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Indústria do AM desacelera na produção e nas vendas em junho

A indústria do Amazonas encerrou junho com nova desaceleração no faturamento e no uso da capacidade instalada do setor. Ambas as retrações foram acompanhadas por um movimento cadente mais forte nas horas trabalhadas. Os empregos, contudo, experimentaram um mês de estabilidade, sendo acompanhados de um ganho de dois dígitos na massa salarial. O parque industrial amazonense ficou acima da média nacional apenas no último quesito. É o que revelam os números locais dos Indicadores Industriais da CNI, compilados em parceria com a Fieam.

Conforme a estudo, o faturamento real da manufatura local encolheu 3% na variação mensal. Ainda assim, foi um tombo bem mais suave do que o capturado no levantamento precedente (-24,9%). Confrontado com o valor de junho de 2020 – mês de início dos ciclos de reabertura de comércio e serviços no pós-primeira onda –, as vendas decolaram 194,7%. No semestre, o aumento foi de 180%. Na média brasileira, a retração mensal (-0,9%) foi mais baixa, assim como os incrementos anual (+13,4%) e acumulado (+17%). 

Em paralelo, as horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense caíram 6,3%, entre maio e junho deste ano, em desempenho igualmente superior ao dado anterior (+3,4%). Na comparação com a marca de 12 meses atrás, o indicador ainda se apresenta no azul (+7,8%), segurando o acumulado em alta de 29,2%. Em todo o país, o setor foi na direção contraria na variação mensal, com um virtual empate (+0,3%) e foi melhor nas demais comparações (+17,8% e +15,7%, respectivamente). 

A UCI (utilização da capacidade instalada) da indústria amazonense – que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção – voltou a entrar em campo negativo (-2,37%), entre o quinto (80,1%) e o sexto (78,2%) mês deste ano, após colher seu melhor resultado de 2021 no mês anterior. Em relação a junho do ano passado (69,3%), houve expansão de 12,84%. Na média do acumulado do ano (75,25%), ficou 2,1 pontos percentuais acima da marca do mesmo intervalo de 2020 (73,15%), segundo análise da Fieam. Em contraste, o indicador nacional avançou de 82% para 82,9%, na variação mensal dessazonalizada, além de ficar acima da marca de junho de 2020 (73,8%).

Empregos e salários

Os dados relativos à mão de obra da indústria do Amazonas, por outro lado, emplacaram o primeiro mês no campo positivo, após quatro quedas seguidas. O saldo de contratações das fábricas instaladas no Estado foi zerado, na comparação com maio de 2021, um dado mais ameno do que a anterior (-0,6%). No confronto com o mesmo mês do ano passado, houve um novo acréscimo de 6,1%, fortalecendo o acumulado dos cinco meses iniciais (+8,1%). Em âmbito nacional, houve novo incremento mensal consecutivo, embora novamente modesto (+0,5%), sendo acompanhado pelos respectivos comparativos (+6,6% e +3,2%).

Já a massa salarial da manufatura amazonense interrompeu uma sequência de dois meses seguidos de queda, para avançar 19,5% – ritmo mais do que suficiente para repor as perdas de maio (-2,6%) e abril (-1%). A variação anual foi positiva em 40,3%, ajudando a retirar o acumulado do ano (-5,3%) do vermelho, a despeito da fraca base de comparação. A média brasileira foi ficou positiva em 1,1%, no confronto com maio deste ano, além de conseguir altas na comparação com junho de 2020 (+5,3%) e no aglutinado do ano (+1,8%). 

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, assinala que as altas mensais do emprego, no âmbito da indústria nacional, vem sendo significativas. O emprego industrial segue acumulando altas. Na análise da CNI, o resultado da média nacional de junho já aponta para 11 onze meses consecutivos de crescimento na rubrica, a despeito da crise. O dirigente salientou ainda que o nível da UCI também se mantém em patamar elevado, “há vários meses”.

“Os indicadores mostram que a indústria encerrou o primeiro semestre com uma atividade forte. A utilização da capacidade instalada cresceu da passagem de maio para junho, o que vem sendo traduzido em empregos. Já temos 11 meses consecutivos de crescimento nas contratações. Mesmo o faturamento e horas trabalhadas, que têm oscilado bastante, permanecem acima do registrado antes da pandemia”, comemorou.

“Crescente positiva”

Diante dos números da pesquisa, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, assinalou que é necessário lembrar que os dados em questão são uma amostragem do Polo Industrial de Manaus e “não representam fielmente” os números do modelo ZFM. No entendimento do dirigente, os números negativos – assim como o dado da massa salarial – decorrem de fatores pontuais, que tendem a ser revertidos na segunda metade do ano, período de aquecimento para o setor. 

“O faturamento sofreu leve inflexão negativa entre maio e junho, muito em função da inconstância no fornecimento das matérias-primas e das férias coletivas. Em contrapartida, quando comparado com junho do ano anterior, a variação foi positiva em 194,7%. As horas trabalhadas e a UCI seguem a mesma tendência. No tocante à massa salarial, a despeito da estabilidade nos empregos, o pagamento da primeira parcela do 13º salário justifica o aumento de 19,5% na comparação com o mês imediatamente anterior. Nossa expectativa que, no segundo semestre, os números continuem em uma crescente positiva, refletindo a retomada econômica do país”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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