Desta vez, parece que é para valer. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que cinco capitais da Região Norte terão, a partir do dia 6 próximo, a faixa de internet de quinta geração (5G) liberada para a entrada em operação. A nova tecnologia permite transmissão de dados de forma mais veloz, estável e com menor tempo de resposta (latência).
O anúncio – relativo ao início dos serviços em Belém, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco – foi feito, ontem, em Brasília, pelo conselheiro Moisés Queiroz Moreira, do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (Gaispi).
Essas frequências para o 5G foram leiloadas em novembro de 2021. A previsão inicial era que o serviço seria disponibilizado em todas as capitais até 31 de julho, e que nas demais cidades do país a ativação seria gradual até 2029.
“Foi um trabalho exitoso nessa fase inicial, apesar de difícil e de [envolver] aprendizado, porque não tínhamos total conhecimento dos problemas que poderiam aparecer”, disse o conselheiro, referindo-se à conclusão da primeira etapa de entrega da faixa de 3,5 GHz, a ser explorada por três operadoras (Vivo, TIM e Claro) em todas as capitais do país.
Segundo o coordenador do Gaispi, Henrique Gomes Pinheiro, as operadoras instalaram, até o momento, “mais do que o dobro” de antenas previstas no edital do 5G.
“O mínimo era de 2.528 estações [para as três operadoras]. No entanto, 5.275 já foram instaladas”, disse ele, ao informar que, com isso, o 5G já está presente em 5% das 93 mil estações instaladas no país.
Ele acrescentou que o serviço disponibilizado nas 27 capitais alcança 24% da população brasileira e tem um potencial de chegar a 50 milhões de brasileiros.
De acordo com o conselheiro Moisés Moreira, as operadoras têm até 28 de novembro para ligar todas as estações previstas para a Região Norte. “Serão 57 antenas em Belém; 18 em Macapá; 84 em Manaus; 21 em Porto Velho; e 15 no Rio Branco”, detalhou. Sobre a nova etapa prevista no edital, que é a de levar a 5G desta faixa às cidades com mais de 500 mil habitantes, o desafio agora é o de avançar na limpeza do espectro utilizado – que é o mesmo de antenas parabólicas. A previsão é que essa nova etapa comece a ser implementada em janeiro de 2023.
A fim de viabilizar esse processo, serão distribuídos kits de antenas que substituirão as parabólicas, para famílias inscritas no cadastro único de programas sociais do governo federal. Neste sentido, estão previstas campanhas informando a população sobre como proceder o agendamento para a troca de equipamento.
Abre nota Perfil
Jogo de alianças se equilibra
A disputa no segundo turno das eleições se intensifica, confundindo a cabeça dos eleitores. No plano estadual, o PDT decidiu apoiar Eduardo Braga (MDB), seguindo a executiva nacional do partido que fechou com Lula. Após tantos ataques de Ciro Gomes ao ex-presidenciável, o pedetista aquiesceu. E agora diz que o líder petista é a melhor opção para decidir o pleito com Bolsonaro. O bolsonarismo também ganha força em São Paulo e Minas Gerais, grandes redutos eleitorais, onde Geraldo Alckmin, vice na chapa de oposição ao Planalto, teria (em tese) muitos apoiadores.
E o jogo de alianças se equilibra. Tanto Lula quanto Bolsonaro tentam costurar mais acordos para fortalecer a candidatura, respectivamente. Carol Braz foi criticada por apoiar Braga após chamá-lo de machista na briga durante o primeiro turno. O Cidadania, que teve Amazonino Mendes como candidato ao governo do Estado, abraça as fileiras petistas. Porém, tem um dissidente na federação com o PSDB – o senador Plínio Valério, que declarou o seu voto em Bolsonaro. Coisas da política brasileira.
Aproximação
O ex-juiz Sérgio Moro protagonizou muitas tretas com Bolsonaro, mas se elegeu senador depois de aparecer sem nenhum potencial nas pesquisas. Agora, ele surpreende ao declarar apoio ao presidente na disputa no segundo turno. Inquirido pela imprensa, o chefe do Planalto saiu pela tangente, evitando polemizar o caso. “Já passou, tudo foi superado”, respondeu ele, secamente. Na política, só predominam interesses e conveniências. As divergências sempre são relegadas a segundo plano.
