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O olhar da fotografia que te olha nas ruas

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Há muito nos acostumamos a ver pichações nos viadutos de Manaus. Mais recentemente começaram a surgir belos e imensos grafites feitos por verdadeiros artistas do spray. Mas agora a fotógrafa Dani Cruz quer que os viadutos sejam transformados em galerias ao se tornar a pioneira a expor fotografias num deles.

“Ainda muito pequena tive meu primeiro contato com a fotografia. Minha mãe me presenteou com uma máquina simples, ainda de filme, quando eu tinha oito anos”, lembrou.

Aos 13 anos Dani foi fotografada num estúdio e não gostou nem um pouco da experiência. Somente dois anos depois, após muita insistência da família, a garota se deixou fotografar novamente.

“Surpreendentemente eu gostei e entendi que o fotógrafo pode tanto valorizar quanto desvalorizar uma pessoa numa foto. Isso foi muito importante para eu compreender que preciso valorizar sempre os traços e a personalidade de cada pessoa que me contrata, ou que eu fotografo para uma exposição”, ensinou.

De modelo para fotógrafa foi apenas questão de mudar de lado da máquina fotográfica. Há dez anos Dani fotografa profissionalmente e já participou de várias exposições individuais e muito mais ainda de coletivas, até fora do Brasil, no Canadá, no Buteco Brasil. Faz capas de revistas e já entregou mais de mil álbuns impressos para clientes nacionais e internacionais.

“Eu amo fotografar pessoas, mas também gosto de fotografar detalhes, que passam despercebidos. Posso ir a Paris, por exemplo, e nem fotografar a Torre Eiffel só porque é a Torre Eiffel”, contou.

Exposição fotográfica pioneira

Fotógrafa quer que os viadutos sejam transformados em galerias
 

Depois de expor em shoppings e galerias de Manaus, Dani Cruz resolveu ousar e mostrar suas fotografias em local totalmente aberto por onde, diariamente, passam milhares de pessoas e automóveis, o viaduto da Darcy Vargas com a Maceió.

“A idéia é democratizar a arte, levando a fotografia para os passantes e, de certa forma, homenagear a cidade que tenho tanto orgulho de ter nascido”, explicou.

A exposição se chama ‘O olhar que te olha’ e reúne quase 200 fotos tiradas entre 2016 e 2019, principalmente neste ano.

A exposição fotográfica é pioneira em Manaus e é um convite para a sociedade olhar além das aparências e mostrar a beleza da diversidade.

A intervenção ao ar livre é um desdobramento da exposição de 2016 e também conta com um painel interativo onde as pessoas podem escrever e interagir com a obra.

Sobre a possibilidade de algum vândalo depredar a exposição, ou parte dela, Dani é otimista.

“Há essa possibilidade, mas acredito que as pessoas estão mais respeitosas ultimamente, tanto que praticamente você não vê os grafites serem vandalizados”, revelou.

E Dani não pensa em parar sua exposição apenas no espaço onde está.

“Gostaria de expandi-la no próprio viaduto onde está, porque ainda tem bastante espaço, e fazer um pedido para que outros artistas plásticos utilizem os demais viadutos. Temos tantos artistas maravilhosos em nossa cidade precisando de uma oportunidade para mostrar o seu talento. No futuro pretendo levar ‘O olhar que te olha’ para outras cidades brasileiras e mesmo outros países”, adiantou.

‘O olhar que te olha’ começou em 16 de junho e segue até 15 de julho, no viaduto Miguel Arraes, na av. Darcy Vargas, passando da UEA.

Nós somos os diferentes

A exposição de Dani Cruz foi um dos projetos contemplados no edital Conexões Culturais, de 2017, da Manauscult (Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos), da prefeitura de Manaus.

“A idéia da produção do projeto começou em 2016 depois do convite de uma amiga, que viria lançar um livro infantil sobre a diversidade na infância. Então decidi abranger e fotografar várias pessoas para assim decifrar as histórias de cada um através de seus olhares”, falou.

A exposição também conta com um documentário no qual as pessoas fotografadas revelam seus medos, sonhos, alegrias e julgamentos que já receberam ao longo da vida.

“Eu espero que com a exibição do documentário as pessoas possam refletir melhor sobre o pré-julgamento que tendemos a fazer todas as vezes que vemos alguma pessoa com a aparência diferente da nossa”, disse.

“Às vezes não conseguimos compreender o outro através do olhar, muitas vezes porque estamos julgando esse outro pelo que ele veste, usa ou ouve. Com isso esquecemos totalmente que aquele outro é um ser humano que ri, chora, acerta e erra como todos nós. Para ele, nós somos o diferente”, afirmou.

O documentário será exibido em rodas de conversas, faculdades e escolas para estudantes e artistas, com Dani Cruz falando sobre todo o processo de produção da exposição, desde a formulação do projeto para o edital, à abordagem das pessoas na rua para fotografar.

As histórias mais marcantes dos fotografados estão no Instagram @olharqueteolha.                       

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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