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Custo da construção civil no Amazonas volta a crescer em agosto

O custo da construção civil no Amazonas voltou a avançar com mais força, na passagem de julho para agosto. O indicador pontuou 1,08% de expansão na variação mensal, em um novo repique, após o índice mais baixo do mês anterior (+0,84%). Desta vez, o dado local ultrapassou o número brasileiro (+0,99%), além de bater com folga a inflação do período (+0,87%). Com isso, o valor do metro quadrado local passou de R$ 1.360,47 (julho) para R$ 1.375,15 (agosto). É o que revela o Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgado pelo IBGE, nesta quinta (9).

Assim como ocorrido nos meses anteriores, o aumento no custo local da atividade foi puxado pelos dispêndios com materiais, que passaram de R$ 840,36 para R$ 863,86, entre julho e agosto. O aumento de 2,80% foi mais do que o dobro da marca anterior (+1,37%). Já o passivo com a mão de obra, que na sondagem do mês passado ficou estável, encolheu 1,69%, de R$ 520,11 (julho) para R$ 511,29 (agosto). 

O incremento mensal do Sinapi do Amazonas bateu a inflação oficial, na variação mensal, conforme o mesmo IBGE. Pressionado novamente pelo aumento do preço dos combustíveis, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,87%, em agosto, em ritmo inferior ao de julho (+0,96%). Mas, a diferença entre o indicador da construção civil e o IPCA segue apontando vantagem para o primeiro, tanto no acumulado do ano (+8,35% contra +5,67%, na ordem), quanto no aglutinado anualizado dos últimos 12 meses (+16,74% contra +9,68%).

O aumento na variação mensal fez o Estado decolar do 25º para o 11º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais, além de se manter novamente abaixo da média nacional (+0,99%). Santa Catarina (3,65%), Ceará (+2,05%) e Rio de Janeiro (+1,61%) figuraram nas primeiras posições, em uma lista sem deflações. Na outra ponta, São Paulo (+0,16%), Espírito Santo (+0,31%) e Amapá (+0,46%) figuraram no rodapé. 

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.375,15), no entanto, segue bem abaixo da média nacional (R$ 1.463,11). Com o aumento no Sinapi acima do dado brasileiro, o subiu da 20ª para a 19ª colocação, entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.666,84), Rio de Janeiro (R$ 1.611,30) e São Paulo (R$ 1.554,99) seguiram no pódio. Os valores mais baixos, por outro lado, se situaram em Rio Grande do Norte (R$ 1.285,85), Sergipe (R$ 1.296,93) e Alagoas (R$ 1.315,54).

O custo de mão-de-obra local (R$ 511,29) também permaneceu como um dos mais baixos do país, sendo novamente inferior à média nacional (R$ 596,22), e além de recuar da 21ª para a 23ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 780,64), Rio de Janeiro (R$ 737,40) e Paraná (R$ 685,48) representaram os maiores valores. Em contraste, Sergipe (R$ 466,22), Alagoas (R$ 482,76) e Rio Grande do Norte (R$ 491,59) ficaram no fim da fila.

A alta mais forte no custo de materiais para a construção civil levou o Amazonas (R$ 863,86) a avançar da 20ª para a 12ª posição do ranking nacional do IBGE, embora tenha ficado aquém do número brasileiro (R$ 866,89). Os maiores números se situaram em Tocantins (R$ 930,53), Acre (R$ 924,10) e Distrito Federal (R$ 909,33). No outro extremo, Rio Grande do Norte (R$ 794,26), Espírito Santo (R$ 815,67) e Pernambuco (R$ 819,83) ficaram com os menores números.

“Inflação e desaquecimento”

Em seu comentário para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou que o custo da construção continuou evoluindo pelo 18º mês seguido, em âmbito local, ajudando a vitaminar os acumulados no ano e dos 12 meses. Na análise do pesquisador, o víeis de curto prazo ainda é de alta para o indicador, mas variáveis macroeconômicas e de mercado sinalizam trazer um equilíbrio no comportamento dos preços, mais adiante. 

“A cada mês, fica mais evidente que as elevações são de caráter nacional. Pois no mês, elas ocorreram em todas as unidades federativas. Com isso, as expectativas para os próximos meses não são as melhores. Principalmente levando em conta as médias trimestrais. No entanto, fatores como inflação e maior desaquecimento da atividade, podem mudar o cenário e estancar os aumentos”, ponderou.

Em texto divulgado pela Agência de Notícias IBGE, o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, ressaltou que, em âmbito nacional, o indicador pontuou a menor taxa dos últimos 12 meses, próxima a de agosto de 2020 (0,89%). Conforme o pesquisador, a taxa de agosto foi impactada pela desaceleração nas altas da parcela dos materiais, “sem destaque de nenhum produto”. “No caso da mão de obra, houve dissídios em Santa Catarina e no Ceará, que apresentaram as maiores taxas: 3,65% e 2,5% respectivamente. Todos os demais Estados apresentaram variações próximas a 1%”, completou.

“Tendência de estabilidade”

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, aponta que o descolamento dos materiais em relação à mão de obra na composição do metro quadrado já aponta para uma vantagem de 63% sobre 37%, respectivamente. Mas, o dirigente pondera que, a despeito da continuidade dos aumentos dos preços de materiais, capitais de maior porte já apresentam desaceleração nos preços, e mesmo em Manaus, alguns produtos também já mostram tendência de estabilização, nos próximos meses.

“Junho, julho e agosto já mostram uma certa estabilidade, especialmente após a sinalização da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) em relação ao aço. Isso nos dá uma projeção de que vamos ter um equilíbrio nos preços dos materiais. Temos no acumulado do ano, índices bem menores do que no país. O ponto negativo é que o custo ainda está acima da inflação, que já está corroendo o salário do interessado em comprar imóveis. E isso puxa a taxa Selic para cima, encarecendo a prestação para o comprador”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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