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Coworking enfrentam grave crise

Coworking enfrentam grave crise

Eles caíram nas graças de empreendedores. Os escritórios virtuais conhecidos como coworkings, com enorme potencial de mercado, também sofreram um duro golpe com a crise de saúde do novo coronavírus. O encolhimento de 92% das receitas está entre os impactos sofridos pelo nicho revelado na pesquisa que o Instituto Nexxera e o Studio Sapienza, realizaram. 

Em um mês de crise, as perdas levaram ao menos 30% dos gestores de coworking buscarem socorro  junto a bancos e financeiras ou já utilizaram de seu capital próprio para lidar com os prejuízos. 

“Essa pesquisa mostra o impacto gerado pela crise do coronavírus e como isso vai resultar em espaços de trabalho como os coworkings spaces. O pânico de ficar fechado visto que isto acarreta na não utilização dos espaços físicos e a quebra de contratos dos usuários e empresas, requer alternativas dos gestores para a geração da sustentabilidade e manutenção de seus negócios” revela Prof. Dr. Geraldo Campos, idealizador da pesquisa.

Para o Prof. Geraldo, “muitos gestores já adotaram ações e alguns ainda estão buscando estratégias para o enfrentamento da crise. Com otimismo, isso vai acabar gerando muitas oportunidades”.

Mercado em Manaus

Na capital, a pandemia fez a receita do Vila Hub Coworking retrair 80%. O proprietário do espaço Gustavo Jinkings, conta que  70% dos inquilinos de sala privada cancelaram contrato e 100% dos eventos, aluguel de sala por hora e coworking.  “No nosso caso também funcionávamos como café e restaurante o que retraiu 100% também. O único serviço que sobreviveu foi o de Domicílio Fiscal”.

Mas apesar dos desafios, ele diz que felizmente conseguiu alugar o espaço inteiro do coworking para uma organização de saúde que está usando o espaço por pouco mais de 3 meses, isso segurou bem as pontas. “Mas quando esse contrato acabar ainda vamos decidir se vamos reabrir, pois a perda foi muito grande, afetou o caixa da empresa e não temos condições de fazer mais investimentos”. 

Ele acredita que aqueles que sobreviverem, se conseguirem fazer uma boa comunicação,  vão aumentar seus faturamentos. Na percepção dele, as pessoas se tocaram que fazer home office é possível, mas que a parte do “home” fica difícil de contrapor com a vida e rotinas pessoais, por isso, ele acredita que as pessoas irão procurar mais espaços de coworking. “Assim como empresas que tiveram que cortar custos fixos de espaço, podem encontrar em coworkings alternativas mais baratas e mais eficientes para seus funcionários

A tendência mundial é que espaços de coworkings sejam menos procurados em grandes cidades como São Paulo e Nova York, mas em cidades pequenas acredito que a realidade é diferente”, avalia Gustavo, informando que se retornar às atividades, será somente em meados de setembro ou outubro.

A retenção de clientes tem sido um dos maiores desafios dos gestores de coworking spaces durante a crise. A pesquisa aponta que todos os coworking spaces brasileiros, de alguma forma, tiveram que negociar contratos. Dentre algumas estratégias de retenção as mais utilizadas foram:  71% (28) Negociação de valores de mensalidades, 38% (15) Carência de mensalidades, 30% (12) Vouchers para utilização futura, 28% (11) Realização de eventos on line e  15% (6) Utilização de plataforma de rede de coworkers já existentes.

Além da manutenção dos contratos de trabalho mais de 74% dos gestores adotaram junto os seus colaboradores o modelo de trabalho em home office. Dos entrevistados no primeiro mês de crise do coronavírus, 38% (20) mantiveram os contratos de trabalho; 36% (19) deram férias parciais para a equipe; 13% (7) suspenderam temporariamente os contratos e apenas 4% (2) coworking spaces realizaram demissões.

Outro ponto mostra que as negociações com fornecedores foram uma das principais ações realizadas no primeiro mês de COVID-19. A negociação de valores e a redução dos serviços foram as ações que mais aparecem com 29% (25) e 22% (19) coworking spaces respectivamente. A carência de pagamentos e o corte de serviços aparecem em 16% (14) e 13% (11) dos ambientes respectivamente.

Coworking
Espaço Impact Hub

Essa percepção foi uma das saídas do Impact Hub, que negociou com fornecedores e com os clientes concedendo alguns descontos, flexibilizando formas de pagamentos o que foi bom porque a empresa não teve contratos cancelados. “Tivemos alguns que dá para contornar. Mas foi uma gestão de fluxo de caixa bem forte de ver o que era necessário para continuar e o que não era. A gente conseguiu reduzir a carga horária da equipe deixando elas trabalharem em home office sem nenhum problema o que também ajudou bastante”, afirma o co-fundador do espaço, Marcus Bessa.

Seguindo todas as normas que o governo exigiu, para a retomada das atividades, o local retomou desde o último dia 5. Com o horário reduzido,  também adotou outras medidas seguindo os vários coworkings brasileiros como aferição de temperatura corporal,  produtos sanitizantes, uso de máscaras, além disso mantendo o fechamento da copa até o próximo mês.. “Daqui para frente a gente está com uma expectativa boa. A gente espera que os clientes que não cancelaram os contratos continuem, e aos poucos, os que cancelaram, estão visitando o espaço. Estamos recebendo algumas demandas.  Têm muitas empresas que estão diminuindo de tamanho e estão enxergando nesse modelo de negócio uma possibilidade, então é esse o cenário que a gente tem daqui para frente”.

Sobre a pesquisa

Os dados da pesquisa revelam informações referentes aos impactos gerados no primeiro mês de fechamento dos coworking spaces, sendo utilizado um questionário com perguntas fechadas com as categorias: Perfil do coworking spaces; Status de funcionamento no COVID-19; Ações gerenciais para atuar na crise; Impactos econômico-financeiros; Retenção e atração de clientes; Atuação junto a fornecedores; Atuação junto a colaboradores e Pós Crise.

Participaram da pesquisa 39 Coworking Spaces espalhados pelo país. Outro dado importante da pesquisa revela o tempo de existência dos coworkings. Mais de  51% (20) dos pesquisados possuem entre 1 a 5 anos; seguido de 28% (11) entre 5 a 10 anos de existência e 5% (2) possuem mais de 15 anos. Além disso, a pesquisa mostra que 49% (19) dos coworking pesquisados possuem de 1 a 50 coworkers; 28% (11) até 100 coworkers e 23% (9) até 200 coworkers.

Por dentro

Embora os coworkings tenham surgido no Brasil no ano de 2010, foi apenas cinco anos depois que começou a se popularizar. Segundo dados recentes do Censo Coworking, o número de espaços compartilhados cresceu mais de 500%, saltando de 238 (2015) para 1.497 (2019) no país, presente em 26 estados. Até o início do ano, a projeção de crescimento era super positiva, porém após os acontecimentos por conta da quarentena, muitos coworkings perderam clientes, estão sem fluxo de caixa e tendem a fechar até julho, caso a economia não volte ao normal ou apresente uma margem de expectativa positiva.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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