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Espumante português. Se for na bairrada é bom, com certeza

O nome “Bairrada” deriva de “barrentos”, uma associação à quantidade de barro encontrada no solo onde as vinhas são cultivadas nesta magnifica região de Portugal. Geograficamente a Bairrada é uma sub-região natural situada na província da Beira Litoral e região do Centro do país. A Bairrada se caracteriza essencialmente pela forte produção vitivinícola, sob a denominação Bairrada D.O.C – Denominação de Origem Controlada, também considerada Região Demarcada (espumante), bem como pelo famosíssimo e delicioso “Leitão Assado da Bairrada”. 

Tem uma outra coisa muito especial por lá: os vinhos espumantes. A Região da Bairrada tornou-se reconhecida mundialmente pela qualidade dos seus vinhos espumantes. A combinação com a gastronomia típica local encanta apreciadores do mundo inteiro. A produção de vinho espumante na Bairrada comemorou cento e vinte e cinco anos no ano de 2015.

Dois terços dos vinhos espumantes portugueses são produzidos na Bairrada com base na tradição. Nesta terra de grandes espumantes portugueses com paisagens exuberantes, ainda hoje se colhem as uvas à mão. Não dá pra contestar a máxima de que “a cultura de um povo está naquilo que tem à sua mesa, no que melhor sabe fazer, no que resulta seu labor e nos ditames do sabor”. Na Bairrada os apreciadores dos soberbos Sucos da Bíblia, seguem essa máxima à risca, aproveitando que estão em uma região cuja cultura remonta a períodos ancestrais, uma terra antiga e regida pela natureza, com tradição na lavoura e pecuária, onde o cultivo de vinhos está documentado nos períodos romano e idade média. Uma terra de costumes caseiros fortes e enraizados, ditados pela vida no campo e pelo destino do seu vinho. O famoso prato “Leitão da Bairrada”, é um capítulo a parte. Para que tenham uma ideia da importância que os bairradinos dão à tradição e qualidade, até a seleção do leitão deve obedecer a uma série de critérios. O primeiro, é que o bicho tem que ser de casta local, da área da Bairrada. Pode ser da raça Bísaro ou Malhado de Alcobaça. O truque é que o animal tenha um mínimo de seis quilos e meio e um máximo de oito quilos e meio, correspondendo a aproximadamente um mês de vida – o tempo certo para que o leitão tenha gordura mas não em excesso. Adicionalmente, é fundamental que não tenha sido alimentado por nada mais do que leite da sua mãe – ou seja, um leitão reduzido totalmente à sua condição de mamífero e que aqui no Brasil chamamos de “leitãozinho de leite”. A mãe do leitão, por sua vez, deve ser alimentada da forma mais natural possível, já que o leite de qualquer fêmea é influenciado pela sua dieta.  

A preparação do “Leitão da Bairrada” leva pelo menos quatro ou cinco horas até que ele chega ao prato pronto a ser degustado. A matança do animal e todo o processo de esboldração que se segue exige perícia do executante e experiência de quem tempera. O leitão deve ser abatido de uma só facada, sem crueldade. Essa iguaria sem igual é servida com batata, preferencialmente cozida, salada a gosto. Os sommeliers e enófilos locais recomendam o espumante tinto ou rosé para harmonizar com essa delicia, porém sem enochatice, deixam essa escolha para o gosto do freguês, já que a brincadeira é de gente grande. No meu caso, harmonizei o meu primeiro prato dessa iguaria com um tinto grandioso da uva Baga. 

Então, sobre os vinhos tintos, a região da Bairrada, é onde reina a uva Baga. Essa variedade de uva dá origem a alguns dos melhores vinhos tintos portugueses, exemplares, refinados, inimitáveis, de enorme classe e estrutura. A “domesticação” da Baga não foi fácil, já que a uva tendia a produzir vinhos excessivamente tânicos e ácidos, de pouca concentração. Hoje, ela é considerada uma das maiores uvas portuguesas ao lado da  Touriga Nacional. A uva Baga possui enorme importância para a região da qual ocupa 50% de toda a extensão de vinhedos da área, seguida, em grau de importância pelas uvas tintas Touriga Nacional, Castelão e Aragonez. No caso das uvas brancas, encontram-se as castas autóctones Arinto, Rabo de Ovelha, Maria Gomes e Bical.

Hey, não deixem  também de experimentar os vinhos brancos e rosés da Bairrada. Eles são muito elegantes, com bom corpo e classificados entre os melhores exemplares de Portugal. 

Em miúdos: A Região da Bairrada é, sem dúvida, uma das maiores fontes de grandes vinhos portugueses, e também, uma das maiores referências portuguesas na produção de vinhos tintos, hoje embaixadores mundiais dos prazeres aromáticos e saborosos, engarrafados por vinícolas portuguesas com toda certeza. 

Minha Dica: quando estiver na Bairrada não deixe de conhecer o Museu da Etnomúsica e o Museu do Vinho  Bairrada.

Foto/Destaque: Divulgação

Humberto Amorim

Enófilo, curioso, insaciável e infiel apreciador
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