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Crédito mais barato não afeta gargalo nas concessões

Crédito mais barato não afeta gargalo nas concessões

Em julho, os juros dos financiamentos bancários emendaram sua quarta queda seguida. Isso ocorreu em praticamente todas as linhas de crédito, tanto para pessoas físicas, quanto para as jurídicas – juros do comércio e para financiamento de automóveis permaneceram estáveis. A aversão dos bancos ao risco e as consequentes dificuldades para conseguir empréstimos, contudo, seguiram inalteradas ou até mesmo foram ampliadas.

O custo do dinheiro para pessoas físicas retrocedeu 0,53% e passou de 5,65% (junho) para 5,62% (julho) ao mês – o menor valor desde dezembro de 2013. O corte chegou a 1% para as pessoas jurídicas – de 3% para 2,97% mensais –, o patamar mais baixo da série histórica. As respectivas taxas anuais ficaram em 92,73% e 42,08%. Os dados são da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). 

Em contraste, outros indicadores recentes sinalizam que tornar o dinheiro mais barato não é a mesma coisa que fazer os recursos chegarem aos consumidores que precisam. Levantado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), o índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) aponta que 54,3% das pessoas entrevistadas em Manaus afirmaram que a situação atual de acesso ao crédito ficou mais difícil no mês passado.

Sondagem do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) revela que, a despeito da redução maior do custo nos guichês dos bancos, o acesso das pessoas jurídicas de menor porte ao crédito não é melhor. Nada menos do que 65% dos micro e pequenos empresários amazonenses que buscaram empréstimos ainda não conseguiram resposta favorável dos bancos, até o final de julho. 

Em paralelo, o volume de financiamentos no Amazonas avançou, mas as altas foram relativamente modestas para tempos de crise. O saldo das operações para pessoas físicas de julho (R$ 18,02 bilhões) foi 1,01% maior do que o de maio (R$ 17,84 bilhões) e 11,37% embora tenha sido superior ao registrado no mesmo mês de 2019 (R$ 16,18 bilhões). Para as pessoas jurídicas, o volume no período (R$ 12,08 bilhões) cresceu 0,25% sobre o mês anterior (R$ 12,05 bilhões) e 17,05% em relação a junho de 2019 (R$ 10,32 bilhões).

Provisionamento e concentração

“Alguns bancos estão retraindo nos empréstimos, porque provisionaram bastante as perdas nos últimos dois trimestres. E não foi pouco. Mas, é natural que isso aconteça. O crédito vai ficar mais barato, mas estará mais restrito no curto prazo e condicionado a mais garantias”, atalhou o administrador, especialista em finanças e coordenador de cursos de pós-gradução da Fipecafi, Estevão Garcia de Oliveira Alexandre.

Na mesma linha, o também administrador, e planejador financeiro CFP pela Planejar, Carlos Duarte, reforça que o gargalo na concessão ao crédito é potencializado pelo virtual oligopólio do setor bancário, que hoje está concentrado basicamente em cinco grandes empresas. De acordo com o especialista, os dois bancos estatais – Caixa Econômica e Banco do Brasil – respondem pela quase totalidade do crédito. 

“Aqui temos um problema que é sempre destacado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes: a concentração bancária. Isso cria um ambiente sem concorrência, no qual os players não precisam tomar maiores riscos para ver seus lucros aumentarem. É um fator que dificulta a chegada dos cortes na Selic ao tomador de crédito”, frisou. 

Segundo planejador financeiro CFP pela Planejar, hoje há uma maior facilidade em obter empréstimos com grandes níveis de garantias e que focam em investimentos, como compra de maquinário. Em contrapartida, financiamentos para capital de giro em novos negócios ou mesmo em empresas já maduras estão muito mais difíceis nos tempos atuais. 

“Isso tende a diminuir com a grande quantidade de novos bancos e fintechs que estão surgindo no mercado. Porém, vencer essa concentração será um trabalho duro e de longo prazo. Nesse meio tempo, teremos a desintermediação se desenvolvendo e cada vez mais investidores e tomadores se tornarão mais próximos o que pode resultar em um maior dinamismo econômico”, tranquilizou. 

Repique à vista

Diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribuiu a rebaixa no custo do dinheiro aos seguidos cortes da Selic e a expectativa dos agentes econômicos de que isso continue acontecendo. Em sua reunião mais recente, ocorrida há um mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa a seu nível mais baixo até hoje: 2% ao ano. Estevão Garcia e Carlos Duarte, entretanto, consideram improvável um novo corte. 

Oliveira, que também é o responsável pela sondagem, aponta ainda outros motivos, como redução dos depósitos compulsórios, operações de crédito com juros baixos e aportes do governo para pagamento das folhas das empresas pequenas e médias. A lista inclui também a renegociação de dívidas com remunerações menores e o cuidado dos bancos em não agravar ainda mais o quadro de inadimplência e solvência dos tomadores.

Em julho, os juros dos financiamentos bancários emendaram sua quarta queda seguida. Isso ocorreu em praticamente todas as linhas de crédito, tanto para pessoas físicas, quanto para as jurídicas – juros do comércio e para financiamento de automóveis permaneceram estáveis. A aversão dos bancos ao risco e as consequentes dificuldades para conseguir empréstimos, contudo, seguiram inalteradas ou até mesmo foram ampliadas.

