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Famílias endividadas crescem no país

O percentual de famílias com dívidas no cartão, cheque especial e outros financiamentos cresceu de 62,1% em outubro para 63,2% em novembro deste ano. É a terceira alta consecutiva do indicador, medido pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O percentual também é superior ao observado em novembro do ano passado, que havia sido 59%. Segundo a CNC, a maior parte das dívidas em novembro deste ano é relativa ao cartão de crédito (74,8%), seguidas por carnês (18,3%), financiamento de carros (12,6%), crédito pessoal (9,8%), financiamento de casa (7,2%) e cheque especial (5,7%).
A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso caiu de 21,6% em outubro para 21,2% em novembro deste ano, apesar de ter se mantido em patamar superior a novembro do ano passado (21%).
Em média, as contas estão atrasadas em 57,6 dias. Do total dos inadimplentes, 40,6% estão com suas contas em atraso há mais de 90 dias. O percentual de famílias que não terão condições de pagar suas contas também recuou para 6,6%. As proporções eram 7,3% em outubro deste ano e 6,8% em novembro do ano passado.
Segundo nota divulgada pela CNC, “apesar da moderação no consumo, a elevação do custo do crédito e a redução dos ganhos reais dos salários têm mantido o nível de endividamento das famílias em patamares elevados”.
O nível de endividamento das famílias deve aumentar ainda mais nos próximos três meses, afirmou a economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. “Dá para esperar que, com uma taxa de juros maior, as famílias desistam de contratar novos empréstimos ou financiamentos. Com esse movimento de alta de política monetária e um cenário com renda crescendo menos, fica cada vez mais difícil. Há pouco espaço para acomodar novos financiamentos”, explica Marianne. O ano que vem também será marcado pelo ritmo menor de expansão na oferta de crédito, diz a economista.
Neste mês, o aumento no nível de endividamento veio acompanhado de moderação no consumo. Segundo a economista, isso demonstra que as famílias têm recorrido ao crédito pessoal (incluindo o consignado) como ferramenta para reorganizar o orçamento já comprometido por outros empréstimos. A expansão no financiamento de imóveis também é destaque – 7,2% do total de famílias têm esse tipo de conta para pagar.
A tentativa das famílias de reorganizar suas contas a partir de novos empréstimos foi a principal influência para o aumento do endividamento. Isso poderia sinalizar para um possível aumento na inadimplência nos próximos meses, observa a economista. Mas, apesar de o custo do crédito estar mais caro (desde o ciclo de alta de juros iniciado em abril) e da redução no ritmo de crescimento da renda, o prazo alongado para o pagamento tem ajudado a manter essa estatística baixa.
Em novembro, o porcentual das famílias que têm dívidas ou contas em atraso recuou para 21,2% em novembro, ante 21,6% no mês passado. Segundo Marianne, isso mostra que o perfil de endividamento não se reflete em inadimplência, pelo menos por enquanto. “No futuro, com o aumento dos juros, ficará mais difícil renegociar. Isso pode levar a uma alta da inadimplência.”
Além disso, a renda extra do 13º salário pode ajudar as famílias na quitação de dívidas em atraso. Já em janeiro e fevereiro, meses em que há reajustes em tarifas e mensalidades, além da cobrança de impostos e outras despesas pontuais, tanto o endividamento como a inadimplência podem registrar certa elevação.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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