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“Dexametasona não é novidade” diz José Bernardes Sobrinho, presidente do CRM-AM

“Dexametasona não é novidade” diz José Bernardes Sobrinho, presidente do CRM-AM

Para a comunidade científica internacional, a dexametasona é agora a principal novidade no tratamento da Covid-19. Liderada pela Inglaterra, uma pesquisa recente aponta que, de 21 pacientes graves tratados com o medicamento, só cinco deles foram a óbito com a doença. A hidroxicloroquina, usada há pelo menos 60 anos contra a malária, lúpus e doenças reumatoides, foi tão demonizada que acabou sendo mesmo relegada por duas vezes pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Como, então, creditar tanta confiança a uma entidade que parece estar desnorteada sobre as melhores estratégias para frear o avanço da pandemia no mundo, se ora e outra recua em suas recomendações? Esse é o principal questionamento de todos.

Mas muitos especialistas veem outros interesses por trás de orientações mundiais sobre o uso de drogas para tratar o novo coronavirus, inclusive os antivirais tão apregoados por empresas nos Estados Unidos e na própria Europa. E que custam muito caro.  Ao contrário, a dexametasona é um remédio muito barato, como a hidroxicloroquina.

O presidente do CRM-AM (Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas), José Bernardes Sobrinho, diz que o uso da dexametasona já vem fazendo parte dos protocolos utilizados contra a Covid-19. “Para nós, não representa nenhuma novidade. Há muito tempo já utilizamos esse remédio. É, claro, associado a outras drogas”, ressalta ele.

O médico José Bernardes falou com exclusividade ao Jornal do Commercio sobre um tema de grande relevância mundial, que é hoje controlar a pandemia do coronavírus.

Jornal do Commercio – A dexametasona representa hoje a grande novidade para o combate ao coronavírus. Como o sr. avalia esse novo recurso se a hidroxicloroquina acabou sendo demonizado pela comunidade científica internacional?

José Bernardes Sobrinho –   A Covid-19 tem duas fases – uma infecciosa, que é quando o vírus se multiplica e tenta invadir as outras células do organismo. Nesse caso, usamos a hidroxicloroquina e zinco. O coronavírus só está se multiplicando. Na fase mais adiante, é a inflamatória. Quando ocorre a tempestade de citocinas. Aí, se usa corticoides, que podem ser a dexametasona, prednisolona, metilprednisolona, juntamente com anticoagulantes para evitar tromboses e antibióticos, como a azitromicina. É a fase pulmonar, a mais adiantada da doença, a mais grave, quando o paciente precisa de internação e geralmente vai pra UTI.

JC – Esse protocolo de tratamento só está ocorrendo agora?

JBS – Não, já foi usado na Espanha, Itália, Inglaterra…..com muito sucesso.

JC –A OMS está preconizando esse novo tratamento com dexametasona, um corticoide muito barato. Inicialmente, a entidade recomendou a hidroxicloroquina, depois recuou e retomou as pesquisas. Agora, decidiu abandoná-las de vez. Parece completamente desnorteada sobre o assunto. Que interesses estão por trás disso?

JBS – Tem muito a ver com interesses políticos. A OMS perdeu muito credibilidade e não é hoje um grande referencial para o tratamento. A entidade está muito desacreditada. Tem um viés muito político em suas decisões e recomendações….

JC – E nos casos de assintomáticos quando testam positivo para o novo coronavírus que, em tese, não seriam um risco de contágio? Uma outra questão em que a OMS acabou se afundando em suas declarações. E só depois veio uma representante da entidade para retirar essas garantias.

JBS – No caso dos assintomáticos, o importante é avaliar a questão pulmonar deles. E, sem seguida, entrar com a cloroquina. Por exemplo, a maioria dos nossos colegas que contraíram a doença usou o remédio no início e, cinco a seis dias depois, estavam totalmente recuperados. A OMS está perdida. Uma hora fala uma coisa e depois recua, Infelizmente. Já não se tem tanta confiança nela.

JC – Mas falam tanto em complicações causadas pela hidroxicloroquina, como a morte súbita por arritmias cardíacas, que muitos temem lançar mão do remédio….

