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Fotógrafas mostram imagens do isolamento

Divulgação

Como disse certa vez o filósofo alemão Schopenhauer: “Em cada indivíduo, o aumento da inclinação para o isolamento e a solidão ocorrerá em conformidade com o seu valor intelectual”.

Partindo deste princípio, as fotógrafas Nara Nascimento e Larissa Pedroso aproveitaram o isolamento social, cada uma em sua residência, e resolveram extravasar sua arte, abstraindo desses momentos de confinamento e solidão, a inspiração para produzir milhares de imagens.

“O projeto ‘Meu quintal abre as portas para o mundo’ é um projeto antigo, que estava na gaveta apenas em esboço e tomou forma durante o isolamento. Durante o caos da pandemia ficou impossível fotografar fora de casa por questões de saúde. E, no processo solitário de criação me reconectei com o significado da fotografia, a arte, minha relação com a natureza e o estado que vivo”, contou Nara.

O projeto de Nara está dividido em dois capítulos: o ‘Pela janela’ e o ‘Clorofila’. No capítulo um, ‘Pela janela’, Larissa fotografou de dentro de seu apartamento o pequeno, e ao mesmo tempo imenso, mundo ao seu redor. No capítulo dois, ‘Clorofila’, Nara apresenta o verde como um verbo, uma ação, um estado de ser.

“Para desabafar, me encontrar como artista e sobreviver, segui o caminho de produzir durante a quarentena. Passei a ir ao quintal de casa todos os dias, sem horários definidos, com a câmera nas mãos a fim de fotografar a minha relação com a natureza, sempre pensando o que cada foto significava para mim”, explicou.

No quintal ou na janela

“Quando o edital ‘Fica na Rede, Maninho’, foi publicado pela SEC (Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa), vi nele a oportunidade de apresentar essa produção e complementar a minha renda. Resolvi convidar a Larissa para somar na exposição e produzir as fotos de um local diferente do meu”, lembrou.

Enquanto o espaço de produção das fotos de Nara foi mais livre, no quintal de sua casa, o local escolhido por Larissa foi de dentro de seu apartamento, de onde ela, obrigatoriamente em função da pandemia, não deveria sair. As imagens mostram ainda mais profundamente o aprisionamento ao qual as pessoas ficaram sujeitas.

“Não tive horários definidos para realizar as fotos. Registrei imagens do pôr-do-sol, no período da manhã; tarde e o cair da lua, à noite. O meu objetivo foi fotografar a natureza que dava para ser observada a partir da minha janela e mostrar como as pessoas podem ganhar ao enxergar a beleza natural no dia-a-dia. Essa quarentena veio mostrar que é fundamental as pessoas pararem para ver a natureza ao seu redor”, ensinou.

Nara também fez a curadoria do ‘Meu quintal abre as portas para o mundo’.

“Quis criar, depois de analisar as minhas e as imagens da Larissa, uma narrativa visual juntando os pontos de vistas distintos e significados diferentes. A Larissa produziu cerca de 60 fotos e segue fotografando na janela do apartamento, agora com um algo mais, pois também está produzindo imagens de dentro de casa.

“Mas eu fico mais tempo na janela, à espreita, esperando fotografar animais diferentes”, riu.

Já a produção de Nara foi bem mais extensa.

“Fiz mais de três mil fotos e continuo fotografando todos os dias no quintal de casa. Escolhi fotos para a exposição que estejam alinhadas à proposta do projeto. E ainda é possível encontrar resultados e motivos completamente diferentes porque a natureza é um organismo vivo e está sujeita à mudanças”, revelou.

Sonho realizado

Voltando a confirmar que o filósofo alemão estava certo em sua frase citada no começo da matéria, isolada e só, Larissa foi além e transformou um sonho em realidade: publicar seu primeiro livro, ‘A quarentena pela minha janela’.

“Como publicar um livro não é tão simples, fui pesquisar e estudar uma forma de publicá-lo, assim conheci o Clube de Autores, onde consegui realizar meu sonho. Meu livro é uma forma de levar arte e beleza através das minhas lentes”, falou.

“Após passar essa pandemia, sabemos que nossas vidas nunca mais serão as mesmas. Lembraremos para sempre da saudade que sentíamos das pessoas que amamos, dos lugares que íamos, dos papos com os amigos, dos abraços que preenchiam nossos corações. Coisas simples, mas que nos fazem refletir como nos tornam felizes”, profetizou.

“Muitas pessoas perderam entes queridos, inclusive eu que perdi minha avó, por isso, ficamos em casa como prova de amor e cuidado com quem amamos. Em casa pude registrar através da minha janela, cenas que a natureza mostrava para minhas lentes, as quais, em outro momento talvez não fossem contempladas com a mesma visão. Com esse livro quero mostrar a beleza da natureza no meio da pandemia e fazer você enxergar também o que está além dos seus olhos”, ensinou.

Onde procurar?

A exposição de Nara e Larissa pode ser vista no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=uvP5a8VYeDE e no Instagram das fotógrafas: @larissapedrosophotos e @naranascimentofotografia

O livro de Larissa pode ser adquirido através do site do Clube de Autores:

www.clubedeautores.com.br/livro/a-quarentena-pela-minha-janela

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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