Mais uma brincadeira do poder público com a questão do meio ambiente: o Bolsa Floresta. Programa criado pelo governo estadual sob a luz dos holofotes e um elaborado programa de marketing, muito mais para satisfazer a fogueira das vaidades e gerar ganhos políticos, encobrindo a inoperância de gestão do atual governo frente às demandas atuais e o planejamento estratégico, forjado nas bases de uma política sólida, em todas as áreas, inclusive a pertinência do meio ambiente para o futuro do nosso desenvolvimento sustentável. De concreto, o programa pode servir para encantar os “gringos” e iludir os neófitos com uma pseudo-política que não leva a nada. Na mesma proporção faz lembrar o episódio onde o piloto do bote usa os paramentos indígenas para transformar-se em índio guerreiro e iludir os incautos turistas nesses passeios para focar jacaré, mantidos por agências e hotéis de selva.
O programa Bolsa Floresta vai pagar 50 reais para o indivíduo não derrubar árvores. O que precisamos é de uma política séria para a questão do meio ambiente, que tem sido colocado, erroneamente, como um gargalo do desenvolvimento econômico, um fator que o engessa. Ao contrário disso, pode ser uma solução. É saber como usar os recursos naturais não infringindo a legislação ambiental. A questão atual esbarra na forma de como o poder executivo trata do assunto. A voracidade centralizadora da União, herdada dos governos militares, continua praticando atos unilaterais e deixando de lado os seus parceiros da República Federativa: os estados e os municípios. Centraliza num órgão de caráter nacional, falido, sem recursos, sem infra-estrutura e pessoal qualificado para exercer e administrar a diversidade que envolve o meio ambiente. A fúria de centralizar na União e o viés de achar que somente no seu âmbito é que se sabe das coisas e que se é capaz, fazem esquecer que a política de meio ambiente tratada pela Constituição Federal elege parceiros a União, os estados e os municípios que, de forma complementar ou suplementar ou direta, devem, no âmbito de suas competências, administrá-la e legislar sobre o assunto.
Pela norma do artigo 23, inciso 23 da Constituição Federal, é competência comum da União, dos estados e dos municípios legislar sobre a proteção do meio ambiente (…). Pelo lado do Estado a questão do meio ambiente não é priorizada. No país, muito pouco se tem apresentado como exemplo de modelo bem sucedido do uso do meio ambiente como fator de desenvolvimento sustentável. No nosso caso, além da falta de estrutura técnica e de fiscalização, faltam vontade e investimentos do governo estadual na área. A solução do impasse gerado pela questão do meio ambiente no desenvolvimento econômico pode começar na esfera do município. É no centro urbano, na comunidade, no vilarejo, que as coisas acontecem, que se vive o dia-a-dia.
A presença do homem interagindo com o meio ambiente em que vive é de fundamental importância para a execução de qualquer política governamental. Por outro lado, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) deve funcionar, verdadeiramente, como um conselho de âmbito nacional e parceiro dos seus membros – os estados e os municípios -, sem o ranço do fanatismo protecionista a qualquer custo, que prioriza somente o meio ambiente e esquece as necessidades do homem que vive e depende desse espaço geográfico. Uma sugestão para o governo do Estado: desenvolver um programa que possibilite ao município implantar uma política ambiental. Aprovar em caráter de urgência a legislação municipal; a estruturação de pequeno corpo técnico e de fiscalização e adquirir equipamentos e veículos. O custo é mínimo, mas os resultados podem ser de grande importância para alavancar o desenvolvimento e praticar o verdadeiro federalismo republicano.
Quanto ao Bolsa Floresta, está evidente que o programa não levará a nada. O meio ambiente é, acima de tudo, uma questão econômica. Imagine como ficará a nossa floresta caso acabe a Zona Franca de Manaus? Falta desen
Bolsa Floresta: engodo e faz de conta
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:
Qual sua opinião? Deixe seu comentário
Notícias Recentes
Morre o cantor Anderson Leonardo, do grupo Molejo
26 de abril de 2024
Manauara Shopping lança promoção com maior prêmio de sua história
26 de abril de 2024
Incêndio mata 10 pessoas em pousada de Porto Alegre
26 de abril de 2024
Evento destaca o turismo espanhol e busca incentivar o intercâmbio
25 de abril de 2024
Editora Valer lança mais um livro sobre as serigueiras e os seringais
25 de abril de 2024
MEI terá redução de R$ 3 no imposto mensal com reforma tributária
25 de abril de 2024