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Empreendedorismo feminino pós maternidade em alta

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sidade Federal do Amazonas) traçam perfil predominante de mulheres que tornaram-se empreendedoras após a maternidade. Segundo a pesquisa, um dos pontos predominantes no estudo é que 53% das entrevistadas são de classe média e têm entre 25 e 35 anos de idade. A pesquisa foi realizado entre janeiro e abril deste ano e entrevistou 32 mães empreendedoras que atuam em Manaus. 
De acordo com a idealizadora da pesquisa, a turismóloga e finalista do curso de administração, Iklena Damasceno, um dos principais pontos observados dentro do empreendedorismo feminino é que as grandes protagonistas são mulheres que abriram seu próprio negócio após a maternidade. Do ponto de vista da motivação para para abrir o negócio, verificou-se que os principais fatores são flexibilidade de horário, necessidade de aumentar a renda, oportunidade no meio em que vivem, independência financeira e necessidades encontradas na maternidade. Ela explica que o primeiro dado  coincide com a faixa etária em que a carreira profissional da mulher é consolidada no mercado. 
“São mulheres que já conquistaram seu espaço no mercado, que já trabalhavam e tinha um certa independência financeira e autonomia, mas que depois da maternidade tiveram que tiveram conciliar maternidade e vida profissional. E isso gera uma certa dificuldade, porque a mulher precisa de uma rede de apoio e precisa uma flexibilidade de horário principalmente quando o filho ainda não estar em período escolar. Então buscamos traçar o perfil dessas mulheres, suas características, como entraram no empreendedorismo, como se desenvolvem como gestoras e quais as suas principais dificuldades em conciliar com a atividade materna”, explicou 
Segundo a pesquisadora, grande parte das mulheres entrevistadas atuavam no mercado formal de trabalho e foram motivadas pela flexibilidade de horário para abrirem seus próprios negócios.
“Grande parte desse público foi motivado pela flexibilidade de horário para abrirem seus negócios. Sua principal dificuldade como mãe empreendedora é o fator tempo, fato que evidencia os inúmeros papéis exercidos pela mulher na sociedade”, explicou.
A turismóloga por formação e especialista em produção e gestão de eventos, Wanessa de Carvalho, 30, tinha uma vida profissional bastante agitada e corrida. Sua rotina de viagens, eventos e trabalho com carga horária de oito horas por dia, a fez repensar sobre sua vida profissional após o nascimento da pequena Maria Alice. Após analisar todas as dificuldades em conciliar trabalho e criação de filhos, ela resolveu entrar no mundo dos negócios e criou o empreendimento Brincando Atelier. A empresa tem como finalidade trabalhar o entretenimento infantil, como atividade sensoriais e motoras que estimulam a criança a brincar de forma alegre e divertida. 

Wanessa de Carvalho resolveu empreender e criou o Brincando Atelier

“Eu queria participar mais ativamente da vida da minha filha. E como eu já trabalhava com eventos e sempre gostei da área, resolvi abrir meu próprio empreendimento e trabalhar com entretenimento infantil. A Brincando no Atelier trabalha com várias atividades, como oficinas artísticas, circuitos de brincadeira, onde fazemos resgates de brincadeiras antigas e estimulamos as crianças a saírem do eletrônico e tenham essa vivência. A empresa me proporcionou coisas maravilhosas  que foi conviver mais com a minha filha. Os eventos que eu faço são curtos de até 3 horas, e isso me ajudar a ter uma rede de apoio grande para ficar com ela quando eu precisar estar nos eventos”, disse. 
Atualmente Wanessa conta com uma equipe com 13 profissionais da área de pedagogia, psicologia, educação física e turismo com ênfase em recreação. Além de mães que que trabalham na empresa e acreditam que é possível alinhar trabalho dando mais tempo para os filhos. 
“Todos eles têm experiências nesta área e fazem todo tempo reciclagem e capacitação para atuar. Eles têm essa preocupação de trabalhar nas recreações. Tenho muitas mães que trabalham na equipe e que acreditam no projeto, porque eu sempre falo que nossos filhos são nossa prioridade. E elas acreditam na empresa e focamos em contratar mães que largaram seus empregos para estarem vivenciando o crescimento de seus filhos”, explicou.
De acordo com Iklena, esse movimento do empreendedorismo materno vem sendo uma solução e saída para as mulheres que querem ter mais qualidade  de vida e tempo para seus filhos sem deixar de trabalhar. Ela explica, que a porque a maioria das mulheres entrevistadas possuem rendas lucrativas de até quatro salários mínimos de participação na renda total da família. 
Além disso, o segmento configura-se como uma alternativa promissora para as mães que querem aliar vida profissional e maternidade, além de corroborar para o fenômeno do empreendedorismo materno, demonstrado no embasamento teórico para a pesquisa, visto que 88% pretendem expandir o negócio e 94% estão satisfeitas com o negócio.
“Todas as mulheres que eu entrevistei querem continuar empreendendo e querem expandir o negócio. Notamos que dá certo, não é uma tentativa e erro e sim uma opção muito viável. Conheci mães e espaço que são lojas colaborativos onde mães produzem seus produtos e vendem em um espaço só formado por mães empreendedoras. Nota-se que até a troca de experiência entre as mulheres gera uma nova atividade no mercado que ganha espaço e gera lucro”, explicou.

