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Indústria do Amazonas desacelera em dezembro

Depois de meses seguidos de aquecimento, a indústria do Amazonas desacelerou na reta final do ano e amargou retrações em UCI (utilização da capacidade instalada), horas trabalhadas e massa salarial, com números abaixo da média nacional. Saiu-se melhor no emprego, que cresceu em todas as comparações, e no faturamento, que apresentou performance superior à de 2019, a despeito da perda de fôlego ante novembro. É o que revelam os dados locais referentes à pesquisa dos Indicadores Industriais da CNI, compilados pela Fieam e fornecidos à reportagem do Jornal do Commercio.

O faturamento real da manufatura amazonense caiu 5,6% na variação mensal, em um resultado bem mais amargo do que o de novembro (+13,3%). Confrontadas com dezembro de 2019, as vendas decolaram 72,7%. Com isso, as fábricas encerraram o ano com saldo positivo de 27,6%, a despeito da pandemia. Na média brasileira, o setor subiu 1,6% ante novembro de 2020 e escalou 13,2% em relação a dezembro de 2019, conseguindo fechar o ano no azul, com acréscimo de 0,8%. 

O melhor dado para o Amazonas veio do emprego. O saldo de contratações das fábricas instaladas no Estado, por outro lado, subiu 1% na comparação com novembro –ante os +0,3% anteriores –e teve acréscimo de 12,4% no confronto com o mesmo mês do ano passado, além de ter sido 9,8% melhor na base acumulada. A indústria nacional perdeu em todas comparações, ao pontuar 0,2%, zero e -2,1%, respectivamente.

O mesmo não pode ser dito das horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense. Depois da elevação anterior (+2,4%), o indicador submergiu 16% ante novembro, comprometendo o ganho anterior. Na comparação com a marca de 12 meses atrás, o indicador recuou 4,4%, contribuindo para um fechamento negativo de 2%, no acumulado de janeiro a dezembro. Na média brasileira, o setor teve ganhos respectivos de 2,5% e de 9,7%, nas variações mensal e anual. O desempenho, contudo, foi insuficiente para salvar o aglutinado do ano do vermelho (-4,1%). 

Outro desempenho negativo em todas as frentes veio da massa salarial da manufatura amazonense. Houve retração de 3,7% na comparação com novembro e regressão de 18,5% na variação anual, consolidando um decréscimo de 7,2% no acumulado dos 12 meses do ano passado. A média nacional não apontou números muito melhores, ao assinalar quedas de 0,8% na variação mensal, de 5% no confronto com dezembro de 2019, e de 5,6% no aglutinado de 2020.

Já a utilização da capacidade instalada da indústria  amazonense –que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção –amargou decréscimo de 3,9 pontos percentuais entre novembro (72,6%) e dezembro (68,7%). O tombo foi ainda maior na comparação com o dado de dezembro de 2019 (82,7%), situando a UCI média do ano (72,4%) 1,8 ponto percentual abaixo do patamar apresentado ao final de 2019 (74,2%). Em contraste, o indicador avançou para 80,6% em âmbito nacional, superando a média do ano (76,4%), superando também novembro de 2020 (79,9%) e dezembro de 2019 (77,8%).

Retomada sem consolidação

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, assinala que o resultado de dezembro mostra continuidade na trajetória de recuperação da indústria brasileira, que teve início logo após as “fortes quedas de maio e abril”. De acordo com o economista, a recuperação do setor durou todo o segundo semestre, embora o estudo aponte mais uma reação à pandemia, do que a fotografia de “setor sem problemas no pós-crise”, dado que a retomada ainda não está consolidada.

Na análise do gerente de Análise Econômica da CNI, a queda na massa salarial e na renda em dezembro, por outro lado, são resultados dos meses mais críticos da pandemia. Normalmente há o pagamento de 13º salários e um maior número de férias em dezembro de cada ano, o que aumenta a massa salarial e os rendimentos pagos aos trabalhadores. Mas, Azevedo lembra que 2020 foi um ano atípico.

“Devido a pandemia, em 2020, tivemos uma antecipação de férias, de férias coletivas e de pagamento de 13º salário para lidar com os problemas da crise sanitária. Dessa forma, esses pagamentos foram feitos ao longo do ano, sobretudo nos meses mais críticos da crise e, por isso, ocorreu essa queda em dezembro”, explicou. 

Segunda onda

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, considera que os números locais da pesquisa da CNI denotam que a indústria local encerrou 2020 em “leve recuperação” após o período de “alta retração”, nos meses de abril, maio e junho, período da primeira onda de covid-19 no Amazonas e dos impactos na economia do Estado.

“Foi o pior momento da crise sanitária em 2020, desconsiderando o atual momento. Em linhas gerais, a pesquisa indica que o faturamento, tanto acumulado, quanto no comparativo com dezembro de 2019, foi superior. De igual modo, o número de empregados também se manteve estável, após o declínio nos meses mencionados. Em 2021 a expectativa é de que possamos, a partir da vacinação em massa, retomar as atividades industriais em nível crescente. Mas, tudo depende também do comportamento da pandemia nesses primeiros meses do ano”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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