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Futuro das relações Colômbia-Venezuela

A derrota do presidente Hugo Chávez no domingo passado, no seu projeto de transformar a Venezuela em uma república socialista bolivariana, traz impactos políticos e econômicos para o país e a região que ainda precisarão ser analisados com mais cuidado. Em um primeiro momento, será necessário acompanhar as próximas iniciativas do líder venezuelano, pois mesmo reconhecendo a vitória do “não”, ele afirmou que a busca da transformação do país não havia terminado. Assim, a recente crise com o presidente Colombiano Álvaro Uribe não deve ser entendida como superada totalmente. Os laços comerciais entre Colômbia e Venezuela são muito grandes, sendo que o vizinho é o segundo maior parceiro econômico de Caracas, ficando atrás somente dos Estados Uni­dos. Mesmo com a crise diplomática não, há indícios de que o comércio entre os dois países teria sido afetado e isto é um bom indício de que as relações podem ser normalizadas rapidamente. O comércio transfronteiriço é significativo e possui uma população muito grande dos dois países que vivem nessa região, favorecendo, nos últimos anos, a integração e a busca de soluções por parte dos dois governos.

Contudo, a atual Cons­tituição, aprovada em 1999, de inspiração “chavista-bolivarianista”, dispõe sobre uma possível criação da Grã-República Bolivariana, que seria a reincorporação da Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela. Por mais que ninguém imagine que tal proposta possa ser colocada em prática, ela gera uma grande desconfiança entre os colombianos, que já têm outras disputas e desentendimentos com a Venezuela, e que se acirraram com a presidência de Hugo Chávez.

A primeira, e mais longa, é a disputa por águas territoriais na região do Golfo da Venezuela, área rica em petróleo. A segunda questão remete à guerrilha das Farc (Forças Ar­ma­­das Revolucionárias da Colômbia), que atuam há mais de quarenta anos, têm sua origem nos movimentos de esquerda da época da Guerra Fria, mas agora se associou ao narcotráfico e se fortaleceu, além de ainda tentar derrubar o governo. Por esse passado histórico e discurso ideológico, o presidente Hugo Chavez sempre teve uma relação muito próxima com as Farc, lhe concedendo status político e procurando ser um intermediador do conflito.

Como o governo colombiano conseguiu apoio de Washington para combater o grupo – por meio do Plano Colômbia -, os inte­resses entre os vizinhos sul americanos têm entrado em choque constantemente, inclusive sendo o fator que levou à atual crise.

O relacionamento entre os dois governos está condicionado diretamente a estes fatores, que não vão desaparecer tão cedo. Assim, o futuro de Colômbia e Ve­nezuela será decidido pela importância e peso que cada lado dará a cada um deles. Mas principalmente, como, de agora em diante, o presidente Chávez agirá.

Rudzit Gunther é doutor em Ciência Política pela USP, mestre em National Security por Georgetown University e professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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