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Consumo das classes C e D cresce no Brasil e cai no Amazonas

O consumo das classes C e D no Brasil cresceu 8%, na passagem de abril para maio, interrompendo uma sequência de três quedas mensais seguidas. O incremento mais robusto veio do Norte (+14%), mas o Amazonas seguiu como ponto fora da curva, ao encolher 1%, na mesma comparação. É o que revelam os dados da mais recente edição mensal da Pesquisa de Hábitos de Consumo da Superdigital, fintech do Santander, que busca traçar o perfil do consumidor das classes C e D.

O desempenho positivo da média nacional seguiu em sintonia com a liberação da primeira parcela do auxílio emergencial. A sondagem aponta que todas as regiões do Brasil apresentaram melhora, com o Norte (+14%) despontando na liderança do ranking nacional, a despeito de sua reduzida participação no volume brasileiro de compras (5%). Na sequência, vieram o Sudeste (+10%), o Sul (+9%), o Centro-Oeste (+5%) e o Nordeste (+2%). 

Os segmentos econômicos que mais alavancaram a elevação do consumo das classes C e D em todo o país, no mês em que o comércio comemorava o Dia das Mães, foram lojas de roupas (+12%), transportes (+10%), restaurantes (+10%), combustível (+8%) e hotéis e motéis (+8%). Na outra ponta, gastos com diversão e entretenimento (-19%) encolheram, principalmente, jogos online.

Representando 2% das compras registradas pelo Brasil e 32% da região Norte, o Amazonas seguiu na contramão de ambos. Sua retração mensal de 1% foi puxada pelas categorias de rede online (-28%), serviços (-26%) e hotéis e motéis (-23%). Companhias aéreas (+121%), transportes (+23%), diversão e entretenimento (+14%) e restaurantes (+10%) avançaram em ritmo insuficiente para tirar o Estado do vermelho. Em contraste, o vizinho Pará comemorou alta de 33%, impulsionado por drogarias/farmácias (+53%) e veículos (+38%), entre outros. 

Em termos de participação nas compras, o maior número no Amazonas veio do segmento de supermercados, que elevou sua fatia para 40%, entre abril e maio, apontando para um predomínio de compras de itens essenciais. Lojas de “artigos diversos” (10%) apareceram em um distante segundo lugar, sendo seguidas por serviços e restaurantes (ambos com 8%), lojas de roupas, prestadoras de serviços, transporte (4% para cada um), além de rede online e drogarias/farmácias (os dois com 3%).  As principais variações mensais positivas vieram de supermercados (+2 pontos percentuais) e lojas de artigos (+1 p.p.) e as negativas ficaram em serviços (-3 p.p.) e rede online (-1 p.p.) 

Auxílio emergencial

No entendimento do presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, a liberação do novo auxílio emergencial, em sua nova fase, foi fundamental para alavancar o consumo dos amazonenses das classes C e D, no período analisado. Da mesma forma, o Dia das Mães também ajudou a aquecer não apenas o varejo, como toda a economia do Estado.

No caso dos segmentos citados ligados ao turismo, o dirigente lembra que o crescimento de três dígitos para as companhias aéreas não é tão surpreendente, diante de uma base de comparação fraca, e pode estar relacionado de alguma forma ao retorno das viagens de negócios. Sobre os hotéis, Frota observa que, quanto mais distante o estabelecimento do Centro, melhor seu desempenho. Especialmente se está atrelado ao ecoturismo, que “está voltando a ser atrativo” na região.

“Acredito que a tendência ainda é de crescimento para os próximos meses. Especialmente com a liberação dos 13º salários em várias categorias e a renovação do auxílio emergencial por mais três meses. Além disso, estamos entrando no segundo semestre, que sazonalmente é de menos chuvas e de mais atividade econômica, para o Estado”, afiançou.  

Mudança de comportamento

Outro dado observado na sondagem Superdigital, em âmbito nacional, foi que o comportamento de consumo do brasileiro das classes C e D mudou em relação aos meses anteriores, com maior frequência de compras em estabelecimentos comerciais físicos, em detrimento do e-commerce. O consumo online caiu de 25% (abril) para 22% (maio), enquanto as compras presenciais elevaram sua fatia de 75% para 78%, na mesma comparação. Diversão e entretenimento (81%), serviços (12%), lojas de roupas (9%) e restaurantes (7%) foram os destaques, nesse caso.

No texto de divulgação da Pesquisa de Hábitos de Consumo da Superdigital, a CEO da Superdigital no Brasil, Luciana Godoy, aponta que os dados nacionais refletem a estabilização nos números da segunda onda em todo o país – que começou dois meses depois de ter iniciado no Amazonas – e o consequente degelo nas políticas de restrição ao atendimento presencial em atividades econômicas não essenciais do setor terciário. 

“Depois do fechamento do comércio, que houve no início do ano, as pessoas voltaram a ir a restaurantes e lojas. Percebemos uma mudança até no consumo de entretenimento, já que nos meses anteriores identificamos crescimento de gastos com jogos online. Agora, o consumo está sendo em parques de diversão, academias, entre outros serviços presenciais”, listou a executiva. 

Esta avaliação fica ainda mais evidenciada observando os valores médios gastos em maio com cada modalidade. Os que mais cresceram foram em companhias aéreas (=7%), hotéis e motéis (+5%) e restaurantes (+4%). “As pessoas estão gastando com itens que dependiam de maior circulação. Conforme o avanço da vacinação, elas se sentem mais confiantes para viajar, ir a um restaurante ou espaço público”, finalizou Luciana Godoy. 

Foto/Destaque: Fred Novaes

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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