Pesquisar
Close this search box.

Comerciantes de Manaus aumentam otimismo em setembro

A confiança dos comerciantes de Manaus emendou um quarto mês seguido de trajetória positiva, em setembro. A satisfação foi puxada pela percepção sobre a situação atual e as expectativas, assim como nas contratações e estoques. Há, no entanto, menor intenção de investir. A capital amazonense seguiu em trajetória inversa à da média nacional, que interrompeu uma sequência de três meses seguidos de alta. É o que revelam os dados locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), da CNC (Confederação Nacional do Comércio). 

O indicador registrou 127,4 pontos na capital amazonense e avançou 2,9%, em relação a julho (123,9 pontos), além de escalar 21% acima do já refortalecido setembro do ano passado (105,4 pontos) – em que pese a crise de abastecimento da época. Em todo o Brasil, o índice da CNC brasileiro caiu 0,4% em relação ao mês anterior – após acumular 30,7% de expansão desde junho – e chegou aos 119,3 pontos. Em comparação com agosto de 2020, o crescimento foi de 30,2%.

Vale notar que o Icec seguiu novamente o caminho inverso das edições mais recentes de outros dois indicadores da mesma CNC, que têm foco no consumidor e já acumulam meses seguidos de quedas: o ICF (Intenção de Consumo das Famílias) e a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor). O primeiro passou de 33,3 para 30,7 pontos, entre agosto e setembro, e correspondeu a praticamente à metade do placar de 12 meses antes (59,5 pontos). A segunda aponta que 69,7% das famílias manauenses (445.289) estão endividadas, 25,1% (160.054) estão inadimplentes, e 15,1% (96.734) dizem que já não têm condições de quitar dívidas em atraso.

Apurado entre os tomadores de decisão das companhias comerciais, o levantamento do Icec avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. 

Contratações e investimentos

Oito dos nove subíndices do Icec expandiram na variação mensal. A única retração foi registrada na o nível de investimento das empresas/NIE (-2,6% e 104,5 pontos). Em contraste, as maiores elevações vieram das percepções sobre as condições atuais da economia/CAE (+5,5% e 118,6 pontos), das empresas comerciais/CAEC (3,9% e 120,8 pontos) e do comércio/CAC (+3,6% e 120,5 pontos).

Em menor grau, a satisfação melhorou também no indicador de contratação de funcionários/IC (+3,5% e 113,7 pontos), nas expectativas das empresas comerciais/EEC (+3,5% e 158,3 pontos), do comércio/EC, (+3,3% e 157,9 pontos) e da economia brasileira/EEB (+2,6% e 155,6 pontos) e no entendimento sobre a situação atual dos estoques/SAE (+1,2% e 90,1 pontos). 

A maioria dos comerciantes de Manaus (66%) considera que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco”. São seguidos de mais longe pelos que dizem que “piorou um pouco” (27,7%), que “piorou muito” (3,4%) e que “melhorou muito” (2,9%). A avaliação majoritária sobre o setor e a empresa também é que “melhorou um pouco” (69,1% e 69,7%, respectivamente). Em todos os casos, a percepção é melhor nas empresas com até 50 empregados e que vendem bens semiduráveis.

O otimismo ainda é proporcionalmente maior nas expectativas para a economia: 73,5% dizem que vai “melhorar um pouco”, enquanto 21,7% arriscam apostar que “melhorar muito”. As avaliações que pesam mais sobre as perspectivas para o setor e para a empresa praticamente empatam e também apontam para melhoras relativas (74% e 74,2%, na ordem) e significativas (22,7% e 22,8%). Companhias de menor porte e atuantes em semiduráveis têm as melhores estimativas.

Em termos de contratações, a maioria absoluta ainda diz que o contingente de trabalhadores deve “aumentar pouco” (72,6%), seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (14,7%). A projeção majoritária para investimentos nas empresas ainda é “um pouco maior” (45,3%), mas perdeu vantagem em relação aos que consideram que será “um pouco menor” (38,7%). As avaliações positivas predominam entre as pessoas jurídicas de maior porte e que trabalham com produtos duráveis (empregos) e não duráveis (investimentos).

“Patamar de normalidade”

Na análise do presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, “há motivos de sobra” para entender o arrefecimento na confiança dos empresários do setor, em âmbito nacional, dado que o país vive uma crise recessiva, em decorrência de instabilidade política, disparada do dólar, falta de insumos generalizada e aumentos sucessivos nos custos dos combustíveis e da energia elétrica.

“Não obstante, é muito importante observar que os números do Brasil vinham muito bem, apesar de todos os problemas. No caso do Amazonas, ainda estamos acima do índice mínimo de confiabilidade. Nossa esperança é que essa crise vai passar, o mercado vai se estabilizar, os preços vão começar a cair e as coisas vão começar a retornar ao patamar de normalidade, até o final de 2021. Essa é a nossa expectativa”, afiançou.

“Pressão nos custos”

A CNC aponta que, em âmbito nacional, o Icec de setembro amargou reduções em todos os seus componentes, o que não ocorria desde abril – período de auge da segunda onda, no Centro-Sul do país. “A queda está associada a uma relativa acomodação, em que fatores como inflação, desocupação, e aumento de juros contribuem para a deterioração das expectativas em geral”, analisou a economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC. A especialista avalia que a proximidade do Dia das Crianças deve ajudar a equilibrar os números.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, avalia que os dados reforçam a ideia de que, aos poucos, a crise está ficando para trás e influenciando menos a confiança empresarial. O dirigente alerta, entretanto, que ainda há muitos desafios a serem enfrentados até a economia brasileira retomar níveis mais altos de crescimento. “A queda da confiança empresarial pode estar associada à pressão sobre os custos advinda da alta dos combustíveis e do aumento da tarifa de energia, por conta da crise hídrica, além de refletir as expectativas com relação aos efeitos da inflação sobre o consumo”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar