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Confiança dos comerciantes em Manaus encolhe 16% em maio

Divulgação

A crise da covid-19 derrubou a confiança dos comerciantes de Manaus em patamar recorde, na passagem de abril para março, em sintonia com a trajetória negativa da média nacional. Tanto a percepção sobre o momento atual, quanto as perspectivas do setor e suas intenções de investir e contratar sofreram a maior retração da série histórica do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a despeito do índice de expectativas ainda apontar para o nível de satisfação. 

O indicador registrou 105,5 pontos em Manaus e encolheu 16,4% no confronto com abril de 2020 (126,2) – que já havia caído em relação a março (139,9) e fevereiro (142,4). Em relação a maio do ano passado (135), o decréscimo foi de 21,85%. No Brasil, o índice também registrou sua maior queda mensal desde o início da pesquisa, em março de 2011. Caiu 20,9%, na terceira queda seguida, atingindo 94,5 pontos – o menor nível desde setembro de 2016. Em relação a maio de 2019, a redução foi de 22,8%.

Apurado entre os tomadores de decisão das empresas, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A CNC sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. A coleta de dados ocorreu nos dez últimos dias de abril, com todo o segmento não essencial do comércio de Manaus ainda de portas fechadas.

Nove dos subíndices do Icec recuaram na capital amazonense, entre abril e maio. A despeito da queda, cinco deles ainda se mantiveram na zona de satisfação, especialmente aqueles relativos às expectativas. A percepção é mais negativa para “condições atuais da economia”/CAE, que recuou 27,1% e não passou de 75,9 pontos. E “condições atuais do comércio”/?AC (-19,7% e 91 pontos), “nível de investimento das empresas”/NIE (-16,5% e 92,2 pontos) e “situação atual dos estoques”/SAE (2,8% e 92,8 pontos) também sofreram derretimento e ficaram abaixo do satisfatório para os empresários locais.

Sobre a situação atual da economia, a maioria (36,6%) passou a considerar que “piorou muito”, seguido pelos que dizem que “melhorou um pouco” (31,8%). Na sequência vieram os 23,3% que consideram que “piorou um pouco” e os 8,2% que garantem que “melhorou muito”. Os números sofreram deterioração frente a abril – 19,9%, 47%, 21,7% e 11,3% respectivamente – e entraram na insatisfação. Foram comparativamente melhores nas empresas com menos de 50 empregados (75,9 pontos) e que vendem bens não duráveis (92,2) – atuantes nos segmentos essenciais e que não fecharam.

Situação diferente ocorreu nas avaliações sobre o setor (91 pontos) e a empresa (103,5). Assim como no mês anterior, a maioria ainda acha que a situação atual “melhorou um pouco” (37,8 e 42 pontos, respectivamente). Mas, os que acreditam que o setor “piorou muito” (29,2 e 26,4) vieram logo em segundo lugar. Companhias de maior porte (113,6 e 129,5, na ordem) e que trabalham com produtos perecíveis (116,7 e 124,6) também lideraram o otimismo, em ambos os grupos.

Empregos e investimentos

As expectativas para a economia (121,4 pontos) ainda parecem positivas para a maioria esmagadora dos empresários comerciais de Manaus, em maior (35,2%) ou menor grau (28,7%). Com pontuações respectivas de 134,8 e 137,3, a situação é semelhante nas projeções para o setor (37,5% e 35,4%, na ordem) e para o desempenho do próprio negócio (38,3% e 35,3%). Todos os números, entretanto, já aparecem bem menores aos da sondagem anterior.

O pessimismo decorrente dos impactos econômicos da crise da covid-9 foi mais sentido nas intenções de contratar (100,7 pontos) e de investir (92,2). Em torno de 42,3% dizem que o contingente deve “reduzir um pouco” e 10,7% apontam que vai “reduzir muito”. Para 39,4% das empresas sondadas, o nível de aportes de capital no próprio negócio deve ser “um pouco menor”, enquanto 17,3% dizem que será “muito menor”. 

“Os indicadores para Manaus vêm caindo mês a mês. A maioria do setor está vivendo um momento muito difícil e preocupado como vai conseguir levar os negócios adiante, quanto mais contratar e investir. A situação é pior para as micro e pequenas empresas, que não têm capital de giro para atravessar a crise. Esperamos que o pior momento tenha ficado em abril e maio e que, com a reabertura gradual, possamos voltar a trabalhar”, lamentou o presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota.

Crédito “empossado”

Em texto distribuído à imprensa pela entidade, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça que, assim como aconteceu com os consumidores, a percepção ainda mais pessimista dos comerciantes sobre a economia está diretamente relacionada à crise da covid-19. “Entre as iniciativas para combater o vírus, o isolamento social segue motivando a paralisação de empresas, fazendo com que a maioria tenha drásticas reduções em seus faturamentos, com riscos reais de encerrar as atividades em definitivo”, ressaltou.

De acordo o dirigente, um fator negativo adicional é que, a despeito da injeção de liquidez do Banco Central, o crédito ainda está “empoçado” no sistema financeiro. “Os bancos ampliaram as provisões referentes à inadimplência. Com isso, as empresas têm encontrado dificuldades para acessar os recursos. Sem crédito e nenhum tipo de auxílio emergencial, o cenário para os próximos meses é dramático para parte expressiva das empresas do comércio, um dos mais afetados entre os grandes setores da economia”, concluiu. 

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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