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Carlos Minc é questionado pelos senadores

O licenciamento ambiental das obras de restauração e pavimentação da BR-319 que liga as cidades de Porto Velho (RO) e Manaus é tema de uma reunião que acontece hoje entre a bancada do Amazonas no Congresso e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Esta será a primeira vez que os senadores amazonenses sentam à mesa com Minc para tratar da questão.
Os parlamentares vão ter a oportunidade de mostrar ao ministro a importância da pavimentação da rodovia para a região. O ponto em questão é o trecho de 400 quilômetros de floresta, que vai do quilômetro 250 da estrada ao quilômetro 655. A classe empresarial de Manaus, assim como o governo do Estado, defende as obras da BR-319.
O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, taxou de “barbarismo de vaidades” as exigências do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para liberar a licença prévia solicitada pelo Dnit (Departamento Nacional de Transportes), por considerar insatisfatório o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) apresentado para o projeto. “A BR-319 foi feita no regime militar e todo o dano ambiental já ocorreu naquela época”, desabafou.

Tempo de trânsito

Na opinião de Silva, trata-se de uma estrada importante para o PIM (Polo Industrial de Manaus) porque diminui o transit time (tempo de trânsito) de compra de qualquer tipo de insumo, seja de matéria-prima para o polo, de gêneros alimentícios para abastecer os estoques dos supermercados.
O dirigente avaliou que hoje para ter qualquer mercadoria o transit time varia de 20 a 22 dias. Com a estrada funcionando, ele disse que esse tempo diminui para cinco a sete dias. “Veja a economia e o ganho financeiro que as indústrias do PIM teriam, haja vista que hoje se faz necessário ter um estoque saindo, um navegando e outro na prateleira”, informou.
Antonio Silva considera um capricho do ministro Carlos Minc em ficar querendo procrastinar o cumprimento do EIA/Rima, quando o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, já cumpriu os trâmites necessários e inclusive já liberou o orçamento para a obra, orçada em R$ 650 milhões, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Acho que o presidente Lula vai ter que tomar uma ação em defesa da soberania e do Amazonas, que é a exoneração de Minc, que tem que pensar como brasileiro e entender que o Estado faz parte do Brasil”, defendeu, ressaltando que uma ferrovia nessas alturas do campeonato não seria viável porque a estrada está feita e o Exército está presente fazendo alguns trechos da estrada, não tem porque mudar agora.

Cieam não vê solução para a obra no curto prazo

Segundo o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Maurício Loureiro, o PIM teria ganhos logísticos razoavelmente bons no rodofluvial se tivesse uma estrada como a BR-319 interligando o Amazonas ao Brasil. “Sairíamos de 12 para dez dias porque iríamos até Belém e de lá pela BR-163 desceria em Brasília ou São Paulo”, disse, ressaltando que dois dias hoje em operação logística, em tempo, é muita coisa. “Tem também outra opção, pouco usada, que é o modal marítimo”, completou.
Loureiro não vê solução a curto prazo para resolver o problema da BR-319, porque existem dois ministérios brigando –um quer fazer e o outro não quer deixar fazer-, o que dificulta essa situação para o Estado. “Parece que, como estamos tratando de Amazonas e Amazônia –um pedaço nosso e outro de outro Estado (Rondônia)- estamos falando de uma situação que transcende o país. Como o Amazonas e a Amazônia estão num contexto internacional, de preservação, não-desmatamento, não vejo solução a curto prazo”, disse.
Quanto ao projeto de ferrovia, o dirigente disse que seria uma alternativa viável desde que fosse completa. O estudo feito pelo governo do Estado com relação à ferrovia, que definia um trecho somente e que a partir de lá seria rodoviário, não dá vantagem competitiva segundo ele. “Embora a ferrovia não vá desmatar tanto e não vá povoar como uma estrada, que faz desmatamento e gera povoamento, ela não seria viável neste momento”, disse.
Loureiro observou que a ZFM (Zona Franca de Manaus) está começando a colocar entrepostos, como o de Rezende (Rio de Janeiro), em várias partes do país. Isso significa, apontou, que do Nordeste ao Sul do país existem portos, então vai se poder usar muito mais a cabotagem –modal marítimo-, uma fonte de distribuição para o Brasil como um todo. “Isso pode ser viabilizado porque minimiza o custo de uma operação logística”, citou.

Fluxo turístico

A diretora-presidente da Amazonastur, Oreni Braga, avaliou que a BR-319 é uma estrada carreteira importantíssima até para o fluxo turístico que vem do Centro-Oeste do país. Além disso, a rodovia vai viabilizar a economia do Amazonas, porque entre colocar determinados produtos numa balsa vindo por estrada o acesso é bem menor.
Segundo Oreni, a comunicação do Estado com o Brasil vai ser melhor com a estrada porque por meio de Porto Velho a carga vai sair para o Centro-Oeste e o Sul do país. “É uma ferramenta estratégica importante para a economia e para o turismo do Estado”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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