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Cai investimento externo no Brasil

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O ingresso de recursos no país via empréstimos intercompanhia recuou 17% em dez meses deste ano. As diminuições de investimentos nos setores industrial (-24%) e agropecuário (-27%) puxaram a queda do indicador.
Com a demanda interna enfraquecida pela crise e a inconstância do câmbio, as multinacionais que operam em território brasileiro têm enviado menos dólares para suas filiais no país. De acordo com o BC (Banco Central), o aporte caiu 17%, de US$ 51,025 bilhões entre janeiro e outubro de 2014 para US$ 42,151 bilhões em igual período de 2015.
“Os empresários não sabem se, no futuro, vão conseguir repatriar mais dólares do que investiram”, explica Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia. Um dos motivos apresentados pelo especialista é a “imprevisibilidade do câmbio”. Entre janeiro e outubro deste ano, a moeda dos Estados Unidos teve cotação média de R$ 3,24, ante R$ 2,30 em igual período de 2014.
Balistiero comenta que “o momento pode ser bom para comprar empresas brasileiras, que estão baratas, mas é muito arriscado investir em produção”. Ele completa: “o fluxo intenso de capitais que tínhamos há pouco tempo é prejudicado pela economia, que segue devagar”.
Entre os setores da economia, a maior redução em termos absolutos aconteceu na indústria. Os empréstimos recuaram 24%, de US$ 32,573 bilhões para US$ 24,648 bilhões, na comparação entre dez meses de 2014 e igual período de 2015. A diminuição mais expressiva foi registrada no ramo de biocombustíveis e derivados de petróleo, com queda de US$ 16,166 bilhões para US$ 3,408 bilhões. Para Balistiero, a contração dos empréstimos para a indústria “reflete o momento atual do setor” e é um movimento “esperado”. O especialista também comenta que investir em produção de petróleo “não parece uma boa ideia nesse momento”. Além da queda no preço da commodity, ele lembra que outras fontes, como o gás de xisto nos Estados Unidos e energias renováveis em todo o mundo, tem ganhado maior espaço. “O nosso pré-sal chegou tarde”, conclui. No setor agropecuário e extrativista, a diminuição dos investimentos foi proporcionalmente maior, chegando a 27%. Entre janeiro e outubro de 2015, foram contabilizados US$ 4,397 bilhões em aportes, contra US$ 6,047 bilhões no ano passado. Os empréstimos para extração de minerais metálicos caíram para US$ 686 milhões, depois de alcançarem US$ 3,005 bilhões em 2014.
A área de serviços foi a única com aumento dos aportes. Em dez meses de 2015, os investimentos chegaram a US$ 13,107 bilhões, aumento de 6% em relação a igual período do ano passado, quando a quantia ficou em US$ 12,404 bilhões. O ramo dos transportes recebeu US$ 1,269 bilhão em 2015, ante US$ 469 milhões em dez meses de 2014.
De onde vem o dinheiro
Quase um terço dos empréstimos intercompanhias feitos em 2015 vieram dos Países Baixos. Empresas da nação onde fica a Holanda enviaram US$ 12,676 bilhões em dez meses, 30% do total. Em seguida, aparecem Estados Unidos, com US$ 5,585 bilhões (13,2%) e Canadá, com US$ 2,884 bilhões (6,8%).
Nas dez primeiras posições também aparecem economias da União Europeia, Bélgica (4ª), Alemanha (5ª), Espanha (9ª) e França (10ª); dois famosos paraísos fiscais, Luxemburgo (6ª) e Ilhas Cayman (7ª); e o Japão (8ª). A China, importante parceira econômica e país de onde vieram várias empresas que hoje operam no Brasil, figura como vigésima sexta colocada. Em dez meses de 2015, apenas US$ 165 milhões foram enviados do gigante asiático via empréstimos intercompanhias. Os países latino-americanos seguem com participação tímida. Aportes do Chile (17ª), o mais bem posicionado da região, ficaram em apenas US$ 502 milhões.

Conta financeira
O relatório de setor externo do BC de outubro mostrou também que a conta financeira teve deficit de US$ 3,581 bilhões no mês passado. Assim, o saldo negativo chega a US$ 51,129 bilhões em 2015. Em outubro do ano passado e no acumulado em dez meses de 2014, os deficit registrados foram superiores: de US$ 9,316 bilhões, e US$ 83,379 bilhões, respectivamente. O investimento direto no Brasil -onde são contados os empréstimos intercompanhias -registrado no período chegou a US$ 54,923 bilhões, ante US$ 81,094 bilhões em dez meses de 2014. E também houve diminuição dos investimentos diretos no exterior, de US$ 24,466 bilhões para US$ 11,808 bilhões em 2015.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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