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Casos de rabdomiólise afetam demanda nas feiras de Manaus

O  presidente do sindicato dos feirantes da Manaus Moderna,  David Lima, solicita às autoridades sanitárias que convoquem os feirantes para uma reunião que possa esclarecer a situação dos casos de rabdomiólise registrados no Estado. A urgência do pedido está associada aos prejuízos contabilizados em mais de 50% dos permissionários da feira que atuam na comercialização do pescado. 

De acordo com o representante da categoria,  os consumidores que frequentam a Feira da Manaus Moderna para aquisição de pescado estão deixando de ir até o local. “Hoje eu passei mais de uma hora na feira e não vi nenhum consumidor. Estão generalizando o problema que ocorreu em alguns municípios,  localidade onde a gente nem comercializa os peixes”.

Conforme Lima, os tambaquis de açude em sua maioria vem de destinos como Porto Velho e  Boa Vista, os outros não vem do baixo Amazonas. “A gente pede às autoridades sanitárias que nos procure, para que possamos saber qual a qualidade do peixe e a espécie proibida para o consumo.  Só sabemos dos casos pela imprensa. Ainda não vi nenhum representante da FVS-RCP (Fundação em Vigilância em Saúde – Drª Rosemary Costa Pinto) e autoridades se pronunciarem. O que não pode é generalizar, aterrorizar a população”. 

Ele reitera  que a categoria precisa ter uma definição sobre  qual a espécie de peixe que deve ser retirada e como devem agir. A preocupação vem de um momento em que a categoria ainda nem se recuperou economicamente.  “Nossas vendas caíram por causa dos decretos, tivemos problema em razão da enchente – quando o feirante está tentando respirar se depara com mais essa situação”.

Lima deixa claro que não está minimizando o problema, mas considerando que a população do Amazonas é de mais de 4 milhões de habitantes e  Manaus com mais 2 milhões, ele acredita que a metade desse público consome peixe diariamente ou um vez na semana. “E tem pouco mais de 50 casos  que ainda estão sendo investigados.  Então a proporção de consumo é muito maior. Agora, fazer a população parar de consumir peixe é generalizar. A gente precisa esclarecer. Isso é muito ruim para a categoria e para as pessoas que têm o hábito de ir até as feiras comprar o produto”.

“Os permissionários não estão conseguindo vender uma banda de tambaqui. Todos os peixes estão sofrendo essa queda, inclusive os restaurantes deixaram de adquirir o produto e estão optando por frango e carne”, reforçou o presidente do Sindicato dos Feirantes, David Lima. 

Impacto na cadeia de fornecimento

A queda é brusca para o feirante  Nonato Bezerra Silva, que atua na venda de pescado na feira. “A feira está um deserto. Desde o último domingo que o movimento só vem caindo. Esses últimos dois dias não deu ninguém. Só estão os feirantes na área”, conta o permissionário mencionando que a queda nas comercializações são significativas. “Os pescados estão armazenados e todos prontos para o consumo. Mas não temos clientes. Não podemos fazer nada. Só esperar uma resposta das autoridades”.

Ele diz que estão aguardando alguma decisão do governo. “Só falam que os acasos estão relacionados ao consumo do peixe, mas não tem nada comprovado o certo é ter a comprovação de uma espécie que está causando esse surto”. 

O permissionário Alessandro Cascais, também relata sobre a proporção dos efeitos que vêm sendo causados não apenas nas feiras, mas na cadeia do comércio, como restaurantes e indústrias. “Da forma que está sendo divulgado é muito ruim. Não tem um cuidado com as informações. Do mesmo jeito que aconteceu com o açaí e o tucumã”.

Ele comenta que os especialistas dizem não ter certeza se é o peixe, contudo, se for, pode estar associado ao manuseio e tratamento nos municípios afetados pelo surto. “Lá no interior tratam o peixe em cima de madeira. Pegam um tronco de árvore, cortam e colocam o peixe para ser tratado. Não se sabe o tratamento dessa árvore – se solta algum tipo de enzima ou bactéria que tenha ocasionado isso. É muito complicado. Estamos sendo duramente afetados”. 

Na terça-feira (31), houve um cancelamento de dois mil quilos de peixes que ele fornece para empresas do Distrito Industrial. “O poder público está omisso e até o momento, não procurou a categoria”.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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