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Ficção científica, terror e afins

‘As vitrolas de Vilém’, ‘Paris ’99, um loop’, ‘Casulo’, ‘Seus olhos subiram o morro’. Quatro contos, um livro, o mais recente trabalho de Daniel Valentim, que acaba de ser lançado com o nome do último conto.

‘Seus olhos subiram o morro’ é um livro de ficção, composto por estes quatro contos, todos escritos em 2020, durante a pandemia. Cada um dentro de um gênero diferente, embora afetivamente interligados: um de ficção científica; um que poderia ser enquadrado no fantástico latino-americano; um terceiro de ficção estranha (weird fiction) e um último de terror, ou seja, estilos para os mais variados gostos.

Daniel é jornalista, já tendo trabalhado nas redações de A Crítica e do extinto ‘O Estado do Amazonas’ na primeira metade dos anos 2000.

Daniel Valentim

“No início como repórter policial, depois na editoria de cultura. Fui um dos correspondentes do Amazonas no período de implementação do portal Overmundo, primeiro site de jornalismo cultural colaborativo do Brasil. Trabalhei em duas pequenas editoras, na extinta Bartlebee, de Juiz de Fora/MG; e na Uboro Lopes, sediada em São Paulo, como editor e tradutor”, falou.

“Atualmente sou professor do departamento de comunicação da Faculdade Martha Falcão Wyden; membro do grupo Literatura e Mídia, da Universidade Federal de Viçosa e tradutor do projeto Geofísica Espacial e Clima de Baixa Atmosfera, do Grupo de Pesquisa do Estudo da Ionosfera sobre Manaus”, completou.

Para leitores adultos

O interessante de ‘Seus olhos subiram o morro’, é que Daniel esteve presente em todo o processo de preparação do livro, desde o escrever até o trabalho pronto sair da impressora.

“Acontece que eu sou um dos sócios da editora Uboro Lopes, então posso dizer que escrevi, editei e publiquei de forma independente o livro, porque a editora é bem pequena, o que significa que você mesmo tem que fazer quase todo o trabalho”, revelou.

Livro: Seus olhos subiram o morro

“Por outro lado, temos um esquema bom de distribuição. Todos os títulos saem em versão digital, distribuídos pela Bookwire; e em versão impressa, pela Um Livro Distribuidora. Dentro desse universo da ficção científica e do terror, lançamos apenas um livro por mês, como numa série; tanto de autores brasileiros quanto de estrangeiros (traduções)”, explicou.

Este não é o primeiro trabalho de Daniel, que já possui outros três livros publicados: ‘Manual prático das ocupações perdidas’ (contos, 2011, Editora Bartlebee); ‘Da cor que faz’ (poemas, 2014, Editora Texto Território) e ‘Dito apenas que comido’ (poemas, 2016, Editora Macondo).

“Diria que meus livros são para leitores adultos, normalmente interessados em ficção científica, terror e afins”, informou.

Quem quiser adquirir ‘Seus olhos subiram o morro’, a versão impressa está disponível na Amazon brasileira e na loja da Um Livro. O e-book pode ser encontrado na Amazon, na Apple Livros, Google Play Livros, Waterstones e Barnes & Nobles.

Conto a conto

Em ‘As vitrolas de Vilém’, uma inteligência artificial se disfarça de livreiro numa praça de Amsterdã, em 2098, enquanto planeja uma revolução pessoal, na visão do autor. 

Em ‘Paris ’99, um loop’, o personagem é um jovem jornalista policial fazendo intercâmbio em Paris, preso nas memórias confusas de uma noite em que pode, ou não, ter acontecido um estupro em seu apartamento.

No terceiro texto, ‘Casulo’, um professor de literatura começa a se transformar misteriosamente num pé de maçã, e para reverter a situação, tenta encontrar a ex-namorada bióloga com a ajuda do cacto que ela deixara no seu apartamento.

Fechando e dando título ao livro, ‘Seus olhos subiram o morro’ mostra Antônio, um detetive paranormal, investigando a maldição que aflige três gerações da família proprietária de uma fazenda. O problema é que a cada serviço, em vez de eliminar a assombração, ele a suga para dentro de si, deixando marcas que desfiguram seu corpo e que prenunciam sua própria morte.

O que une todos os contos é um certo desprezo pelo ser humano; o ser que, nas palavras de algum personagem de Woody Allen, teve que automatizar o banheiro público porque não podia confiar nas pessoas para dar descarga. Nestes contos, os personagens são sabotados em suas pretensões, nada dá certo, nenhuma experiência é satisfatória ou válida, nem mesmo necessária em termos de aprendizado.

“Todos giram em busca do próprio rabo nesta ciranda inútil que é a própria vida. A não ser o livreiro, que parece contar com certa compaixão. Mas há um motivo bastante evidente para isso, que fica claro logo no início do conto, quando ele declara suas intenções. Como o personagem afirma, não há diferença entre o dom e a maldição. Na base de ambos está o talento inato dos homens pela autocomplascência”, concluiu.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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