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Oposição burguesa é o problema

Que haverá uma boa disputa discreta entre os candidatos ao governo do Amazonas, toda a sociedade já espera. Mas guerra mesmo, deverão travar os dois candidatos mais fortes ao Senado federal, Eduardo Braga (PMDB) e Arthur Neto (PSDB), é o que prevê o sociólogo e analista político, Antônio Oliveira.Diante do atual cenário que vem se formando no Estado, Arthur Neto foi, parcialmente, isolado, mas ainda tem a força de ser um político consolidado no Amazonas. O problema agora, é superar a sua condição de oposição burguesa.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, o professor avaliou as dificuldades do atual senador, Arthur Neto que pertence a uma base de oposição com os mesmos pilares da situação e o comportamento distante e morno de Eduardo Braga, que ainda aguarda a decisão do seu partido.

Jornal do Commercio – Acabando com a possibilidade de montar um palanque (forte?) para José Serra, Arthur sai enfraquecido, nacionalmente, por não ter conseguido garantir um importante palanque e regionalmente, por ter permitido ser isolado?

Antônio Oliveira – Acho muito cedo para adiantar isso. Pois, o processo eleitoral só está iniciando e ainda está em jogo muitas outras variáveis que podem interferir direta ou indiretamente no desempenho positivo ou negativo. Arthur Neto é um senador que conquistou um grande prestigio pela sua atuação dentro do PSDB e no próprio Senado. Pode-se dizer que tem atualmente um espaço consolidado.
Na verdade, a candidatura do PSDB a presidente é que nasce relativamente fragilizada, por dois motivos essenciais: 1. em função do poderoso prestigio de Lula com um percentual de popularidade, em final de governo; 2. A falta de discurso da oposição considerando que tanto PSDB quanto o governo do PT têm os mesmos pilares na política econômica. Inclusive José Serra tem se mostrado simpático à maioria dos programas de governo de Lula.
Então, a fragilidade não é propriamente do senador Arthur Neto, mas sim da oposição burguesa que ele representa. Certamente que os passos dados pelo governo na articulação de uma chapa forte aqui no Estado, dissipando o PSB do bloco oposicionista, diminui consideravelmente a capacidade do bloco que estava se formando na oposição, pois Serafim é um político forte sim e agrega novo fôlego e melhora a imagem da chapa diante dos eleitores mais desconfiados.

JC – Quais as dificuldades que a oposição, liderada por Arthur Neto, terá no Amazonas?

Oliveira – As dificuldades já estão ocorrendo quando a oposição se debate em busca de uma alternativa para a disputa ao governo estadual, inclusive com uma grande possibilidade de não ter cabeça de chapa. Isso é um fato real e já cogitado pelo grupo que ficou órfão de candidato majoritário.
Entretanto, a existência de candidaturas governistas ao senado (Eduardo Braga, Vanessa Grazziotin, Marilene Corrêa e Jefferson Praia) acaba favorecendo Arthur Neto que se destaca, sendo o único que oferece isenção e oposição. Mesmo que José Serra não obtenha um bom desempenho aqui, isso não significa que o mesmo venha ocorrer com Arthur Neto.

JC – Arthur corre o risco de perder o seu mandato, na sua opinião? Qual seria o candidato ao senado capaz de ganhar dele?

Oliveira – Sim, pode perder. Isso é um risco real de todos os políticos que vão para uma disputa. No entanto, a tendência é que a disputa se fortaleça com o passar do tempo e o sucesso nas urnas depende do comportamento de cada politico. O que está acontecendo agora são os preparativos para uma disputa. E, nesses preparativos, Arthur Neto está lidando com dificuldades em virtude da inexistência de opções reais para pleitear o governo estadual. Pode-se esperar que ele tenha muito mais dificuldade que em outros anos, quando se elegeu com folga. Porém, com exceção de Eduardo Braga, que tem um peso eleitoral considerável, as outras candidaturas ao senado, também não têm uma avenida pavimentada e o povo tende a manter sua preferência. Terão que lidar com suas dificuldades. E, como são duas vagas, ele tem chances reais de vencer.

JC – O ex-governador Eduardo Braga vai ou não subir no palanque de Omar Aziz, em sua opinião?

Oliveira – O processo de negociação de Eduardo Braga com o Planalto ainda não se encerrou. Essa negociação passa, necessariamente, pelo PMDB nacional. Envolve a própria repartição dos ministérios; a oficialização, ou não, da indicação de um político dos quadros do PMDB à vaga de vice-presidente, e da repartição da fatia que caberá ao partido num futuro governo Dilma Roussef. Braga, nesse momento está tensionando essas negociações, usando o trunfo de vir a lançar uma candidatura paralela de base governista, para decidir. Por isso, aparentemente está distante, deixando Omar Aziz, que pertence a uma outra Sigla, o PMN, manter a sua candidatura. Como subproduto dessas negociações, pode-se ter pelo menos duas possibilidades: 1. Braga decide que vai encampar a disputa pelo governo do Estado e fará campanha abertamente para Omar com toda a maquina do Estado a seu favor. Pois, a maquina do Estado não se resume ao seu aspecto econômico, mas a todo o aparato jurídico-político com que um candidato pode contar. 2. Braga pode se manter distante e até incentivar a candidatura de Omar Aziz, mas não entra na campanha pra valer.

JC -Sem Lula e Eduardo no seu palanque e sem dinheiro para investir em sua campanha, Omar pode montar o palanque para Serra no final das contas?

Oliveira – Acho essa hipótese improvável. Seria uma espécie de suicídio político para Omar. Ele estaria rompendo com o seu grupo de origem e sem nenhuma segurança de ter um resultado positivo. Ajudaria eleger Arthur Neto, mas dificilmente se elegeria.
Omar pode até sair candidato sem a ajuda de Lula, mas dificilmente sairia sem ter pelo menos a promessa de apoio de Eduardo Braga.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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