A culinária italiana, com suas pizzas, pães, massas e vinhos é admirada em todo o planeta, por isso a importância de um chef, admirador do país da bota, pertencer à Federazione Italiana Cuochi, que em Manaus ainda tem acrescido a palavra Nord (Norte, em italiano), por ser a sede da Federação no Norte.
“Temos diretorias da Federazione em todo o país. O único Estado do Norte que ainda aguarda a nossa presença é Roraima”, informou o chef Márcio Dutra da Gama Pitillo, diretor da FIC Nord.
“Sou filho e neto de italianos. Meu avô Giovanni Pitillo chegou a Manaus fugindo da pobreza, na Itália, em 1910, trazendo meu pai Antônio ainda bebê. Em Manaus, meu pai casou com uma cabocla de Barreirinha, Otília, e nasci dessa mistura”, riu.
Márcio é chef há 25 anos. Já morou em Campinas/SP, fez cursos de gastronomia na Itália, onde se tornou mestre chocolatier e em cozinha italiana. O chocolatier é um profissional que estuda o chocolate do cacau até como preparar os chocolates mais finos. Em 2004 Márcio voltou a morar em Manaus. Teve um restaurante, fechado na época da pandemia, e agora está montando uma cafeteria.
“Faço consultorias e dou aulas sobre culinária italiana, cozinha contemporânea clássica e produção de massas frescas e caseiras”, falou.
Em 2020 Márcio conseguiu trazer a Federazione para Manaus e desde então tem trabalhado para atrair mais federados e tornar a Federação atuante no cenário local.
“Na Itália, a FIC é uma instituição muito respeitada e de grande prestígio. Existe desde 1968 e é a única instituição certificada pelo governo italiano para representar a culinária do país pelo mundo”, contou.
Seja um federado
No Brasil, a FIC existe desde 2006 e, atualmente, reúne mais de 800 chefs. Em Manaus, com apenas três anos de atuação, a FIC Nord tem doze federados.
“Para fazer parte da Federazione não necessariamente precisa ser chef. Pode ser um sommelier, um estudante de gastronomia, uma empresa que trabalhe com alimentos. O importante é querer ter uma afinidade com a cozinha italiana. O foco principal é o aperfeiçoamento profissional através de cursos, que o federado poderá fazer em todo o Brasil, e até no exterior, sem pagar nada, porque esses custos já estarão incluídos na anuidade que o federado paga”, afirmou.
“Outro dos objetivos, de acordo com as regiões do país, é fazer a fusão da culinária italiana com a culinária de cada região, como no nosso caso, com a amazônica, que é tão rica quanto a deles”, relatou.
Para se tornar um federado da FIC, a avaliação prévia começa por Manaus. Depois o currículo do interessado, com essa avaliação, será enviado para a sede central da FIC no Brasil, em São Paulo.
“O estatuto da FIC italiana é o mesmo adotado em todas as sedes e diretorias, existentes pelo mundo. Lá estão descritas as regras que devem ser seguidas pelos federados como, por exemplo, usar o dólmã padrão em todos os eventos que o federado for representando a instituição”, avisou.
“Quando o federado completa 25 anos na FIC, recebe um colar de honraria e um diploma de reconhecimento pela sua dedicação e profissionalismo, além de ganhar o título de Máster Chef, que lhe imputa respeito em qualquer ambiente gastronômico que frequente no mundo”, disse.
A FIC ainda não tem uma sede física, em Manaus, e os interessados em se tornar federados podem solicitar mais informações pelo: 9 8279-8932.
Há 125 anos
Márcio é membro da comunidade italiana em Manaus e lembra que este ano a imigração italiana para a Amazônia está completando 125 anos.
“Não sabemos exatamente quando o primeiro, ou os primeiros italianos, vieram para a Amazônia e para o Amazonas. Essa data se refere a documentos de 1898, que mostram famílias chegando à região, mas não temos como comprovar que foram as primeiras. Quem sabe se por volta de 1870, quando o comércio da borracha começou a se expandir para os Estados Unidos e Europa, e muitos europeus vieram para cá, se também não vieram italianos”, lembrou.
Estima-se que cerca de sete milhões de italianos vieram para o Brasil entre 1870 e 1920.
“Naquela época a Europa era um continente pobre, tanto que muitos italianos viajavam para os Estados Unidos e o Brasil em busca do enriquecimento, e alguns conseguiram, como Matarazzo, Martinelli, Bauducco, em São Paulo”, listou.
Os italianos que vieram para Manaus não queriam trabalhar nos seringais. Seu interesse era ganhar o dinheiro que circulava na cidade enriquecida pelo comércio da borracha. Aqui trabalharam como pedreiros, sapateiros e alfaiates. Possivelmente se interessaram em vir para a região a partir de 1897 quando a empresa de navegação ‘Ligure Brasiliana’, de Gênova, inaugurou uma linha com três vapores que, saindo dessa cidade, passava por Belém e Manaus, seu último destino.
Alguns dos sobrenomes que até hoje indicam a ascendência italiana no Amazonas são Demasi, Russo, Biase, Pascarelli, Calderaro, Limongi, Figliuolo, entre outros.
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