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Desalento no mercado de trabalho do Amazonas cai no 2º trimestre

A proporção de amazonenses de 14 anos ou mais que desistiram de procurar emprego caiu, no segundo trimestre deste ano, em todas as comparações. Entre abril e junho, a população desalentada (144 mil pessoas), caiu 15% em relação ao trimestre anterior (169 mil pessoas) e recuou 4,8%, no confronto com o quantitativo apresentado no segundo trimestre de 2020 (151 mil pessoas). Em termos percentuais, os trabalhadores nessa condição representavam 6,9% da força de trabalho do Estado – contra 8,2% e 7,9%, nos respectivos levantamentos anteriores.

A má notícia é que o número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas – menos de 40 horas por semana e com disponibilidade para trabalhar mais horas – avançou com mais ímpeto, em ambos os cenários. Cresceu de 158 mil (10,3% do total) para 170 mil (10,2%), entre o primeiro e segundo trimestres deste ano, uma diferença de 7,3%. Também foi 39,3% superior ao patamar do mesmo período do ano passado (122 mil pessoas e 8,2%). É o que mostram os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, do IBGE.

A taxa composta de subutilização da mão de obra no Estado foi de 32,7% (715 mil pessoas), ao mostrar retração trimestral de 3,1% e encolhimento anual de 1,4%. A média nacional foi de 28,6%, sendo que as três unidades federativas com as maiores taxas foram Piauí (46,6%), Maranhão (46,3%) e Sergipe (44,1%). Na outra ponta, Santa Catarina (10,6%), Mato Grosso (15%) e Rio Grande do Sul (17,7%) figuraram no rodapé de uma lista, onde o Amazonas figura na 12ª colocação.

Vale notar que a dinâmica se deu também em meio a um decréscimo vegetativo no contingente de trabalhadores locais. O total de pessoas na força de trabalho potencial do Estado – com 14 anos de idade ou mais – que não estavam ocupadas nem desocupadas, mas possuíam potencial de se transformarem em força de trabalho, foi de 242 mil. Foram 16,7% a menos, quando comparados à marca do trimestre anterior (291 mil) e 15,8% aquém da quantidade de amazonenses que faziam parte desse grupo, um ano antes (288 mil).

Contratações e informalidade

A retração entre os desistentes na busca por emprego, assim como a elevação da fatia dos que consideram que estão trabalhando menos do que gostariam ou poderiam, seguiu em paralelo com uma relativa melhora no mercado de trabalho do Estado. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação caiu de 17,5% (330 mil) para 15,6% (303 mil), entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, depois do repique anterior. O nível de ocupação da mão de obra avançou 5,5% e chegou a 52,2% (ou 1,6 milhão de pessoas). No confronto com o mesmo período de 2020, as altas foram de 4,3% e 11,2%, respectivamente.

A oferta de emprego ficou novamente bem abaixo da procura. A atividade que apresentou maior crescimento em relação ao mesmo trimestre de 2020 foi a de construção, que avançou 71,5%, ao abrir 44 mil novos postos de trabalho. Os segmentos de “outros serviços” (que incluem arte, cultura, esporte e recreação) e de alojamento e alimentação vieram na sequência, entre outras atividades – com incrementos de 40,9% (+20 mil empregos) e 37,6% (+24 mil), na ordem. Embora majoritários em proporção de trabalhadores, agropecuária (19,87% ou 318 mil) e comércio (19,18% ou 307 mil) geraram acréscimos respectivos de 19 mil e 32 mil novas vagas.

Outro fator inibidor veio da taxa de informalidade. No setor privado, 33,2% dos trabalhadores amazonenses (168 mil) não contavam com carteira assinada. O Amazonas apresentou o segundo maior percentual nesse quesito, em todo o país, ficando atrás apenas do Amapá (37,7%). A informalidade, por sinal, era dominante entre os trabalhadores domésticos (87,84% ou 65 mil). O trabalho por conta própria foi a alternativa para 36,7% dos amazonenses ocupados (602 mil), sendo que 92,7% (558 mil) não possuíam CNPJ, com altas de 9,3%, na variação trimestral, e de 28,8%, na anual. 

Insatisfação e oportunidade

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, disse à reportagem do Jornal do Commercio explicou que a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas atinge aqueles que possuem trabalho, mas sua carga horária é menos que a esperada. O pesquisador ressaltou que, embora tenha se mantido estável em relação ao trimestre anterior, em termos proporcionais à força de trabalho, o contingente cresceu 7,3% em termos absolutos, além de colher um índice de crescimento de dois dígitos (+39%) na comparação com igual intervalo do ano passado. 

“Isso reflete a insatisfação de uma grande parte dos trabalhadores com sua ocupação atual. A grande maioria desse grupo é formada por trabalhadores domésticos sem carteira, e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Já os desalentados, que são aqueles que não trabalham e nem procuravam emprego. Mas, havendo uma oportunidade, estariam dispostos a trabalhar. Esse grupo caiu bastante no segundo trimestre, indicando que desistiu de aceitar uma oportunidade, ou migrou para a força de trabalho”, analisou.

Indagado se a redução do desalento se deve a uma melhora na confiança do consumidor na economia em virtude do avanço da vacinação em paralelo com a melhora relativa dos indicadores de covid-19, o pesquisador respondeu que a questão é “muito circunstancial”. “Veja o caso de uma mãe de família que via seu marido sem trabalho e a família sem renda, por conta da pandemia. Certamente que, surgindo uma oportunidade de trabalho, ela aceitaria. Mas, com a volta à normalidade, ela certamente voltará com o pensamento de não trabalhar”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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