JBS – Quem não tomou cloroquina em Manaus ou no interior do Estado para tratar malária? Dificilmente não se encontra alguém que não tomou o remédio pra malária. Não existe quase complicação nenhuma. Antigamente quem dava o remédio eram os agentes da Sucam, que controlavam e combatiam a endemia. Alguém morreu por causa disso? Conversei com um cardiologista, o dr. José Wilson Cavalcante. Ele disse, que em 40 anos de profissão, nunca perdeu um paciente com arritmia por causa de cloroquina. Ela tem indicação na fase inicial e na fase de infecção pelo coronavírus. Tem muito interesse político e econômico por trás disso. Ela é muito barata, custa 14 reais, em média. É usada há 60 anos.

JC – E no caso da ivermectina e da anita, um remédio usado para verme?

JBS – Alguns autores recomendam a ivermectina, a anita. Também podem ser um bom recurso. São remédios muito baratos. Não fazem mal nenhum, não têm contraindicações. E têm alguma eficácia. Não têm efeito colateral. Como o uso está na moda, os preços dispararam. Não vejo como um risco às pessoas que usam.

JC – Como o sr. avalia hoje o cenário da pandemia no Amazonas?

JBS – Os casos da doença caíram muito no Estado. As internações diminuíram bastante, principalmente nos leitos de UTI, que são para os pacientes mais graves. Converso com colegas e eles me falam que a doença realmente está regredindo.

JC – Houve muito alarde sobre a doença…..?

JBS – Sim, houve, principalmente para objetivos políticos. Quanto mais fossem notificados casos, mais dinheiro viria para o Estado. Então, a partir do momento em que o governo federal diminuiu mais os recursos, aí começaram a cair as notificações. Então, o interesse era fazer um alarde muito grande pra vir mais dinheiro federal. Tanto isso é verdade que basta lembrar um caso recente durante a operação da Polícia Federal no Pará. Acharam tanto pacote de dinheiro escondido na casa de um secretário de Saúde que impressionou todo mundo. Cédulas de 50 reais, 100 reais, escondidas no forro da casa. Tudo dinheiro enviado para tratar Covid-19. Por isso, que a PF fez essas operações nos Estados.

JC – Então, está implícito que muita gente ganhou dinheiro com a Covid-19?

JBS – Com certeza, muita gente ganhou muito dinheiro com a Covid-19.  Muitos chegaram a receber 450 milhões de reais para hospitais de campanha, mas acabaram construindo só uma unidade. Não tinha licitação, não tinha nada. Havia muito interesse em divulgar o caos. Quanto maior o caos, mais vinha dinheiro. Em outras administrações do governo do Amazonas, um assessor do governo me confidenciou que o problema na saúde de Manaus não é falta de dinheiro, é falta de gestão.

JC – O sr. argumenta que o isolamento social não funciona para todas as pessoas. Por quê?

JBS – Manaus tem um defeito muito grave, como também o resto do Brasil. O isolamento social só é bom mesmo pra classe média e alta. O cara mora num apartamento, com um cômodo para cada pessoa, com dinheiro à disposição. Entre os menos favorecidos isso não funciona porque até oito ou mais pessoas acabam usando o mesmo cômodo. E aí o contágio é inevitável. Então, o ideal era isolar essas pessoas em uma só unidade pública ou privada para evitar a contaminação….

JC – O CRM-AM chegou a sugerir ao governo do Amazonas construir um local específico para abrigar essas pessoas menos favorecidas que testassem positivo para a Covid-19?

JBS – Sim, fizemos isso desde o início da pandemia…..Nesse local, os doentes teriam acompanhamento direto de médicos e enfermeiros. Acho que realmente houve omissão sobre esse alerta.

JC – Como o sr. avalia a reabertura da economia neste momento de pandemia?

JBS – Como muito positiva. As pessoas vão morrer de fome se não voltarem a trabalhar. Muita gente está passando necessidade. E não dá pra sobreviver só com a ajuda emergencial de 600 reais.

JC  – Quanto ao fim da pandemia, a situação só voltará ao normal mesmo com a vacina?

JBS – Ela virá com certeza. E quem descobrir primeiro a vacina vai ganhar muito dinheiro. Unido, o mundo tem condições de produzir bilhões de doses….

Marcelo Peres

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