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Executiva Deborah Wright lança autobiografia ‘Senhora de si’

Deborah Wright passou quase metade dos seus mais de 30 anos de carreira à frente de multinacionais como Kraft Suchard Foods, Kibon, Tintas Coral e Parmalat. Aos 38 anos tornou-se CEO de uma multinacional. Trabalhava, em média, 12 horas por dia. Na falta de referência feminina, adotou o modelo masculino de liderança para transitar no mundo corporativo. Como expressar emoções era sinal de fraqueza, ela engolia o choro. Os chefes de sua geração eram rígidos e disciplinadores. O fracasso também lhe ensinou algumas lições, como lidar com a dificuldade de negociar salário e benefícios. Levou dois anos para descobrir que ganhava a metade do seu colega, no primeiro emprego. Na contramão do seu tempo, construiu um modelo de gestão solidário e inclusivo. Agora a executiva acaba de lançar o livro ‘Senhora de si’, com uma narrativa recheada de histórias saborosas. Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, Deborah Wright contou um pouco sobre sua trajetória no mundo corporativo.  

Jornal do Commercio: Há quantos anos a sra. é executiva? Faria o mesmo caminho, novamente?

Deborah Wright: Fui executiva por 30 anos. Há 20 anos, trabalho em Conselhos de Administração. Logo, ao todo, são 42 anos de experiência profissional. E olhando para trás, posso dizer que sim, que cumpriria todo e caminho que fiz novamente, apenas evitando os erros que hoje sei que cometi.

JC: A sra. ainda trabalha doze horas por dia? Esse esforço todo vale, ou valeu, a pena por qual motivo?

DW: Hoje já não preciso mais trabalhar 12 horas por dia, como fiz durante muitos anos, enquanto executiva. Tenho mais tempo livre para mim, o que é um luxo. Acredito que esse esforço valeu a pena, pois construí muita coisa, a mais importante uma imagem profissional sólida e respeitada, da qual muito me orgulho. Enquanto nessa jornada, não tive tempo para ficar me questionando. Sempre fui da ação. Mergulhava de cabeça e me dedicava integralmente ao desafio que abraçava.

JC: As mulheres, à frente de uma empresa, agem de maneiras diferentes dos homens? Se sim, porquê, e quais são essas maneiras?

DW: Sim, o estilo de liderança feminino é diferente do masculino. Na média, eu diria que as mulheres trabalham melhor em equipe do que os homens. Elas têm como características persuasão, sensibilidade para detalhes, habilidade de relacionamento, escuta empática. Todas competências que hoje são muito valorizadas e esperadas de um bom líder.

JC: Explique como é o modelo de gestão solidária e inclusiva que a sra. construiu?

DW: Meu estilo de liderança sempre foi inclusivo e sempre privilegiou a escuta. Ouvia os diferentes pontos de vista dos membros da minha equipe de diretoria, procurava entender e ponderar. Buscava o consenso. Isso é trabalhoso, mas muito poderoso.

Sempre procurei inspirar as pessoas para que me seguissem e me ajudassem a alcançar objetivos comuns. Compartilhava a minha visão e agia de acordo com os valores que havíamos combinado. Ser um exemplo é muito importante.

JC: Como a sra. se sente sabendo que até hoje homens ganham mais do que mulheres, numa mesma função, e que a sra. passou por isso?

DW: Sinto que isso é uma injustiça, uma incoerência. As empresas sérias precisam estar atentas para esse tipo de assimetria. Eu passei sim por isso no início da minha carreira e demorei uns bons três anos para perceber e correr atrás da diferença. Não faz sentido algum, afinal o trabalho tem um certo valor, que o mercado precifica, independentemente de quem está atuando e entregando os resultados planejados.

JC: ‘Senhora de si’ é um livro de crônicas vividas pela sra.?

DW: ‘Senhora de si’ é uma autobiografia que foca em negócios e em minha carreira. Há sim muitos aspectos pessoais que são importantes para contextualizar, mas trata-se da minha história, das minhas verdades, do meu relato. Conto passagens importantes que me marcaram nessa trajetória profissional e há várias histórias que vivi intensamente. Aproveito para fazer um balanço e compartilhar aprendizados, erros e acertos. Meu intuito foi deixar registrado e inspirar outros jovens profissionais em suas carreiras, sobretudo as mulheres, é claro, mas também os homens. Minha geração foi carente de exemplos de liderança e fazíamos muitas coisas de forma empírica. Hoje em dia, com a maior velocidade e complexidade, há menos espaço para tentativas e erros.

JC: O que diria para uma jovem que sonha em se tornar executiva como a sra.?

DW: Eu diria sonhe grande, tenha ousadia e coragem e procure estar sempre se desafiando. O segredo é nunca parar de aprender, ter sempre curiosidade. Faça diferença na vida das pessoas com as quais convive e trabalha. Aproveite e se divirta, pois tudo passa muito rapidamente, e a viagem é mais importante do que o destino final. E, por fim, façam tudo com paixão. Esse já é meio caminho para o sucesso.

Por Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Fotos: Divulgação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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