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Eletronorte arremata Linhão por R$ 3,45 mi

A última etapa do leilão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), ocorrida na manhã de sexta-feira, 27, referente à construção de 30 quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica no Amazonas, foi arrematada pela Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil), por R$ 3,45 milhões. A execução das obras unirá a região metropolitana de Manaus ao SIN (Sistema Interligado Nacional), por meio do Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus.
Teoricamente, quando um sistema local e limitado de energia elétrica é integrado ao SIN as variações de tensão elétrica (falta de energia por alguns minutos) não ocorrem com frequência. A explicação é do engenheiro elétrico e conselheiro do Crea/AM (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Amarildo Almeida, e retrata a situação da capital do Amazonas, onde as constantes variações de tensão prejudicam comércio e serviços.
O presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Gaitano Antonaccio, espera que a chegada no linhão elimine “de uma vez por todas” a falta de energia constante em Manaus. “Quando um comerciante fica sem energia perde vendas, os clientes ficam irritados achando que a culpa é da loja, e, em alguns casos, a mercadoria estraga. O prejuízo nunca é da concessionária, é sempre do comerciante”, desabafou.
De acordo com Amarildo Almeida, em qualquer cidade de médio porte em diante, quando o horário comercial termina, o consumo de energia elétrica é mais intenso nas áreas residenciais. “É normal que áreas comerciais consumam mais que as residenciais durante a manhã e tarde. À noite, é necessário redirecionar a energia para onde tem mais consumo. É nesse momento que a energia falha e ficamos sem luz por alguns minutos”, informou. O engenheiro declarou ainda que, quando os fios ou transformadores estão velhos, essa variação de tensão pode ocasionar “explosões de transformador” e o equipamento ficar inoperante, deixando todas as ruas dependentes daquele transformador na escuridão.

Racionamento eterno

Quando Manaus estiver conectada ao SIN, o risco de apagões será praticamente nulo, como disse Almeida. Segundo o especialista, os Estados produtores de energia elétrica colocam a produção a disposição do sistema nacional. O SIN realoca a energia para as regiões de maneira igualitária, dando preferências para as cidades que mais consomem eletricidade.
Mesmo com a ligação do Amazonas ao SIN, contudo, não será possível atender todos os 62 municípios. “O que o Estado produz não atende à demanda e não há ligação para o interior”, lamentou. O interior depende de geradores movidos a óleo diesel e não oferece energia durante o dia, na maioria dos municípios. “Algumas cidades vivem em regime de racionamento de energia eterno”, completou, acrescentando que o custo médio de um quilômetro de linha de transmissão de energia elétrica é de R$ 1,4 milhão.
A Amazonas Energia não produz toda a energia utilizada em Manaus e compra parte dela das sete usinas termelétricas da capital. Com a inauguração do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, as usinas utilizarão gás natural ao invés do poluente diesel. As termelétricas de Manaus têm consumo anual de 1,2 bilhão de litros de óleo combustível e óleo diesel, segundo relatório do Plano Anual de Combustíveis da Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras). A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis) calculou o consumo de óleo combustível e diesel no Amazonas em 1,6 bilhão de litros em 2008.

Subsídio da CCC só acaba em 2023

Na opinião do secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, Josias Araújo, não é possível eliminar a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis) subsidiador da geração de energia termelétrica nas áreas não atendidas pelo SIN. De acordo com o secretário, a conta permanece até 2023 e será reduzida à medida que o sistema termelétrico for substituído pelo hidrelétrico e quando as redes de transmissão da região forem interligadas às de outros Estados.
A CCC é um encargo pago mensalmente pelas empresas que vendem energia elétrica para o consumidor final. Os valores são fixados anualmente pela Aneel para a concessionária de distribuição. Com a diminuição do uso do óleo diesel, o Amazonas deixa de arrecadar imposto com a compra do produto, ao passo que a arrecadação com a CCC é reduzida. Mas, a compra do gás natural servirá para balancear o cofre estadual. “Pelo menos por aqui não sentiremos tanto a queda na arrecadação”, apostou o economista e deputado federal (PT), Francisco Praciano.
“Diferente de Acre e Rondônia, que não têm opção do gás natural e terão queda brusca na arrecadação -porque utilizarão energia elétrica direto do sistema nacional e não ficaram dependentes das termelétricas locais-, nós do Amazonas não sentiremos esse impacto de uma vez”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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