Este estudo se passa em torno de um tema emergente em nossa sociedade. O cooperativismo é um sistema de trabalho orientado por uma tendência filosófica fundada na democracia e na solidariedade. Admitir o cooperativismo como uma ação estratégica construída no processo de relações sociais implica admitir a idéia dos direitos entre os homens como produtos emergentes da ordem, da liberdade, da história e da democracia. Trata-se da existência de uma atividade social e política com propósitos econômico-financeiros. A cooperativa como uma instituição de natureza social, não sujeita a concordata ou falência, não pode estar voltada unicamente para a acumulação financeira. Mas também o cooperativismo não é uma instituição filan trópica que agrega os deserdados e infortunados da sociedade. O seu carcáter econômico-financeiro indica “que o sistema não está voltado apenas ao capital, está, também voltado para o homem que o gera” (Benato, 1996, p. 15).
A temática do cooperativismo comporta pontos de vista e tendências diferenciadas no campo da episteme contemporânea.Em breves sinalizações poderíamos dizer que há uma tendência voltada para a conservação da estrutura social vigente e outras tendências que buscam “construir um cooperativismo que seja um instrumento de mudança social não apenas a nível micro, mas também a nível macrossociológico, repousando, portanto, tal diversidade, a nível ideológico e não a nível técnico da questão” (Rios, 1977).De acordo com esse autor, as tendências do cooperativismo no Brasil são as seguintes: idealista, pragmática e sociológica. A tendência idealista assenta-se numa compreensão doutrinária de cunho liberal. Rios (1977) defende “um cooperativismo que se suporte comodamente à estrutura social vigente sem questioná-la”. A doutrina liberalista que defende a igualdade de todos perante a lei serve para desviar a atenção da condição de desigualdades sociais que cinde a sociedade brasileira entre possuidores e despossuídos de bens e riquezas sociais.
A tendência pragmática do cooperativismo abstrai do fluxo de participação política dos cooperados em favor da eficiência administrativa. A ausência de entrosamento e ação participativa nos rumos da cooperativa conduz à alienação “da maioria dos cooperados, sem questionar a estrutura social”. Trata-se de uma perspectiva estruturalista que supervaloriza a administração burocrática e os aspectos da legalidade, em detrimento dos aspectos políticos que movem a vida e o espírito da organização.A tendência sociológica é a que mais se aproxima do espectro deste estudo, na medida em que procura estabelecer conexão entre o nível micro e o nível macrossociológico.
O nível micro está associado ao desempenho de papéis, exercício de liderança e participação dos cooperados nas atividades econômicas da cooperativa. O nível macrossociológico diz respeito à participação de todos os cooperados no funcionamento da cooperativa, com poder de decisão. Uma das características importantes da tendência sociológica é que o cooperativismo tende a prescindir de práticas clientelistas e paternalistas, uma vez que institui e celebra um acordo básico de participação conjunta entre seus membros. Reside aí a função social do sistema cooperativo “que no Brasil, debutou há mais de cem anos, seguindo uma trilha às vezes eivada de percalços, de erros, de desafios e de quedas, mas, contudo, sempre atuante” (Benato, 1996, p. 18).
As cooperativas de profissionais liberais possuem uma missão social bem definida no aspecto de participação nos lucros, muito mais do que o cariz de solidariedade entre os seus membros “nós estamos no mercado para suprir uma lacuna na classe média e, até um pouquinho abaixo, que tem acesso a um serviço de qualidade pagando um preço justo. Isso que é mais importante. A Uniodonto é uma cooperativa de odontólogos que presta serviços odontológicos na cidade de Manaus. Foi criada no Brasil em 1972, e em Manaus, no ano de 19
