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Intenção de Consumo das Famílias cai 8,2% em Manaus

A confiança do consumidor de Manaus encolheu novamente, em junho, mês do Dia dos Namorados. O número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) foi na direção contrária da registrada pela média nacional, que apresentou ligeira melhora, a despeito de também se manter em nível de insatisfação. Na capital amazonense, o recuo do indicador foi de 8,2%, com piora acentuada na percepção sobre consumo e renda, assim como nas perspectivas de compras. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 43,6 para 40 pontos, entre maio e junho, e ainda ficou devendo em relação ao placar de 12 meses antes (56,5 pontos) – quando a cidade já entrava no primeiro ciclo de reabertura de comércio e serviços, após a primeira onda. Pela 14ª vez seguida, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos), sendo a terceira em que não supera os 50 pontos. Na média brasileira (67,5 pontos), o indicador subiu 2,1% em junho e ficou 2,6% inferior ao dado do mesmo período de 2020. Apesar da melhora, foi o menor nível desde agosto do ano passado e o pior junho desde 2010.

Para a capital amazonense, foi o pior número em mais de 12 meses. Seis de seus sete componentes retrocederam na variação mensal e se mantiveram no patamar de insatisfação. As retrações foram puxadas pelos níveis de consumo atual (-14,8%) e de renda atual (-13,9%), além das perspectivas de consumo (-13,6%) e profissional (-10,9%). A lista de dados negativos se completa com emprego atual (-9,5%) e compra a prazo/acesso ao crédito (-3,7%). O único crescimento veio de “momento para duráveis” (+0,3%).

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista (12,6 pontos). Nada menos do que 91,8% estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem menos do que dez salários mínimos (92%). Apenas 4,4% dizem que estão consumindo mais – com predomínio das famílias mais ricas (6,3%). Os outros 3,8% afirmaram que está tudo na mesma. 

Outro entrave vem das avaliações sobre a renda familiar atual e a perspectiva de consumo (ambos com 26 pontos). Ao menos 80,5%, dizem que a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 6,6% viram melhora e os outros 12,9% apontaram empate. Para 83,7%, por outro lado, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses, quando comparado ao de um ano atrás. Uma parcela de 9,7% aposta que ainda será maior e outros 6,6% avaliam que seguirá igual. 

Emprego e crédito

Embora comparativamente melhor, a percepção sobre a situação atual do emprego (64,9 pontos) também andou para trás. A maioria ainda se sente “menos segura” (43,9%) ou simplesmente está desempregada (23,6%), enquanto 23,4% não viram mudanças e apenas 8,8% se dizem “mais seguros”. Na perspectiva profissional (44,4 pontos), a percepção majoritária é negativa (76,3%), em detrimento dos otimistas (20,7%) e dos indecisos (3,1%). O pessimismo é maior para as famílias que ganham mais no primeiro caso (45%), e para as que recebem menos, no segundo (77,8%).

A insatisfação também foi reforçada em relação à situação atual do crédito (58,6 pontos). Para 64,8%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 23,3% dizem que ficou mais fácil e uma minoria aponta estabilidade (11,9%). O cenário não é muito melhor na visão do “momento para aquisição de bens duráveis” (47,8 pontos), já que 75,5% das famílias garantem que esta não é a melhor hora para tanto e só 23,3% têm opinião contrária. Em ambos os casos, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias mais pobres (65,7% e 75,5%, na ordem).

Otimismo e desemprego

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, observa que a pesquisa da CNC aponta uma melhora para a média nacional, embora ainda “tímida” e aquém do que poderia se esperar para o período. O dirigente lembra que a renda dos brasileiros ainda não retomou vigor e, não obstante a melhora nas vendas do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, ainda há um “clima de insegurança” e de desestímulo entre os consumidores.

No entendimento do dirigente, apesar dos dados da CNC, a tendência do varejo local ainda é de retomada. “No Amazonas, vivenciamos uma situação um pouquinho melhor e mais otimista. É claro que, lamentavelmente, o nível de desemprego continua alto. Mas, estamos sentindo que as vendas estão melhorando, aos poucos. Isso já se pode medir pelo desempenho do varejo, que foi além do esperado nas duas datas comemorativas. Além disso, a antecipação do 13º salário pela Prefeitura de Manaus, assim como os demais, é mais uma força para a recuperação do comércio”, ponderou.       

“Efeito dominó” 

Em texto distribuído à imprensa, e postado no portal de internet da entidade empresarial, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, destaca que as famílias brasileiras registraram expectativas positivas sobre o mercado de trabalho, tanto no curto, quanto no longo prazo, o que permitiu a retomada no consumo. “A confiança no emprego é o que tem mantido as pessoas consumindo na pandemia. Quando há deterioração nas empresas, acontece um efeito dominó que impacta o orçamento das famílias e impede o acesso”, frisou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que os números indicam que a população não pode e não quer deixar de consumir. “Em junho, temos uma data importante para o varejo e o setor de serviços, que é o Dia dos Namorados. Este ano, ela voltou a ficar aquecida, mesmo com a circulação afetada. Acreditamos que, com o avanço da vacinação no país, a gente possa chegar a um cenário muito mais próspero no fim do ano”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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