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Estimativa para safra de grãos do Amazonas se eleva em setembro

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) corrigiu novamente para cima suas estimativas para a safra de grãos 2020/2021 do Amazonas, em setembro. A atual projeção é de 54,8 mil toneladas e supera a safra 2019/2020 (41,7 mil toneladas) em 31,4%. Um mês antes, os cálculos apontavam alta de 20,6% (50,3 mil toneladas). Em linhas gerais, a mudança se deve a apostas redobradas na soja e a uma expectativa menos pessimista para o milho. Como a área de plantio ainda apresenta o mesmo crescimento estimado anteriormente, o ganho de produtividade foi revisto de 3,9% para 13,2%.

No 12º levantamento da estatal para a presente safra, o Estado caiu do segundo para o terceiro lugar do ranking nacional de maiores altas proporcionais na atual safra, ficando atrás apenas de Alagoas (+118,1%) e do Rio Grande do Sul (+45,8%). Mas, com a nova aceleração das expectativas, o Amazonas ainda aparece com índice de expansão acima dos registrados pelas médias da região Norte (+5%) e do Brasil (-1,8%), em uma lista com nada menos do que 17 resultados negativos, entre as unidades federativas. 

A projeção ainda se sustenta basicamente na permanência de apostas elevadas dos produtores rurais do Sul do Amazonas em duas culturas. O arroz mantém a liderança na lista e teve seus dados mantidos. A estimativa é de 16,2 mil toneladas, o que configura uma elevação de 200% sobre 2019/2020 (5.400 toneladas). A soja comparece novamente na segunda colocação, mas com números reforçados: com 12,9 mil toneladas e 143,4% de alta.

Assim como ocorrido nos levantamentos anteriores deste ano, as outras duas culturas da cesta amazonense de grãos aparecem com projeções no vermelho. O milho foi confirmado novamente com o pior índice da lista, com produção de 23,2 mil toneladas. O decréscimo de produção aguardado para 2020/2021, contudo, agora é de 18,3% sobre 2019/2020 (28,4 mil toneladas) – e não mais de 34,2%. O feijão segue com os mesmos números calculados nos meses anteriores, que apontam para uma retração de 3,8% e 2.500 toneladas, em um segundo ano negativo de produção. 

Área e produtividade

A projeção para a área de plantio ainda é de 21,7 mil hectares, 16% a mais do que o dado da safra 2019/2020 (18,7 mil hectares). A maior estimativa é a do arroz (5.800 hectares), que sinaliza ser 141,6% maior do que o da safra anterior (2.400 hectares). A soja (4.300 hectares e +87%) vem em segundo lugar. O (11,2 mil hectares) milho ainda é o produto que aparece com o maior tombo (-20,5%) e também o que conta com maior área, na mesma comparação (8.900 hectares). A projeção do feijão (2.700 hectares), por sua vez, segue sendo 3,6% abaixo do patamar de 2019/2020 (2.800 hectares). 

Com a manutenção da área cultivada, o ganho de produtividade aguardado passou a ser de 13,2%, de 2.230 kg/ha (2019/2020) para 2.525 kg/ha (de 2020/2021). As quatro culturas listadas pela Conab no Amazonas aparecem com desempenho acima do registrado na safra precedente. Os melhores índices vêm da soja (+30,4% e 3.000 kg/ha) e do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha). Na sequência, está o milho (+2,8% e 2.607 kg/ha) e feijão (+0,2% e 923 kg/ha).

De acordo com a Conab, a produção de milho do Amazonas se concentra principalmente em Manacapuru e Boca do Acre, onde está o maior plantel animal, já que entre 60% e 70% da produção é destinada à ração. A soja vem de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), na Fazenda Santa Rita. O arroz tem destaque nos municípios do rio Juruá, principalmente Eirunepé e Envira. O feijão, por outro lado, é cultivado na calha do rio Purus – em especial, Lábrea e Boca do Acre.

Tecnologias e mercado

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, comemorou a nova revisão da Conab para a safra do Estado. “Essa projeção de crescimento de 31,4% na produção de grãos é significativa e demonstra a realidade produtiva e o grande potencial das áreas de campos naturais para essas culturas agrícolas. Esses números também mostram o aumento de produtividade, decorrente de incorporação de novas tecnologias pelos produtores rurais”, apontou, acrescentando que a expectativa é que os números sigam crescentes, nos próximos meses.

Em entrevistas anteriores, o dirigente assinalou à reportagem do Jornal do Commercio que os incrementos consecutivos projetados pela Conab mostram a expansão da atividade agrícola no Amazonas, principalmente com incremento de produtividade em áreas do Sul do Amazonas – com destaque para Humaitá. Avaliou também que a redução no plantio do milho deve estar ligada ao crescimento das apostas na soja, em virtude da maior valorização do produto no mercado internacional de commodities, entre outros fatores. 

O presidente da Faea pontuou que a permuta de culturas não deixa de ser preocupante para o setor agropecuário amazonense, que precisa de maior oferta de milho, diante da demanda do próprio Estado para rações animais. Lembrou ainda que o problema é nacional, deixando o mercado interno desabastecido e dependente de importações, em um cenário de “crescente demanda chinesa” e redução da safra brasileira. Mas, disse que a tendência pode ser revertida, no setor privado.

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, frisou que a queda na produção de milho “certamente” será revertida na próxima safra, com ajuda de políticas públicas do Estado, a exemplo da distribuição de sementes. Mas, o secretário estadual não deixou de ressaltar que os números crescentes da Conab confirmam que o setor rural do Amazonas e seu encaminhamento pelo Plano Safra estão no “caminho certo”.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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