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Hélio Souza: ‘Mudança forçada pela digitalização’

O transporte de pessoas pelos rios da Amazônia existe desde antes de o primeiro colonizador aqui colocar os pés. Das canoas a remo, com os indígenas, passando pelas embarcações a vela, pelo vapor Guapiaçu (o primeiro vapor a subir o rio Amazonas, em 1843), até chegar aos motores movidos a combustível, essas viagens nunca deixaram de evoluir, como agora, com a criação de um aplicativo, pela startup Navegam, que visa facilitar a compra e venda de passagens e a logística de cargas com o intuito de gerar maior eficiência e celeridade seja em viagens de ida e vinda, de trabalho ou de lazer.

Recentemente a Navegam recebeu aportes da ordem de R$ 1,5 milhão de um fundo de investimentos, e esse dinheiro já tem destino certo. De acordo com Hélio Souza, diretor de marketing da Navegam, o transporte fluvial na Amazônia, historicamente, sempre atuou de improviso e com pouca tecnologia. Agora, com o aplicativo, Hélio pretende que as viagens de barco sejam mais eficientes reduzindo desperdícios de tempo, espaço para passageiros e cargas e combustível.

Todo o sistema do aplicativo foi criado em Manaus, focando nas necessidades das empresas de embarcações locais, mas pode ser utilizado em qualquer parte do país e do mundo.

Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, o diretor de marketing explicou como funciona o aplicativo, em quais Estados da Amazônia ele já está sendo usado e como será importante para qualquer pessoa, do amazônida ao turista, que deseje ou precise viajar de barco pelos rios da região.    

Jornal do Commercio: Além da venda de passagens, quais os outros serviços disponibilizados no APP da Navegam?

Hélio Souza: Na verdade não temos um aplicativo único, mas um ferramental de aplicações voltado para o gerenciamento da embarcação, da venda de passagens e-commerce a todo um ecossistema para a logística que acaba integrando o modal fluvial com o rodoviário e o urbano.

JC: Vocês conseguem vender passagens para todas as embarcações do Amazonas?

HS: Ainda não. No nosso sistema de venda de passagens temos, atualmente, 115 embarcações cadastradas divididas entre os Estados do Amazonas, Pará, Amapá e Rondônia. Esse número será ampliado paulatinamente.

JC: De que forma o App melhora a logística de locomoção de passageiros?

HS: Nós conseguimos oferecer novas formas de pagamento através de um sistema integrado às POS (Point Of Sale, ou ponto de venda, essas máquinas utilizadas na transação com cartões), o que favorece para quem compra, novas formas de pagar; e para quem vende, um controle maior do que está sendo vendido. De certa forma, temos um novo aculturamento dessa interação entre o passageiro e a agência e/ou embarcação.

JC: Hoje o App disponibiliza serviços para quais municípios e quais são esses serviços?

HS: Estamos com o levar e trazer passageiros e cargas em toda a extensão do rio Amazonas, indo de Tabatinga até Belém, além de Macapá e rio Madeira, com a logística se estendendo até Rondônia, ou seja, atendemos a todos os municípios e comunidades da extensão desses rios.

JC: No quesito cargas, como o App é útil?

HS: Temos duas aplicações: uma que fica diretamente com o cliente que envia as mercadorias e consegue ter um controle do que está sendo levado seguindo todos os estágios de acompanhamento e posicionamento; e o entregador, que consegue saber onde pegar e onde entregar a carga.

JC: Como será aplicado esse investimento de R$ 1,5 milhão que a Navegam acabou de receber?

HS: Foi feito todo um estudo anterior para o uso desse recurso, entre eles está a melhoria do time de desenvolvimento da Navegam para que aperfeiçoe as aplicações que ora compõem o ecossistema por nós disponibilizado. 

JC: O App é indicado para quem mora em Manaus, no interior ou para quem quer viajar de barco?

HS: É possível comprar passagens de Tabatinga para Manaus ou de Manaus para Tabatinga, por exemplo, ou de Manaus para Belém, e vice-versa, desde que sejam cidades às quais as embarcações que estão cadastradas na Navegam cubram o percurso. Quanto à logística, conseguimos atingir além das áreas fluviais da região Norte, também os modais rodoviários e urbanos, portanto, o aplicativo é válido para as pessoas que estão nas capitais e querem ir para o interior, ou vice-versa, é bastante válido para quem deseja fazer turismo na Amazônia. 

JC: O App também é útil para um ribeirinho que more numa comunidade distante?

HS: O ribeirinho que possuir um mínimo de internet consegue comprar pelo site da Navegam. Hoje o caboclo faz isso sem a internet, porém, estamos disponibilizando uma facilidade a mais para os moradores dessas áreas distantes das cidades, e de uma maneira bem simples, numa mudança cultural forçada pela digitalização de processos.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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