O início do horário de verão, no Brasil, marcou também o começo do Festival Bar em Bar promovido pela Associação Brasileira de Restaurantes. O evento tem como objetivo principal relembrar que o bar é um lugar alegre e descontraído. De quebra, também quer chamar a atenção para o trabalhador dessa atividade, quase sempre noturna, que, conforme a atividade exige, é sempre uma pessoa capaz de fazer frente à situações inusitadas, sem esquecer o objetivo do estabelecimento, que é o de proporcionar laser e alegria.
Programado para todos os estados brasileiros, o festival deve se estender por um mês inteiro, chamando a atenção principalmente sobre as porções servidas em bares.
Costume típico de brasileiros, o hábito de beber, comendo algum “tira-gosto” faz parte do evento e vai ser inserido como cultura nacional. Levantamentos feitos em todo o Brasil demonstram que muitos dos freqüentadores de bar, não vão lá para ingerir bebida alcoólica e sim, simplesmente porque querem encontrar pessoas, fazer novos amigos, ou curtir a programação musical do ambiente em meio a um clima que só essas casas oferecem.
Em Manaus as melhores casas participam deste festival que teve sua abertura oficial ontem, segunda-feira. Os bares, que fazem parte do setor de alimentação fora do lar, são os que mais empregam no Brasil e tem um diferencial pouco divulgado: São as empresas que mais atuam na inclusão social. Normalmente, aqueles que não têm uma formação específica, começam sua atividade em bares e restaurantes, quando não tem nenhum preparo para emprego algum, e não raramente chegam a tornar-se colegas de seus antigos patrões.
Isso sem alarde e, ao contrário de outros setores que recebem incentivos oficiais, estão sempre na mira do bombardeio de autoridades que rotulam atividades em lícitas e ilícitas, numa prática do politicamente incorreto. É, de longe, o setor que mais teve pedras em seu caminho. Ainda assim, existem empresários com coragem e persistência em levar alegria sadia à população.
Hoje, peço licença para trazer os versos do amigo Celso Cruz, dono de botequim em Natal, Rio Grande do Norte, que durante seu trabalho não deixa de ser poeta e repentista. Ele resume nestes versos que a Revista Bares & Restaurantes publicou, a atividade e seus participantes. Como ele próprio afirma: ”Dono de botequim não é poeta em horas vagas. As horas vagas são dos clientes.”
Os bares da vida, as biroscas/os restaurantes/são refúgios de amantes/ de poetas e de muito mais!/ É a UTI de quem padece de amores/De quem já não recebe flores/Do tanto fez, tanto faz./Recanto de amizades/De driblar a solidão/De solfejar a canção/Que relembra o amor perdido/Do coração partido/Da saudade do indigente/Não se enxergas os diferentes/Como sendo desiguais./Berço da democracia/Onde todos são ouvidos/Onde os desiludidos reacendem esperanças/Os velhos viram crianças/Perseguem a eternidade/Pregam a justiça, a paz/Tentam consertar o mundo./Lá ninguém é vagabundo/Se nada fez ou nada faz./Não há distinção do importante,/Do fútil/Do necessário, do útil./Tudo é primordial!
Mas sempre sobra pro dono/Ser fiel, ser consultor/Ser confidente, doutor/PHD em assuntos vários/Sorrir em assuntos hilários/Ficar triste na hora certa/Cobrar a conta correta/O erro não é perdoado/Tem que estar desocupado/Pra atender prontamente/Satisfazer o cliente!/Procedimento normal./E, sem estar escrito em lei:/Todo cliente é rei/Nesse reinado irreal.
Luiz Lauschner é empresário e escritor. E-mail: www.luizlauschner.prosaeverso.ne