O custo do dinheiro para pessoas físicas retrocedeu 0,53% e passou de 5,65% (junho) para 5,62% (julho) ao mês – o menor valor desde dezembro de 2013. O corte chegou a 1% para as pessoas jurídicas – de 3% para 2,97% mensais –, o patamar mais baixo da série histórica. As respectivas taxas anuais ficaram em 92,73% e 42,08%. Os dados são da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). 

Em contraste, outros indicadores recentes sinalizam que tornar o dinheiro mais barato não é a mesma coisa que fazer os recursos chegarem aos consumidores que precisam. Levantado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), o índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) aponta que 54,3% das pessoas entrevistadas em Manaus afirmaram que a situação atual de acesso ao crédito ficou mais difícil no mês passado.

Sondagem do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) revela que, a despeito da redução maior do custo nos guichês dos bancos, o acesso das pessoas jurídicas de menor porte ao crédito não é melhor. Nada menos do que 65% dos micro e pequenos empresários amazonenses que buscaram empréstimos ainda não conseguiram resposta favorável dos bancos, até o final de julho. 

Em paralelo, o volume de financiamentos no Amazonas avançou, mas as altas foram relativamente modestas para tempos de crise. O saldo das operações para pessoas físicas de julho (R$ 18,02 bilhões) foi 1,01% maior do que o de maio (R$ 17,84 bilhões) e 11,37% embora tenha sido superior ao registrado no mesmo mês de 2019 (R$ 16,18 bilhões). Para as pessoas jurídicas, o volume no período (R$ 12,08 bilhões) cresceu 0,25% sobre o mês anterior (R$ 12,05 bilhões) e 17,05% em relação a junho de 2019 (R$ 10,32 bilhões).

Provisionamento e concentração

“Alguns bancos estão retraindo nos empréstimos, porque provisionaram bastante as perdas nos últimos dois trimestres. E não foi pouco. Mas, é natural que isso aconteça. O crédito vai ficar mais barato, mas estará mais restrito no curto prazo e condicionado a mais garantias”, atalhou o administrador, especialista em finanças e coordenador de cursos de pós-gradução da Fipecafi, Estevão Garcia de Oliveira Alexandre.

Na mesma linha, o também administrador, e planejador financeiro CFP pela Planejar, Carlos Duarte, reforça que o gargalo na concessão ao crédito é potencializado pelo virtual oligopólio do setor bancário, que hoje está concentrado basicamente em cinco grandes empresas. De acordo com o especialista, os dois bancos estatais – Caixa Econômica e Banco do Brasil – respondem pela quase totalidade do crédito. 

“Aqui temos um problema que é sempre destacado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes: a concentração bancária. Isso cria um ambiente sem concorrência, no qual os players não precisam tomar maiores riscos para ver seus lucros aumentarem. É um fator que dificulta a chegada dos cortes na Selic ao tomador de crédito”, frisou. 

Segundo planejador financeiro CFP pela Planejar, hoje há uma maior facilidade em obter empréstimos com grandes níveis de garantias e que focam em investimentos, como compra de maquinário. Em contrapartida, financiamentos para capital de giro em novos negócios ou mesmo em empresas já maduras estão muito mais difíceis nos tempos atuais. 

“Isso tende a diminuir com a grande quantidade de novos bancos e fintechs que estão surgindo no mercado. Porém, vencer essa concentração será um trabalho duro e de longo prazo. Nesse meio tempo, teremos a desintermediação se desenvolvendo e cada vez mais investidores e tomadores se tornarão mais próximos o que pode resultar em um maior dinamismo econômico”, tranquilizou. 

Repique à vista

Diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribuiu a rebaixa no custo do dinheiro aos seguidos cortes da Selic e a expectativa dos agentes econômicos de que isso continue acontecendo. Em sua reunião mais recente, ocorrida há um mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa a seu nível mais baixo até hoje: 2% ao ano. Estevão Garcia e Carlos Duarte, entretanto, consideram improvável um novo corte. 

Oliveira, que também é o responsável pela sondagem, aponta ainda outros motivos, como redução dos depósitos compulsórios, operações de crédito com juros baixos e aportes do governo para pagamento das folhas das empresas pequenas e médias. A lista inclui também a renegociação de dívidas com remunerações menores e o cuidado dos bancos em não agravar ainda mais o quadro de inadimplência e solvência dos tomadores.

O dirigente considera, no entanto, que o horizonte para juros baixos continua fechando, em decorrência da deterioração do cenário econômico pela crise da covid-19 e seus efeitos nas taxas de inadimplência. A tendência, segundo Oliveira, é de um repique mais cedo ou mais tarde. “Mas algumas ações do BC podem amenizar estas altas, como redução de impostos, compulsórios e reduções da Selic e por aí vai”, encerrou.

O dirigente considera, no entanto, que o horizonte para juros baixos continua fechando, em decorrência da deterioração do cenário econômico pela crise da covid-19 e seus efeitos nas taxas de inadimplência. A tendência, segundo Oliveira, é de um repique mais cedo ou mais tarde. “Mas algumas ações do BC podem amenizar estas altas, como redução de impostos, compulsórios e reduções da Selic e por aí vai”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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