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Mercado pet em ascensão

Com grande potencial de crescimento, o mercado pet vem despontando no Brasil. Não à toa pesquisa do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, revela que houve um incremento de mais de 46% e entre as micro e pequenas empresas, o aumento foi de cerca de 39%, em todo país, somente no primeiro semestre de 2021. Números da Jucea (Junta Comercial do Estado do Amazonas) indicam 119 novos negócios este ano, superando 2019 com 78 novos estabelecimentos  e 2020 com 84.

Felipe Rudhja, diretor distrital  da Abhv (Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários), há 15 anos atuando no mercado, inaugurou recentemente mais uma unidade da Buldogue Verde, somando a outras duas. Para ele, o mercado local é excelente, diferente de outros estados. “Somos uma empresa regional, com isso a gente consegue entender o mercado e o comportamento do cliente do nosso Estado. O mercado pet exige um atendimento mais personalizado”. 

Segundo ele, cada região tem as suas especificidades em relação ao atendimento. No Amazonas, o perfil do cliente é diferente. “Dados de pesquisa apontam esse tipo de atendimento diferenciado nosso Estado”. 

O comportamento do mercado motivou a expansão de novas unidades. “A gente percebe que o consumidor está centralizado nos bairros. Evitam grandes avenidas, lugares que não precisam se deslocar muito para comprar ou utilizar esse tipo de serviço que tem que levar os pets até esses locais. Isso facilita o acesso dos clientes às unidades. A gente percebeu que é muito mais vantajoso estar próximo do cliente e o grande objetivo da expansão é esse”.  

De acordo com o representante do segmento, a cada ano tem um aumento expressivo entre 15% a 20% e ele já prevê um incremento acima de 20% para 2022. “Além de ter aberto mais uma unidade, a gente também está projetando trabalhar com e-commerce e fortalecer outras estratégias de vendas”. Ele enfatiza que durante a pandemia o setor se manteve firme, na contramão de outros segmentos, inclusive inaugurou  um estabelecimento no período. Mais recentemente abriram uma nova unidade. “A pandemia trouxe o pet para perto das pessoas. Muita gente adotou um animal doméstico durante o período. A gente nota um outro comportamento. Os bichinhos passam a ser ainda mais  grandes companheiros das famílias”. 

Desde o início da série de pesquisas que mede o impacto da Pandemia do Coronavírus nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) a partir de 2020, o mercado pet foi o que apresentou uma das menores quedas de faturamento. O gerente-adjunto de Competitividade do Sebrae, Cadu Santiago, destaca que o isolamento ocasionado pela pandemia e a maior adoção do home office acabou favorecendo essa atividade. “Já era um segmento que era forte por si só, que já vinha com uma tendência de alta antes da pandemia, e por ser um dos menos atingidos, acabou motivando empreendedores a investirem nesse nicho”, comenta Santiago.

De acordo com o gerente-adjunto de Competitividade do Sebrae, muitas pessoas que se viram obrigadas a empreender para ter uma opção de renda acabaram escolhendo o mercado pet para começar um negócio. “Houve um aumento muito grande no empreendedorismo por necessidade, e principalmente para esse tipo de empreendedor, é importante que eles tenham um bom planejamento e se preparem adequadamente para se manter no mercado, pois apesar do aumento da demanda, também houve um aumento da concorrência”, observa.

Demanda contínua

Para o empresário do segmento Júnior Souza, o mercado deu um salto em relação à demanda. “Obervamos um cuidado a mais dos tutores em relação aos cães. A gente aproveita essa carona para proporcionar um serviço de qualidade e com valores acessiveis”, conta ele. Na mesma proporção que a procura aumentou, ele diz que o cliente está cada vez mais exigente. “Quando se trata de animais de estimação, a qualidade do serviço é o diferencial, além do custo que caiba no bolso do consumidor”. O banho e tosa no estabelecimento dele  custa em média R$ 60 a R$ 70. “Oferecemos de tudo um pouco”, 

A empresa comercializa acessórios, alimentação e medicamentos para os animais e oferece serviço de táxi dog. “O mercado pet é promissor porque os números mostram que os animais de estimação fazem parte da família brasileira, e eles convivem e sobrevivem cerca de cinco a quinze anos nesses lares”. 

Outros dados

É nítido o incremento do setor. Segundo o IPB (Instituto Pet Brasil),  puxado pelo faturamento do pet food, o setor de produtos e serviços para animais de estimação deve chegar a um faturamento de R$ 49,9 bilhões em 2021. O levantamento projeta o valor total do ano com base no 1º semestre, e representa uma alta de 22,1% em relação à movimentação do ano passado. 

Em comparação à previsão baseada no primeiro trimestre, houve aumento na projeção. A partir dos dados compilados até março de 2021, a expectativa era de R$ 46,5 bilhões em 2021.

Pet shops pequenos e médios continuam a ser o principal canal de acesso aos produtos, representando praticamente metade de todas as vendas do setor (48%); seguidos por clínicas e hospitais veterinários (17,9%); agrolojas (10,2%); varejo alimentar (8,9%); pet shops de grande porte (7,4%); e-commerce (5,4%); e outros como clubes de serviço, lojas de conveniência, entre outros (2,2%). Como destaque, o comércio eletrônico também continua a crescer, indicando uma mudança progressiva de hábitos das famílias que possuem pet em casa. Em 2020, esse canal de acesso representou 4,6% das aquisições de produtos, mas cresceu isoladamente 25% em relação a 2019. 

Em 2020, a quantidade de empresas do setor pet brasileiro ultrapassou 272 mil estabelecimentos, sendo 62,1% presentes nas cadeias de distribuição, que compreendem pontos de vendas como pet shops, consultórios e clínicas veterinárias, agrolojas e o varejo de alimentos. O restante dos estabelecimentos é composto por indústrias (0,2%) e criadores (38,6%). 

Isoladamente, o varejo pet especializado registrou um estoque de mais de 40 mil estabelecimentos no Brasil. Dentre esses, a maior parte está na categoria de pet shop do tipo loja de vizinhança (80,5%), que se caracteriza por apresentar faturamento médio de R$ 60 mil a R$ 100 mil, possuir até quatro funcionários e oferecer cerca de 30% de cobertura do mix de produtos pet. 

Por dentro

Em 2019, o Amazonas detinha 1,1% da população brasileira de animais de estimação, sendo mais de 868 mil cães e mais de 382 mil gatos. Peixes ornamentais e aves canoras são cerca de 471 mil. Além de 230 lojas que vendem rações e acessórios para pets, cerca de  20 clínicas especializadas fazem parte desse mercado. 

Segundo o IPB, em ano pré-pandemia,  a região Norte concentrava  6,3% da população nesse setor, ao menos 1.700 lojas comercializam produtos ou oferecem serviços para animais de estimação. Cerca de 6% do faturamento do mercado pet geral do país vem da região Norte. que divulgou os dados regionais do mercado pet em todo o território nacional.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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