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Órgãos garantem ser seguro consumir peixes de piscicultura

Especialistas das áreas de saúde e do setor primário do Amazonas garantem ser seguro o consumo de peixes de viveiros que não oferecem riscos de rabdomiólise (síndrome de Haff), conhecida popularmente como ‘doença da urina preta’.

Até ontem, já havia pelo menos 72 casos sob investigação de ocorrências da infecção em pessoas que comeram pescados das espécies pacu, tambaqui e pirapitinga de lagos e rios no Amazonas, principalmente capturados nas regiões dos municípios de Itacoatiara, Itapiranga e Autazes.

Manaus registrou três casos da doença. E uma pessoa morreu em Itacoatiara. Na terça-feira (21), as secretarias de Produção Rural e da Saúde emitiram uma nota técnica conjunta garantindo que a população não deve temer consumir peixes oriundos da piscicultura. Essa garantia também foi referendada pela Adaf (Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas) e a FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto).

Entre os casos da doença de Haff no Amazonas, não foi relatado o consumo de peixes de piscicultura, garante a nota conjunta. No documento, os órgãos esclarecem, ainda, que “as ocorrências só envolvem ingestão de peixes de vida livre, da natureza, não sendo identificadas nos provenientes e originários de viveiros”.

Segundo especialistas, os peixes de piscicultura seguem todas as normas técnicas sobre alimentação, têm um acompanhamento médico efetivo, passando por um rígido saneamento básico, motivos que afastam qualquer possibilidade de alguém ser contaminado pela doença após o consumo.

“O objetivo desta nota conjunta é minimizar os efeitos causados pelo surto da doença de Haff na economia do mercado de pescado local, tanto no município de Manaus como em todo o Amazonas. O peixe da piscicultura é saudável e bastante consumido, tanto o tambaqui como a matrinxã, sem relação com nenhum caso de rabdomiólise”, disse o secretário adjunto de Pesca e Aquicultura da Sepror (Secretaria de Produção Rural), Leocy Cutrim.

Sem pânico

Roger Crescencio, engenheiro de pesca, mestre em biologia aquática e pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), disse também que a população não deve ter medo de comer peixes de viveiros.

“Existem muitas informações ruins, inverídicas, que estão deixando a população em polvorosa. Não há motivos para pânico”, garante Roger. Ele avalia que o governo adota uma estratégia muito morosa em suas ações e deveria dar uma resposta rápida que convença a população a continuar consumindo pescado, sem o menor risco.

A nota destaca também que a rabdomiólise causa a lise (destruição) de células musculares esqueléticas, determinando súbita rigidez muscular, mialgia difusa (dor muscular intensa), dor torácica, dispneia (falta de ar), dormência, perda de força em todo o corpo e urina cor de café, associada à elevação sérica da creatinofosfoquinase (CPK), enzima que está presente em todo o organismo.

Já é o terceiro surto de rabdomiólise registrado no Amazonas, O primeiro foi em 2008, com 74 casos; o segundo em 2015 (63 ocorrências) e, o terceiro, agora em 2021, já com 72 casos sob investigação. Outros casos foram detectados na Bahia, sendo 71 em 2017 e 40, em 2020.

A ocorrência da rabdomiólise é comum em doenças e agravos como traumatismos, atividades físicas expressivas, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas e infecções. Pode estar associada a toxina biológica, até então não identificada, assim como ao consumo de pescados. É comumente denominada de doença de Haff.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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