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Crise derrete otimismo das MPEs no Amazonas

Crise derrete otimismo das MPEs no Amazonas

A piora nas condições de sobrevivência, em um mercado ainda marcado pelos rescaldos econômicos da pandemia, e já sob a perspectiva de retirada de estímulos anticíclicos, fez o otimismo derreter entre os pequenos e microempresários do Amazonas – que estavam entre os mais otimistas do Brasil. O prazo esperado para o retorno a uma “normalidade” sem os efeitos da crise da covid-19 ganhou acréscimo para 11 meses, mas 49% apostam que menos da metade da clientela retornará aos estabelecimentos em 30 dias.

É o que mostram os dados da sétima edição da pesquisa “Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, conduzida pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa). Realizada entre 27 e 31 de agosto, a sondagem ouviu representantes de 7.586 micro e pequenas empresas em todo o país, assim como MEIs (microempreendedores individuais), sendo que 99 deles estão no Amazonas (ver boxe). 

A maioria esmagadora dos pequenos negócios do Amazonas sofreu refluxo nos negócios (79%), com queda média de 41% nas vendas, em relação a uma semana normal. Houve maior amplitude nas perdas, que diminuíram relativamente, em face dos percentuais capturados um mês antes – 77% e 43%, na ordem. Em contrapartida, passou de 74% para 70% a fatia das empresas que tiveram de fazer mudanças para sobreviver à crise – como a adoção de vendas à distância. E caiu de 13% para 12% a parcela das que saíram temporária (4%) ou definitivamente (8%) do mercado.

Na outra ponta, diminuiu de 8% para 2% a faixa de micro e pequenos empreendimentos do Amazonas que saíram ganhando com a crise da covid-19. Quem se enquadrou nessa situação privilegiada de mercado alcançou altas de até 52% nas vendas, mas só chegou lá porque passou a fazer mais delivery (59%), mudou sua linha de produtos e/ou serviços (52%), resolveu vender mais online (32%), ou mudou seu modelo de negócio (8%). 

Demissões e contratações

Assim como no mês anterior, as micro e pequenas empresas do Amazonas ouvidas pelo Sebrae ainda contam com média de quatro colaboradores e seguem empatadas com o número nacional nesse quesito. Os quadros incluem familiares, empregados fixos e temporários, formais ou informais, mas a fatia correspondente a negócios que não contam com um empregado sequer aumentou de 54% para 65% em comparação com a sondagem do mês passado. 

Ao mesmo tempo, diminuiu de 33% para 26% a proporção dos pequenos negócios locais que conseguiram evitar desligamentos nos 30 dias anteriores à pesquisa. Dentro da parcela de 13% de empresas que optaram por demitir, a média de funcionários desligados no Amazonas ficou abaixo do Brasil (3) e foi de 2 – o mesmo número de julho e bem melhor do que junho (14). Em contraste a minoria de empresas que ainda conseguiu contratar funcionários de carteira assinada passou de 5% para 11%. Mas a média de admitidos no Estado foi de 1 e ficou abaixo do número nacional (2).

As principais ferramentas utilizadas pelos micro e pequenos empreendedores do Amazonas para manter empregos incluíram suspensão de contratos de trabalho (31%), redução de jornada e salários (24%), férias coletivas (20%) e redução de salário com complemento do seguro desemprego (10%). A maioria (40%), contudo, informa que não adotou nenhuma das medidas citadas. Os respectivos números levantados antes pelo Sebrae foram 16%, 28%, 13%, 7% e 55%.

“Criatividade e perseverança”

No entendimento da gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, Socorro Correa, a pesquisa mostra um cenário “ruim e controverso” para as micro e pequenas empresas do Amazonas, especialmente quando se levam em conta os dados relativos à dinâmica do faturamento nas empresas amazonenses e sua dança das cadeiras no que se refere a demissões e admissões. 

A dirigente pondera que, se alguns empreendimentos estão em situação mais favorável – em função do produto/serviço ou da forma de vender –, para outros, a recuperação ainda não foi suficiente para equilibrar as contas e saldar dívidas. Como consequência, vêm a negativação dos negócios, o afunilamento no crédito, e os reflexos negativos nos empregos, renda familiar e mercado de consumo. E parte do horizonte começa a se fechar também com a perspectiva do encerramento dos programas federais de estímulo à economia.

“É um ciclo que requer muita criatividade, paciência e perseverança dos empresários. Infelizmente, a luz vai demorar para aparecer no fim do túnel Com certeza, não vai acontecer antes de um prazo de 12 meses. O governo federal tem déficit elevadíssimo e ainda não tem um plano para a superar a crise e conter as despesas públicas. Onerar o setor produtivo ou os trabalhadores, só irá aprofundar a dívida. Assim como o setor privado está se reinventando e cortando gastos, o setor público terá de fazer o mesmo”, encerrou.

Saiba mais sobre os empreendedores do Amazonas

Dos 99 entrevistados no Amazonas, 51% são MEIs, 42% são microempresas e 7% são empresas de pequeno porte, sendo distribuídos em comércio (54%), serviços (46%) e indústria (1%). As estatísticas apontam ainda que o empreendedor amazonense é majoritariamente do sexo masculino (70%), tem de 36 a 55 anos de idade (63%), conta com ensino superior incompleto ou mais (53%) e se declara da etnia “negra” (68%). A maioria (42%) tem seu negócio funcionando em casa, seguidos por aqueles que trabalham em loja ou sala de rua (23%), no local do cliente (11%), ou em shoppings e centros comerciais (9%), entre outros.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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