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“Não há cura, mas controle” diz Luciana Lobato sobre diabetes

“Não há cura, mas controle” diz Luciana Lobato sobre diabetes

O diabetes mellitus é uma epidemia global e o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países com o maior número de casos, atrás de China, Índia e Estados Unidos. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença crônica atinge cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil, e esse número tende a aumentar. A enfermidade faz com que o corpo não produza insulina ou não consiga usá-la de forma adequada, sendo este o hormônio que controla a quantidade de glicose (açúcar) no sangue. Essa deficiência eleva os níveis de glicose no organismo causando a hiperglicemia que, a longo prazo, pode danificar vasos sanguíneos, nervos e órgãos.

Para chamar a atenção do problema, desde 1991 o dia 14 de novembro passou a ser celebrado como Dia Mundial do Diabetes, criado pela Federação Internacional de Diabetes a fim de conscientizar o mundo inteiro sobre os problemas associados à doença.

Existem diferentes tipos de DM, incluindo pré-diabetes, DM1, DM2 e diabetes gestacional. Os tipos mais comuns são pré-diabetes e DM2, amplamente influenciados pelo excesso de gordura corporal, dieta inadequada e sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. O DM2, antes uma doença que só surgia no início da idade adulta, atualmente está crescendo entre adolescentes e crianças.

Para explicar mais sobre o assunto, o Jornal do Commercio entrevistou a doutora Luciana Lobato, especialista em endocrinologia e metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Jornal do Commercio: Há alguns anos não se ouvia falar em diabetes, agora, quase todo mundo diz ter diabetes. O que houve?

Luciana Lobato: Houve, de fato, um aumento no número de casos de diabetes mellitus nas últimas décadas, e isso ocorreu no mundo todo. Esse aumento se deve, principalmente, a mudanças nos hábitos das pessoas, que se tornaram menos ativas e passaram a consumir alimentos ricos em carboidratos e gorduras, levando ao sobrepeso e obesidade, os fatores mais importantes para o surgimento do diabetes mellitus tipo 2, o tipo mais frequente.

JC: O que é o diabetes e por que há vários tipos?  

LL: Diabetes mellitus é um conjunto de alterações que têm como característica em comum a presença de níveis altos de glicose no sangue (hiperglicemia). Os tipos de diabetes são definidos de acordo com a causa, por exemplo, o diabetes tipo 1 tem como principal causa a inflamação do pâncreas, o que leva a deficiência de insulina, hormônio responsável pelo controle dos níveis de açúcar no sangue (a glicose). Já no diabetes tipo 2, a pessoa produz e libera a insulina, porém esta não consegue agir de forma eficiente, é o que chamamos de resistência à insulina, e o principal fator para o seu surgimento é o excesso de peso.

JC: Qualquer pessoa pode adquirir diabetes’, e só se adquire através da ingestão de açúcar?

LL: Sim, qualquer pessoa pode adquirir o diabetes, mesmo quem não tem ninguém na família e quem não consome açúcar. Qualquer tipo de alimento, seja gordura, proteína ou carboidrato, se consumido em excesso, pode levar ao diabetes.

JC: Como saber que se está com diabetes? Tem algum sintoma?

LL: Só podemos diagnosticar o diabetes através do exame de sangue. São considerados níveis de diabetes quando a glicemia, em jejum, está igual ou maior que 126 mm2/dl; em outros horários do dia, se igual ou maior que 200mg/dl. Os principais sintomas são perda de peso repentina, vontade de urinar frequentemente e sede excessiva. A pessoa pode sentir também tontura e cansaço, além de ter infecção urinária e candidíase vaginal repetidas vezes.

JC: Uma vez com diabetes, sempre com diabetes?

LL: Sim. Ainda não há cura, mas sim o controle. É possível retornar aos níveis normais da glicose no sangue, dizemos então que o diabetes está controlado. O tratamento com medicamentos avançou muito nos últimos anos, e hoje temos a oportunidade de reduzir as chances de doenças cardíacas e renais, além das alterações oftalmológicas e amputações.

JC: Quais são os tratamentos para os vários tipos de diabetes, ou basta deixar de se consumir açúcar?

LL: No diabetes tipo 1, o tratamento é feito basicamente com insulinas, na maioria das vezes há a necessidade  de mais de três aplicações por dia. No diabetes tipo 2, utilizamos os medicamentos orais e alguns medicamentos injetáveis não insulínicos. E, claro, alimentação balanceada e exercícios são indicados para todos.

JC: Acredito que todas as pessoas no planeta gostam do sabor doce. Qual o doce que podemos consumir sem medo de adquirir diabetes?

LL: Não há restrição aos doces de forma específica. O que recomendamos é manter uma alimentação balanceada, sem excessos, e a prática regular de exercícios físicos estruturados. Essas são as medidas que comprovadamente previnem o diabetes mellitus.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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