Perfil
Na pesquisa, também pode se destacar o estado civil, renda familiar e com quem a entrevistada reside, onde 72% das entrevistadas são casadas, enquanto 16% possuem união estável e 13% são solteiras. Além disso, 81% dessas mulheres residem com esposo e filho e 41% pertencem à classe média. Por meio desses dados e dos detalhes revelados nas entrevistas, pode-se perceber uma certa “segurança” da maioria das mulheres em sair do mercado formal e empreender.

Características das empresas
Ao observar as características da empresa, destacam-se algumas informações como porte e tipo, onde é possível verificar que 88% são microempresas, 47% são lojas exclusivamente online e 22% são online e física e 56% das empresas não são legalizadas. “As vantagens tributárias e burocráticas fazem diferença para estas mulheres na hora de abrir um empreendimento. Além disso, ao saírem do ambiente corporativo formal, elas precisam ser economicamente ativas novamente e, com certa urgência, precisam manter o padrão de vida agora com mais um ou dois integrantes na família. Essa escolha faz a diferença na rentabilidade de seus negócios, nota-se que em 91% dos casos pesquisados, o empreendimento representa até quatro salários mínimos na renda familiar”, explicou.
A participação da rede de apoio para a mãe empreendedora é um dos fatores de maior importância em suas rotinas e mais citados pelas mães entrevistadas. A pesquisa ressalta, que antes do filho entrar em idade escolar, esta é a única base com quem a mãe pode contar e sua ausência significa redução das horas trabalhadas ou custo extra com creches, babás, cuidadoras, entre outros. 
“Após o início do período escolar, enquanto a criança está na escola, na maioria das vezes é a hora em que as mães se dedicam ao empreendimento, produção, atendimento ao cliente, inserção de informações nas redes sociais e demais atividades que exigem mais atenção e são melhores de serem executadas na ausência da criança”, disse a pesquisadora.  

Segmentos
Outro dado encontrado na pesquisa foram os segmentos onde as mães empreendem. Os segmentos escolhidos podem ou não condizer com a formação ou área de atuação exercidas previamente pela mulher. “No que diz respeito às mulheres participantes da pesquisa, a maioria trabalha com artesanato nas suas mais diversas modalidades.Fato interessante nesta amostra é que vários dos segmentos são voltados para mães e/ou para o público infantil, como moda e confecções infantis, brinquedos criativos, consultoria materna, alimentação infantil, entre outros”, disse.
Verifica-se nos dados obtidos que a grande maioria das mulheres têm como desafio conciliar o tempo com as diversas necessidades que uma criança demanda, além dos inúmeros papéis exercidos por ela na sociedade, como administrar o negócio, a rotina doméstica, os compromissos sociais, a responsabilidade materna, além do papel de esposa e mulher. 
Mãe de dois filhos, a administradora Gilene Rosa resolveu realizar vendas de calçados masculino e feminino pelas redes sociais. Com o objetivo de complementar a renda da família, cuidar da casa  e acompanhar o desenvolvimento dos dois filhos de perto, ela decidiu alinhar técnicas de vendas a um negócio bem rentável. 
“Como quase toda família precisamos de uma renda extra, meu marido trabalha e conseguimos pagar nossas contas, porém eu como mulher e mãe não posso ficar sem fazer nada. Foi então que como eu tenho muitas amigas elas amam sapatos, bolsas, brincos, comecei a vender sapatos e estou amando porque não fico na mesmice. Estou tendo uma boa renda com muitas vendas. Alinhado a isso tenho tempo de qualidade com meus filhos e tenho possibilidade de cuidar dos afazeres domésticos e cuidar do marido. Priorizar filhos e família foi uma decisão que não me arrependo de ter feito”, disse.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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