Vantagem?
O bolsonarismo mostrou que tem forças. Se reeleito, Bolsonaro contará com mais da metade do Congresso Nacional a seu favor. Terá a maior bancada em Brasília, sem falar nos governos estaduais que o apoiam. Grande parte de candidatos do PL conseguiram vencer nas eleições, algo que pode abrir caminhos para a aprovação de seu possível novo governo. Se acontecer o inverso, Lula tem amplas possibilidades de governar enfrentando uma forte oposição. No entanto, sobram habilidades ao petista.
Diferencial
Lula venceu em pelo menos 58 municípios do Amazonas. Bolsonaro levou vantagem em Manaus, a capital, mas os votos do interior foram decisivos para deixar o líder petista à frente na disputa pela Presidência. O último comício do atual presidente na cidade, onde esteve em campanha política, foi fundamental para aumentar o seu cacife entre os manauaras, principalmente com a articulação do hoje derrotado Coronel Menezes (PL), que perdeu a briga pelo Senado para Omar Aziz (PSD).
Diferencial 2
No plano estadual, Wilson Lima (UB) surpreendeu ao conquistar 819 mil votos no interior do Estado. Porém, Braga levou vantagem nos currais ribeirinhos, fato que impulsionou a sua virada contra Amazonino Mendes (Cidadania). O velho cacique chegou a liderar durante um bom tempo na apuração, mas depois perdeu força, deixando o senador no páreo para definir as eleições no segundo turno com o govenador do Amazonas, que tenta a reeleição. A briga está muito equilibrada.
Proposta
Reeleito para novo mandato, o senador Omar Aziz disse que uma das suas propostas é criar uma polícia de combate às facções criminosas e aos piratas nos rios do Amazonas. São pelos menos R$ 20 milhões em prejuízos por conta de ataques a embarcações e passageiros que trafegam pelo interior em viagens de ida e volta para Manaus. Aziz já teve oportunidade de jogar duro contra o crime. Foi secretário de Segurança Pública do Amazonas em governos passados. E deixou a sua marca por afugentar bandidos.
Disparidade
As pesquisas de opinião foram derrotadas nestas eleições. Praticamente, os números levantados não refletiram a realidade do eleitorado. Pouco antes da votação do primeiro turno no Amazonas, o Coronel Menezes, grande aliado de Bolsonaro, aparecia distante de Omar Aziz nas intenções de voto. Porém, o militar por pouco não venceu a disputa. O senador só chegou à virada após serem contabilizadas as urnas do interior do Estado. A máxima procede. Pesquisa nunca venceu eleição no Brasil.
Renovação
Só 14 deputados conseguiram a reeleição para a Assembleia Legislativa do Amazonas, entre eles Roberto Cidade (UB) e Alessandra Campelo (PSC), que foram campeões de votos. Os ganhadores fizeram questão de se solidarizar com os perdedores, tema que ficou sob os holofotes no plenário do legislativo estadual. Enquanto isso, quem não conseguiu se reeleger está chorando as pitangas, já pensando nas eleições de 2026. Ser político é muito bom no Brasil. E muitos fazem dessa atividade uma profissão.
Promissor
O vereador Amom Mandel (Cidadania) já mostrou que é um líder nato. Foi o candidato mais bem votado para deputado federal no Amazonas – recebeu pelo menos 286 mil votos. E é o mais novo politico a receber uma densidade eleitoral tão avassaladora nos últimos anos, no Estado. As redes sociais foram cruciais para a sua eleição, principal mídia utilizada para mostrar suas propostas e as bandeiras de luta em defesa da região. Com uma postura irrequieta, ele pode fazer muito barulho no Congresso.
FRASES
“Continuarei contribuindo com o funcionalismo”.
Serafim Corrêa (PSB), deputado estadual, comentando não reeleição.
“Não vou apoiar nenhum desses bandidos”.
Soraia Thronicke, ex-presidenciável, sobre apoio no segundo turno das eleições.
