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Confiança do empresário segue em ascensão em novembro

Confiança do empresário segue em ascensão em novembro

A confiança dos lojistas de Manaus avançou pela quarta vez seguida, na passagem de outubro para novembro. Em sintonia com as vendas, contudo, a alta sofreu desaceleração e foi bem inferior ao incremento registrado pela média nacional. Os níveis de confiança na economia atual já começam a declinar, assim como as expectativas futuras, embora as intenções de contratar e de investir tenham melhorado. Os dados são do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), medido pela CNC.

O indicador da CNC registrou 122 pontos em Manaus, ficando 1,7% acima da marca de setembro (120 pontos), mas ainda abaixo do nível de abril (126,2 pontos), mês de auge da crise da covid-19, no Amazonas. No confronto com novembro do ano passado (137,1 pontos), foi mantido um decréscimo de 11,4%. No Brasil, o índice cresceu 4,1% em novembro (108 pontos), mas a variação foi a menor registrada desde agosto. No comparativo anual, houve queda de 11,9%, mantendo o nível d confiança do setor 20 pontos abaixo do nível pré-pandemia.

Apurado entre os tomadores de decisão das empresas, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. 

Diferente do ocorrido em agosto, setembro e outubro, quatro dos nove subíndices do Icec apresentaram queda. Os melhores índices de crescimento se deram na avaliação do nível de investimento das empresas/NIE (+12,2% e 89 pontos) e condições atuais das empresas comerciais/CAEC (+6,9% e 114,2 pontos), embora o primeiro ainda esteja no nível de insatisfação. A maior queda está na expectativa para a economia brasileira/EEB (-4,2% e 153,4 pontos) e a menor pontuação, na situação atual dos estoques/SAE (+2,8% e 76,8 pontos), embora este tenha subido.  

Embora as estimativas quanto à economia tenham derretido, as perspectivas, seguiram com as pontuações mais elevadas registradas pela sondagem, especialmente as relativas às empresas comerciais/EEC (+1% e 163,4 pontos) e ao comércio/EC (-2% e 158,4 pontos), a despeito deste também ter retrocedido em relação a outubro.

A maioria dos entrevistados (45,5%) considera que a situação atual da economia brasileira “piorou um pouco”. Em seguida estão aqueles que dizem que “melhorou um pouco” (37,2%), os que avaliam que “piorou muito” (10,4%) e os que garantem que “melhorou muito” (7%). Os números sofreram relativa piora ante outubro – 43,3%, 39,6%, 10,4% e 6,7% respectivamente. A percepção de piora foi mais acentuada nas empresas com menos de 50 empregados e que vendem bens semiduráveis e duráveis.

Ainda há mais otimismo nas avaliações sobre as condições atuais do setor e da empresa, onde a maioria acha que “melhorou um pouco” (46,1% e 48,2%, na ordem), com números próximos aos capturados em outubro. Os que consideram que piorou muito são minoria (6,7% e 6,5%) e se concentram especialmente entre as companhias de menor porte que trabalham com bens semiduráveis (sobre o setor) e não duráveis (sobre a empresa). 

Contratações e aportes

Apesar da piora, a opinião majoritária em relação às expectativas para a economia ainda é que vai “melhorar um pouco” (47,6%), seguida pelos que acreditam que vai “melhorar muito” (39%). O otimismo é maior para o setor (47,4% e 41,5%, respectivamente) e à empresa (46,9% e 45%). Em todos os casos, a satisfação é maior entre as companhias com mais de 50 trabalhadores e no segmento dos semiduráveis.

Assim como em outubro, há reversão de pessimismo nas intenções de contratar e investir. A maioria absoluta (69,6%) diz que o contingente deve “aumentar pouco”, seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (14,2%) – contra os 59,7% e 18,9% anteriores. Em contraste, a percepção sobre aportes de capital no próprio negócio ainda apontam para “um pouco menor” (45,9%) ou “um pouco maior” (28,5%) – no mês anterior, foram 45,4% e 25,5%. Em ambas as situações, as estimativas negativas se limitam às empresas menores.

Estoques em crise

No entendimento do o assessor econômico da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) e coordenador local da pesquisa, José Fernando Pereira da Silva, os resultados da pesquisa da CNC são positivos e “alvissareiros”, ao apontar condições ainda favoráveis para a percepção do empresário quanto ao momento atual, e confirmar a trajetória de recuperação do setor. 

“Da mesma forma, as expectativas do comércio, assim como os índices de investimento, também foram positivas. Isso é muito importante, pois revela o grau de confiança do empresário de Manaus na economia e na atividade. Tudo leva a crer que teremos resultados positivos no fim de ano. A única preocupação que a sondagem apresenta é com relação à situação dos estoques. Isso quer dizer que podemos ter, ainda que de forma bastante leve, uma crise de abastecimento”, ponderou. 

Estoques e inflação

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, a economista da entidade responsável pela pesquisa do Icec, Izis Ferreira, salienta que a intenção de contratar pelo comércio avançou em todas as regiões do país, voltando aos patamares pré-pandemia, em virtude da aproximação da sazonalidade das festas de fim de ano. 

Mas, segundo a economista, a proporção de comerciantes com estoques acima do adequado cresceu durante a pandemia e boa parte das mercadorias ficou obsoleta, dado o fechamento das lojas. “A indústria e o comércio estão reorganizando a produção, buscando novos fornecedores e revendo o portfólio. As empresas estão no processo de ajuste de pedidos, o que tem influenciado a rotatividade e a normalização dos estoques”, ponderou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o corte pela metade no valor do auxílio emergencial, aliado às pressões inflacionárias pontuais sobre os preços – especialmente nos produtos essenciais ao consumidor –, tiveram influência na desaceleração do crescimento do nível de confiança do empresário comercial. 

“As perspectivas são favoráveis para o desempenho do varejo no último trimestre, em função do incremento no faturamento com as festas de fim de ano, ainda que com valores menores dos benefícios emergenciais e com a inflação dos alimentos”, concluiu, ressaltando que a queda dos índices de isolamento social contribui positivamente para a recuperação do setor, assim como as vendas pelo comércio eletrônico. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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