Em tempos de crise, ou aperto econômico, que é o caso do Brasil e do mundo hoje, evitar desperdícios é essencial, principalmente para as linhas de produção, pois isso pode significar redução de gastos. Sobre este tema, o Programa/podcast Jaraqui com Economia recebeu na última quarta-feira o Professor e Consultor, Gilson Afonso, especialista em ‘Lean Manifactoring’ ou produção enxuta.
Em bate-papo com os apresentadores e economistas de renome no Amazonas, Michele Aracaty, Mourão Júnior e Jefferson Praia, Gilson Afonso começou falando que não há produção sem desperdício, que não possa melhorar ainda mais e que todos os colaboradores devem aderir à meta. Mas, para começar sua abordagem, ele citou o conceito moderno criado pelos japonses, principalmente dentro da multinacional Toyota, que se baseia em 8 desperdícios: transporte; inventário (estoque); movimentação; espera; produção em excesso; atividade em excesso; não utilização de 100% da capacidade humana e defeito. “As pessoas costumam achar que desperdício é fabricar um item com defeito. Isso já está ultrapassado há muito tempo. Hoje lidamos com oito desperdícios que na verdade são interligados e um pode gerar o outro, de forma desequilibrada. Devemos otimizar nossos processos, ser eficientes e eliminar o desperdício e atender bem aos clientes”, ensinou.
Mas, e aí, pegamos todas essas informações e jogamos para o contexto peculiar do Amazonas. Como não fazer estoques e otimizar o transporte com a realidade que a região impõe as empresas locais?
Para o especialista, há vários problemas como a logística na região que afeta a produtividade, sim, mas as empresas no Amazonas não estão tão ruins em termos de produtividade. “Temos muito o que melhorar, mas não estamos em um momento ruim da produtividade. Inclusive, podemos apontar a presença de empresas com nível de excelência no âmbito do Polo Industrial de Manaus”, revelou.
Sobre o fator “pessoas” dentro de uma empresa, o consultor lembrou que, segundo o Modelo Toyota, o certo é focar no problema e não nas pessoas. “Pessoas podem soluções para o problema, inclusive. Demissão para redução de gastos é um erro grotesco, por que, muitas da vezes, estas mesmas pessoas podem lhe trazer a solução. É a gestão que tem de dar as ferramentas para as pessoas deslanchar”, afirma, lembrando que no Modelo Toyota, há um desenho de referência de uma casinha e no centro dela está uma pessoa. “É preciso ter respeito pelas pessoas. Tudo faz parte de um modelo de implementação, com ferramentas para atender um cliente, mas no centro da casinha estão as pessoas”, ensina.
O consultor possui formação fora do Brasil e garante que a percepção da qualidade e de problemas é igual no mundo todo. “Você encontra os mesmos problemas e dificuldades em todo lugar do mundo, mas de fato, essa questão da qualidade passa, sim, pelas pessoas que precisam estar alinhadas e engajadas. Essa habilidade de trazer as pessoas para o programa de melhoria é importantíssimo. Não adianta ter só a ferramenta, a empresa precisa estar aberto a ouvir as pessoas”.
Durante a entrevista, Gilson falou um pouco sobre duas ferramentas de lean manufactoring: kanban (gestão visual, geralmente de materiais) e kaizen (sinergia onde se busca uma solução para um problema imediato ou não). Mas, como ele mesmo fez questão de frisar, são muitas as ferramentas, mas se você não sabe usá-las, de nada adiantam.
Seja uma empresa pequena ou uma grande indústria, sempre há o que melhorar. Seja em tempos de crise, ou fartura econômica, sempre há desperdício que se possa eliminar. Então, porque não começar já?
Sobre o programa
O programa/mesacast Jaraqui com Economia, há 6 anos no ar, é um projeto de extensão das atividades da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), com parceria do Jornal do Commercio e UniNilton Lins, falando de economia, com possibilidade da participação de estudantes da instituição acadêmica e contribuição para o desenvolvimento regional.
A gravação e transmissão é realizada pelo site www.jcam.com.br e pelas redes sociais do Jornal do Commercio (@jcommercio). Vai ao ar às quartas-feiras com apresentação e produção dos docentes e economistas Mourão Júnior, Jefferson Praia e Michele Aracaty.
Por Lilian D’Araujo-Corrêa
@lydcorr
