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Com sócio, ou sem sócio?

Com sócio, ou sem sócio?

A maioria dos problemas com sócios acontece por escolhê-lo pelos motivos errados. Para mim, há apenas dois motivos para se escolher um. O primeiro deles é somar habilidades. Você é bom em algumas coisas essenciais para o negócio e o seu sócio se sobressai em outras. Assim, os dois sabem qual o seu papel e como executá-lo, reconhecem a importância de dar o seu melhor. Além disso, existe a partilha de força visando exclusivamente o crescimento da empresa. E o outro fator é, este mesmo cara estar motivado o suficiente para investir dinheiro na empreitada.

Eu acredito que existe uma grande diferença entre ser sócio sem ter investido dinheiro e ser sócio dando tudo que tem e o que pode, inclusive o capital, para tornar seu sonho realidade. Muitas pessoas podem se apaixonar pelo seu negócio e serem ótimos futuros clientes, porém para dividir os lucros é essencial que o escolhido esteja tão encantado que sua única vontade seja colocar suas reservas, economias ou o dinheiro que tiver para ser parte dessa empresa. Por isso tenha em mente duas coisas na hora de começar um negócio:

1. Sócios dividem lucros e também os prejuízos  

Na sociedade, os sócios dividem os lucros e os prejuízos igualmente. Então, por mais que você ache que é uma boa ideia entrar com o dinheiro e o amigo com a mão de obra pense muito sobre isso. Da mesma forma, num momento em que é necessário investir na empresa, os sócios são convocados e precisam aplicar recursos de acordo com sua participação no capital social. Segundo o Guia de Economia UOL,  “Se algum dos sócios não puder ou não quiser investir mais num momento de necessidade da empresa, os demais sócios podem aplicar mais recursos para compensar sua parte e, assim, aumentam sua participação no negócio, em detrimento do que se absteve”. Para ser mais clara, existem muitos casos de sociedade de sucesso que se estruturaram sobre boas estratégias entre sócios em que apenas um investiu financeiramente. Porém se você puder evitar esse risco e escolher um sócio com habilidades e dinheiro pode ser muito mais vantajoso, ainda mais no mercado altamente competitivo que temos hoje.  

2. Sócio que chega depois compra parte dos demais  

Se você começou sozinho ou em dupla e está pensando em colocar mais sócios para aumentar o investimento ou escalar ainda mais a sua empresa é preciso ter outra coisa em mente. Um novo sócio pode passar a fazer parte da empresa depois que ela já está em operação, porém o ideal é que haja uma precificação do valor da sociedade no momento de sua entrada. Ele pode comprar cotas dos demais sócios ou trazer vantagens como uma carteira de clientes para a empresa. Assim, definida a participação que ele terá e o valor dela, em vez de receber sua porcentagem dos lucros, esse valor é repassado aos demais sócios até que se pague seu investimento.  

Ter isso bem claro pode fazer bastante diferença no andamento do seu negócio. Mas vamos lá, quando uma sociedade pode virar um terror?
Quando você está começando, uma coisa que não passa pela sua cabeça é que algo pode dar errado. No calor do momento, você se empolga e acha que o universo está trabalhando a seu favor e começam a pipocar na sua cabeça potenciais sócios que na sua visão tem tudo a ver com você e o seu negócio. Acredite eu já estive nesse lugar. Por isso eu vou te dizer alguns dos erros que já cometi e dos arrependimentos que já ouvi de amigos por terem escolhido um sócio pelos motivos errados.

A primeira coisa que você precisa pensar é: Será que eu realmente preciso dividir a minha empresa? Caso a sua resposta seja “Sim, preciso”, reflita melhor. Por qual razão você precisa desse sócio?

Não confunda sócio com Banco

Sabe aquela historinha do “eu vou te dar dinheiro e não vou fazer nada?” Pois é, é linda! Quando a empresa está funcionando. Quando ela começar a não dar lucro e o sócio ficar em cima de você só cobrando a parte dele, você vai descobrir um inimigo em potencial de produtividade. Porque essa simples cobrança diária pode te fazer perder o ânimo de continuar e a primeira coisa que vai vir na sua cabeça é que se você desistir de tudo agora, você não terá como devolver o dinheiro e essa pressão pode afundar tudo que você construiu. Sem contar, o fato de que ele não faz parte da prática diária do negócio, logo, ele não conhece os problemas reais que acontecem no dia a dia e do que você precisa fazer para aquele empreendimento gerar lucro o suficiente para pagá-lo e arcar com os custos de funcionamento. Achar que o futuro sócio é apenas uma fonte de capital é um erro grande. Bom mesmo é o que chamamos de SMART MONEY, quando o dinheiro vem com a habilidade, conhecimento e experiência de quem investiu.  

Converse sobre ética e valores do sócio

Se você é uma pessoa “certinha”, com valores e senso de justiça, certamente terá problemas quando seu sócio optar por sonegar impostos ou deixar de pagar direitos trabalhistas ou exigir um regime de trabalho escravo para seus funcionários, por exemplo. Noções como ética e princípios morais na vida e no trabalho devem ser os mesmos para ambos.

Defina o papel de cada sócio na empresa

Pra mim esse é um dos pontos mais importantes. Antes de começar a rodar a empresa, os dois sócios precisam ter muito bem definidos, acordados, escritos, assinados qual o papel que cada um vai exercer. Qual a tarefa, quais relatórios, setores, obrigações, e tudo mais que cada sócio precisa executar e apresentar sobre sua área no final do mês. Desta forma, os dois poderão ver não apenas o crescimento, a evolução das atividades, mas também o trabalho que só quem executa sabe como é produzido.  De acordo com a contadora Alice Muller, tudo isso pode ser relacionado e destacado no Contrato Social da empresa, não só as tarefas e obrigações como o Percentual de cada sócio, as retiradas e a divisão do Lucro e Prejuízo. No Contrato Social existe uma cláusula onde os sócios assinam juntos pela empresa e também dividem a Administração da empresa por igual. Assim, as tomadas de decisões, pagamentos e etc só têm validade com as assinaturas dos sócios. 

Cuidado ao procurar um salva-vidas para a empresa 

Encontrar um sócio ideal para embarcar com você no seu projeto já é difícil. Agora imagina chamar alguém ideal para salvar o seu sonho que deu errado, difícil né? Você já tem uma dinâmica com o seu sócio. Ao introduzir outra pessoa, sem ter tido tempo de fazer uma boa avaliação – geralmente nesses casos você precisa do dinheiro para ontem – você pode descobrir tarde demais que era melhor ter deixado do jeito que estava, mas agora já foi. Aqui tem dois erros: Escolher um sócio na pressa e ainda um que não some com você. Essa pressão pode acabar fechando tudo de vez.  

Eu citei alguns exemplos aqui, mas são muitos os motivos a serem avaliados e é preciso ter em mente que muita gente só descobre quem é como empreendedor, empreendendo. Pode ser que aquele cara que é um ótimo funcionário, um ótimo amigo, um ótimo profissional não tenha habilidades para gerir uma empresa. Caso isso ocorra, você vai acabar sendo o único a arcar com as responsabilidades e o outro apenas um funcionário sem noção das responsabilidades que lhe cabem, porém, cheio de vontades porque se acha dono do negócio.

Enfim, como em tudo, existem prós e contras, claro. Sua melhor opção é refletir muito bem se você realmente precisa de um sócio. Caso suas conclusões sejam pelo sim, que vocês dois sentem e conversem sobre o papel que cabe a cada um na empresa e alinhem as suas ideias priorizando o futuro da empresa, sem ignorar sobre o que será da parceria caso tudo dê errado.

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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