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INPA lança ´Guia de Sapos da Floresta Nacional de Tapajós´

Você gostaria de ter um sapo como animal de estimação? Certamente, a quase totalidade das pessoas dirá que não. Um bichinho inofensivo, mas feio. Até o príncipe foi transformado num sapo como se este fosse a pior das espécies animais. Porém, os sapos, também rãs e pererecas (anfíbios), são de extrema importância para o equilíbrio da natureza, pois controlam a população de insetos e de outros animais invertebrados, além de servirem de comida para muitas espécies de répteis, aves e mamíferos.

Na Amazônia, até agora, são conhecidas mais de 427 espécies de anfíbios, e novas espécies não param de ser descobertas, a mais recente foi a de uma rã, em 2019, batizada de Allobates tinae.

Com tanta variedade de espécies e tamanha importância para o ecossistema amazônico, há muito os anfíbios são objetos de estudos do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que acabou de lançar o ‘Guia de Sapos da Floresta Nacional do Tapajós’.

O Guia foi desenvolvido por quatro profissionais apaixonados por anfíbios, a doutoranda em ecologia do Inpa, Kelly Torralvo; o egresso do Instituto, que atualmente faz parte do laboratório de ecologia e comportamento animal da Ufopa-Lecan, o biólogo Rafael de Fraga; e os pesquisadores do Inpa Albertina Lima e William Magnusson. Todos são vinculados ao PPBio (Programa de Pesquisas em Biodiversidade) e INCT-Cenbam (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica) do Inpa.

“Esperamos que o guia desperte o interesse e o olhar para as espécies, recrutando novos aliados na conscientização da preservação e da importância da floresta em pé”, falou Kelly Torralvo.

Sapoteca

Além do Guia, desde 2012 o Inpa possui a Sapoteca (https://ppbio.inpa.gov.br/sapoteca/paginainicial), uma página na internet onde são disponibilizadas as mais variadas informações sobre os anfíbios amazônicos. A página foi coordenada por William Magnusson. A coleção de espécimes disponibilizadas têm como intuito principal fornecer uma ferramenta permanente que pode ser utilizada tanto por cientistas, quanto por um professor que queira dar uma aula sobre o assunto, a curiosos. Na Sapoteca cada espécie é acompanhada de foto, vídeo e o som que estes animais emitem.

A Sapoteca começou com informações sobre 40 espécies de sapos, mas atualmente já são mais de 100, com nome científico, galeria de fotos, vídeos, sons para download, sonograma (gráfico que representa visualmente o som emitido pela espécie) e indicações de artigos científicos relacionados, além de um acervo com centenas de arquivos de áudio e dezenas de vídeos catalogados.

Também em 2012, o Inpa lançou a segunda edição ampliada de um guia das espécies dos anfíbios da Reserva Adolpho Ducke. O guia continha informações sobre dezenas de espécies, assim como informações básicas sobre biologia, relações evolutivas e ecologia. Com uma linguagem simples, permitindo atingir um público amplo, e também no formato bilíngue (português e inglês), com rico material didático sobre a biodiversidade na Amazônia.

Flona do Tapajós

Para este novo Guia, os pesquisadores do Inpa saíram do Amazonas e foram até o Pará, especificamente para a Floresta Nacional do Tapajós, onde buscaram as espécies de sapos.

O Guia é composto por doze capítulos onde são apresentadas as principais características da Flona do Tapajós, boas práticas turísticas que podem ajudar de forma sustentável a conservação de áreas protegidas e definições e relevantes diferenças entre sapos, pererecas e rãs. Traz ainda uma detalhada identificação das partes dos corpos dos sapos, além de uma apresentação de oito famílias de sapos, totalizando a descrição de 47 espécies de anfíbios. Duas espécies desse grupo chamam atenção no Guia: a Boana icamiaba, da família Hylidae, cujo nome é uma homenagem às lendárias guerreiras amazônicas; e a espécie Rhinella major que pode se reproduzir em pequenas poças, mas alguns indivíduos nadam mais de 700 metros para colocar seus ovos no meio do rio Tapajós, que corta a Flona, área protegida pelo Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) e gerida pelo ICMBio. Atualmente com 527.319 hectares de extensão e abrigando cerca de quatro mil moradores, a região oferece condições ideais para que diferentes atividades sustentáveis sejam desenvolvidas, como manejo florestal, extração de látex (borracha), extração de óleos de andiroba e copaíba, produção do ‘couro’ ecológico a partir do látex, biojóias, móveis artesanais, comercialização de açaí in natura, produção de polpas e licores de frutas, produção de farinha, produção de mel, criação de peixes e o ecoturismo. Além dos sapos, várias outras espécies animais permanecem protegidas dentro da Flona do Tapajós.

O Guia foi editado pela Editora Inpa e o e-book já está disponível no Repositório Digital, com acesso gratuito: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/38286. Em breve, o trabalho impresso também será disponibilizado ao público.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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