alunos pertencentes aos mais variados segmentos profissionais realizam os cursos na Dramel, “mas 60% deles são produtores rurais interessados a agregar um novo negócio à agricultura o que, com certeza, lhes dará algo em torno de 30% a mais em seu faturamento”, assegurou.

Sobre as abelhas estudadas na Dramel, a jupará é bastante conhecida e seu mel muito consumido no interior do Amazonas enquanto a jandaíra tem a característica de ser uma espécie endêmica da região de Manaus.

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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